Não eram, não são e nunca serão

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Robinho e Tévez chegaram a jogar juntos no Manchester City

Divulgação/Manchester City

Um chegou a ser apelidado de Robson “Arantes do Nascimento”, sobrenome de Pelé, quando encantou o Brasil com suas pedaladas. O outro entrou para a vasta lista de candidatos a novo Maradona. Em 2003, Robinho e Tévez disputavam a final da Copa Libertadores da América como duas das maiores promessas do futebol sul-americano. Ambos davam toda a pinta de que, em pouco tempo, ganhariam o mundo. Mas o futebol é traiçoeiro. Engana, ilude, surpreende, decepciona.

Doze anos depois, Tévez não passa de mais um bom jogador. Perambulou pela Europa (quase) sempre no papel de coadjuvante. Quando se esperava que finalmente assumisse o papel de protagonista, encolheu com a camisa da Juventus, no Estádio Olímpico de Berlim, na final da Liga dos Campeões da Europa. Sentiu tanto a pressão que escolheu voltar para o seu porto seguro — o Boca Juniors. Colecionou títulos no Boca, no Corinthians, no Manchester United, no Manchester City e na Juventus, mas nunca teve para seus times o peso de um Messi ou de um Cristiano Ronaldo — com quem, aliás, conquistou a Champions League em 2007/2008.

Tévez fez menos ainda pela Argentina. É mais ídolo por lá do que Messi, mas só foi campeão nas categorias de base. Um Sul-Americano Sub-20 em 2003 e a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004. Participou de duas Copas do Mundo de forma discreta em 2006 e em 2010 e ficou fora, em 2014, porque o desafeto Messi não o queria no elenco. Jamais ganhou a Copa América e muito menos conseguiu tirar o país do jejum de títulos que se arrasta desde 1993. Quem pintou como novo Maradona jamais apareceu sequer entre os finalistas do prêmio de melhor do mundo. Talvez, neste ano, depois de ser artilheiro do Italiano e carregar a Juventus nas costas à decisão da Liga dos Campeões.

Robson “Arantes do Nascimento”, o Robinho, também cravou que seria, um dia, o melhor do mundo. Enganou bem. O Menino da Vila era o enviado dos deuses da bola para presentear o Santos com o título da Libertadores de 2003. Fracassou. Neymar, sim, daria o título ao Peixe oito anos depois, em 2011. Assim como Tévez, Robinho encheu o currículo de títulos no Santos, no Real Madrid e no Milan. Sempre como coadjuvante. Nunca foi galático no time merengue. Forçou a saída para o Manchester City — onde chegou a jogar com Tévez — e fez muito menos do que o argentino pelo clube inglês.

A melhor lembrança de Robinho na Seleção é o protagonismo na Copa América de 2007. Mas brasileiro quer saber, mesmo, de Mundial. Ele deu o azar de disputar a Copa de 2006 em um time que tinha Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Adriano e Ronaldo, é verdade. Foi condenado ao banco no auge da forma física. Quatro anos depois, fez o gol que levaria o Brasil à semifinal, mas aí o goleiro Julio Cesar e o volante Felipe Melo estragaram tudo diante da Holanda. A última chance seria em 2014. Porém, Luiz Felipe Scolari deu de ombros para a experiência.

Aos 31 anos — um a mais do que o melhor do mundo, Cristiano Ronaldo —, Robinho é jogador do Guangzhou Evergrande, da China. Não tem mais mercado em clubes de ponta da Europa. No Brasil, ninguém consegue pagar o absurdo que ele cobra. Aos 31 anos, Tévez está de volta à zona de conforto. Ao contrário do que se imaginava há 12 anos, na final da Libertadores de 2003, o futebol dele é para ser protagonista do Boca Juniors. Enquanto isso, CR7, um aninho mais novo do que Tévez e Robinho, segue jogando em alto nível na Europa, peitando Messi. Como a gente se engana.

Final da Libertadores 2003

Santos

 

Fábio Costa

Wellington, André Luís, Alex e Léo

Paulo Almeida, Renato e Fabiano

Diego

Robinho e Ricardo Oliveira

Técnico: Émerson Leão (4-3-1-2)

Santo de casa…

As melhores fases de Robinho sempre foram no Santos. Conquistou o Brasileirão em 2002 e em 2004, a Copa do Brasil em 2010 e o Paulistão em 2010 e 2015. Na Europa, foi campeão italiano e espanhol, mas jamais chegou sequer à final da Champions League.

Boca Juniors

Abbondanzieri

Ibarra, Schiavi, Burdisso e Clemente Rodríguez

Battaglia, Cascini e Cagna

Schelotto, Delgado e Tévez

Técnico: Carlos Bianchi (4-3-3)

…faz milagre

Além da Libertadores de 2003 em cima do Santos de Robinho, Tévez deu ao Boca o Mundial de Clubes no mesmo ano. Em 2004, faturou o Apertura e a Copa Sul-Americana. Na Europa, foi campeão inglês e italiano, chegou a três finais da Champions League e conquistou uma.

Coluna Máquinas do Tempo publicada na edição desta segunda do Correio Braziliense