Se a voz e o vilão não fossem os melhores brinquedos de Antonio Pecci Filho, o Toquinho, o cantor e compositor atuaria em outra arte: o futebol. Apaixonado pelo esporte bretão desde o berço e fiel ao Corinthians, o paulistano tem até um campo dos sonhos em casa. Na entrevista a seguir ao blog Drible de Corpo antes do show do último sábado no Centro de Convenções Ulysses Guimarães ao lado do tricolor Ivan Lins, Toquinho disse que já sonhou até que marcava o gol do título da Seleção em uma final de Copa do Mundo atuando ao lado de gênios da bola como o Rei Pelé e ídolos como Tostão e Rivellino. Porém, a relação dele com o futebol brasileiro está desgastada.
No bate-papo, Toquinho critica veementemente a Seleção Brasileira. Dispara que não tem nenhuma identificação com ela. Opina que Neymar teria de fazer teste para jogar nas lendárias esquadras de 1970 e 1982. Desencantado, diz que o 7 x 1 foi pouco, que o país não aprendeu com a lição dada pela Alemanha e deveria ter a humildade de contratar técnico estrangeiro.
Estrela da inesquecível mesa redonda Apito Final comandada por Luciano do Valle, Toquinho diz que Flamengo, Athletico-PR e Santos são os times mais encantadores do momento e dá até um palpite: ele acha que o rubro-negro carioca é o único capaz de quebrar o jejum do Brasil no Mundial de Clubes da Fifa. O título não vem desde o Corinthians, em 2012.
Toquinho tenta explicar por que o futebol passa tão longe da música popular brasileira e fala sobre as duas composições pessoais sobre o tema — uma para o Corinthians, time do coração — e outra para o Namorados da Noite, o time de futebol do “cartola” Toquinho.
Senhoras e senhores, com vocês, Toquinho!
O show aqui em Brasília é uma tabelinha entre o corintiano Toquinho e o tricolor carioca Ivan Lins. Qual é a sua melhor lembrança de um Corinthians x Fluminense: a invasão de 1976?
Claro que foi o jogo da invasão. Foi uma lição não somente para o Fluminense, que tinha uma timaço. Rivellino, Pintinho, era uma seleção, um time melhor que o do Corinthians. Nós ganhamos, fomos à final (contra o Internacional) do Campeonato Brasileiro (chamado Copa Brasil à época), mas simplesmente não deu certo. A invasão da torcida do Corinthians ao Rio de Janeiro foi uma coisa impressionante. O Nelson Rodrigues (tricolor) fez uma crônica e começava assim: “Acordei e não reconheci a minha cidade”. Era só branco e preto, uma coisa impressionante. Os cariocas pagavam pedágio para passar em certos lugares (risos). O Corinthians é fogo, é uma nação, uma força incrível. O Fluminense tá longe disso.
João Gilberto, o homenageado do show de vocês aqui em Brasília, era um ilustre vascaíno. Foi até reverenciado pelo clube em julho deste ano, quando morreu. Falou alguma vez com ele sobre futebol?
Eu não sabia que ele era vascaíno. João Gilberto e Vinicius de Moraes não tinham muito a ver com futebol. Com ele (João Gilberto) era impossível ter conversa sobre futebol, imagino eu. Eu estive algumas vezes com João Gilberto, mas, em nenhuma delas, falei de futebol.
Qual é a composição pessoal sobre futebol que você mais gosta?
Composição pessoal sobre futebol tenho dois hinos que fiz. Um é o segundo hino do Corinthians, que era o hino da democracia do Sócrates, do Wladimir, do Casagrande, Palhinha, e foi um hino adotado pelo Corinthians. O outro é o hino do meu time (risos), o Namorados da Noite (assista ao vídeo), que é um hino muito bonito, gravado e tudo. São duas deferências que eu me orgulho muito de ter feito.
Você não acha que o tema futebol é pouco explorado pela música?
O repertório do show não tem nenhuma música sobre esporte. Infelizmente, não. Poderia até colocar, mas se eu tivesse que cantar o hino do Corinthians teria que ser em São Paulo (risos). O Lamartine Babo fez todos os hinos dos clubes do Rio de Janeiro. Foi a ligação de um compositor com o futebol. Não sei dizer por que o futebol não cabe muito na música brasileira. Acho que todo assunto de futebol é pontual, esporádico.
Tenho o maior orgulho de ter participado do Apito Final. Acho que foi uma renovação. O Luciano do Valle incluiu a música nas mesas redondas e acho que ele foi muito inovador. Depois os outros copiaram o estilo.
Fala sobre a paixão pelo Corinthians. Você nasceu Fiel ou virou Fiel?
Eu nasci corintiano. Meu pai me levava aos treinos, pequeno ainda. Tenho fotos com Gilmar, Luizinho, Cláudio, Baltazar. Ia aos treinos desde os cinco, seis anos de idade. Nasci Fiel.
O Corinthians é o último clube brasileiro campeão mundial de clubes (2012). Acha que algum outro time do país quebrará esse jejum que dura sete anos?
Pode ser que o Flamengo tenha condições de quebrar esse jejum, mas o Flamengo tem que passar ainda pelo Grêmio e depois por Boca Juniors ou River Plate. Tem que ganhar a Libertadores, que não vai ser fácil. Se passar, ganhar a Libertadores, talvez tenha condição (time) para ser campeão mundial, já que Barcelona e Real Madrid não estão (classificados, o Liverpool é o atual campeão da Champions League). É uma possibilidade o Flamengo ganhar (o Mundial), sim. Mas eu torço para o Corinthians continuar sendo o último brasileiro campeão mundial de clubes (risos).
O Lamartine Babo fez todos os hinos dos clubes do Rio de Janeiro. Foi a ligação de um compositor com o futebol. Não sei dizer por que o futebol não cabe muito na música brasileira. Acho que todo assunto de futebol é pontual, esporádico.
Você já sonhou em marcar gol em final de Copa do Mundo e tem um campo imaginário em casa que rendeu até crônica do Armando Nogueira… Como é a sua relação com o futebol?
Eu sonhei, sim. No último minuto, bater um pênalti e o Brasil ser campeão mundial. Já sonhei. Eu tenho um campo na minha casa, o campo dos sonhos. Jogo de uma forma imaginária lá com o Rivellino, com o Tostão, com o Pelé, Reinaldo, enfim. A minha relação com o futebol é muito íntima. Assisto aos jogos, sigo tudo.
Qual é a sua opinião sobre o futebol jogado hoje. O que o encanta, faz você parar tudo para assistir?
Eu acho o futebol brasileiro hoje muito aquém do que foi. A Seleção Brasileira não me anima para nada. Não tenho nenhuma identificação com ela, nada. Todos mimados, milionários e colocando o futebol em segundo plano. É assim que eu vejo. O futebol brasileiro está muito ruim. Tem três times que dão um pouco mais de prazer de ver. Pela ordem: Flamengo, Athletico Paranaense e um pouco abaixo o Santos. Jogam para ganhar e dão um pouco mias de alegria. Tirando esses três, a qualidade técnica é muito baixa.
Qual é o time brasileiro que “joga por música”?
Não sei se por música, mas o Flamengo é forte, um time armado, tem um técnico bom (o português Jorge Jesus), mas aquela coisa de jogar por música, o futebol brasileiro está longe disso hoje.
Eu tenho um campo na minha casa, o campo dos sonhos. Jogo de uma forma imaginária lá com o Rivellino, com o Tostão, com o Pelé, Reinaldo, enfim. A minha relação com o futebol é muito íntima. Assisto aos jogos, sigo tudo.
Você sempre foi um torcedor crítico da Seleção, inclusive no Apito Final, a histórica mesa redonda comandada por Luciano do Valle na Band durante a Copa de 1998. Qual é a sua avaliação sobre o momento da Seleção do Tite?
Eu acho a nossa Seleção ruim. Pô, não me emociona nada aquele time lá, pelo amor de Deus. Tem jogadores que até são bons, mas o conjunto da obra não dá, não me emociona nada. Aquele ataque, nada. Tirando o Neymar, que teria de fazer teste ainda, jogaria na Seleção de 1970. Imagina! Todo esse pessoal que joga no Brasil, hoje, seria reserva do reserva em 1970, em 1982. Não chegariam nem perto de serem escolhidos. Então, para mim, estamos jogando com o terceiro time do que seria em 1982 e em 1970. Não chegariam nem perto do estádio.
O 7 x 1 é a maior desafinada que você viu no futebol?
Eu acho que foi pouco o 7 x 1. Tinha que ser mais, uns 10 mais ou menos, para ver se o Brasil aprende a se renovar taticamente, a ter uma estrutura não corrupta, a ser humilde e contratar um técnico de fora para ter uma noção do futebol atual. 7 x 1 foi pouco. Deveria ter sido 10, 11, aí, talvez, eles teriam vergonha para reformular uma série de coisas.
O futebol brasileiro está muito ruim. Tem três times que dão um pouco mais de prazer de ver. Pela ordem: Flamengo, Athletico-PR e um pouco abaixo o Santos. Jogam para ganhar e dão um pouco mias de alegria. Tirando esses três, a qualidade técnica é muito baixa. Não sei se por música, mas o Flamengo é forte, um time armado, tem um técnico bom (o português Jorge Jesus), mas aquela coisa de jogar por música, o futebol brasileiro está longe disso hoje.
Você participou da histórica mesa redonda Apito Final em nas Copas de 1994 e 1998. Quais são as lembranças daquela turma?
Tenho o maior orgulho de ter participado do Apito Final. Acho que foi uma renovação. O Luciano do Valle incluiu a música nas mesas redondas e acho que ele foi muito inovador. Depois os outros copiaram o estilo. Tenho lembranças maravilhosas. Era uma mesa com Rivellino, Mário Sérgio, Luciano do Valle, Silvio Luiz, Armando Nogueira, Zico. Era uma maravilha. Foi um grande aprendizado.
Eu acho a nossa Seleção ruim. Pô, não me emociona nada aquele time lá, pelo amor de Deus. Tem jogadores que até são bons, mas o conjunto da obra não dá, não me emociona nada. Aquele ataque, nada. Tirando o Neymar, que teria de fazer teste ainda, jogaria na Seleção de 1970. Imagina! Todo esse pessoal que joga no Brasil, hoje, seria reserva do reserva em 1970, em 1982.
O doutor Sócrates um dia cantou “Corinthians do meu coração”. Era melhor cantando ou jogando?
O doutor Sócrates gravou comigo o hino do Corinthians, aquela parte (…) Corinthians do meu coração (…). Ele era melhor jogador do que cantor (risos).
A Europa ganhou as últimas quatro Copas do Mundo: Itália, Espanha, Alemanha e França. Acha que ainda é possível alguma seleção sul-americana desbarcar o Velho Mundo?
Você vê como o futebol sul-americano está defasado. As últimas seleções (campeãs, Itália, Espanha, Alemanha e França), a final da Copa da Rússia (França x Croácia). As últimas seleções campeãs (Itália, Espanha, Alemanha e França), a final da Copa da Rússia (França x Croácia). O futebol sul-americano está defasado taticamente. Eu repito: 7 x 1 foi pouco.
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