Como Mano Menezes passou de técnico do bi mundial do Flamengo a maior carrasco da era Eduardo Bandeira de Mello

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Sem querer, querendo, o técnico Mano Menezes vai se tornando o maior carrasco dos seis anos de administração do presidente Eduardo Bandeira de Mello. Aliado dos planos de grandeza do Flamengo — incluindo a gravação de uma campanha publicitária que projetava o clube carioca bicampeão do mundo sob seu comando, com a ajuda  dos sócios-torcedores (veja o vídeo abaixo) —, o técnico virou uma espécie de carrasco, vilão — o destruidor dos sonhos rubro-negros.

Em 2013, o técnico abandonou o Flamengo de forma surpreendente durante o Campeonato Brasileiro depois de sofrer uma virada de 4 x 2 do Atlético-PR, no Maracanã. No ano passado, conquistou a Copa do Brasil em cima justamente do ex-time. Nesta quarta-feira, eliminou o adversário nas oitavas de final da Copa Libertadores da América. Se o Cruzeiro passar pelo Palmeiras, e o Flamengo despachar o Corinthians, Mano terá a oportunidade de levar a equipe mineira — de quem o Flamengo é freguês — ao bicampeonato da Copa do Brasil.

Mano Menezes dificilmente voltará a trabalhar no Flamengo. Virou persona non grata no clube e entre os torcedores depois do pedido de demissão em 2013. No entanto, Mano é um parâmetro do nível de seriedade que uma diretoria deve dar a uma vaga para a Copa Libertadores da América. A melhor campanha do treinador gaúcho é o vice-campeonato em 2008 à frente do Grêmio, quando perdeu o título para Boca Juniors, mas o treinador tem experiência em copas — justamente o que tem faltado aos técnicos escolhidos pelo Flamengo para comandar o time no torneio continental.

Somente neste século, o Flamengo foi eliminado pela quarta vez sob a batuta de um treinador neófito na função ou em participações na Libertadores. Foi assim com Maurício Barbieri nesta quarta, com Zé Ricardo em 2017; Jayme de Almeida em 2014; Andrade e Rogério Lourenço em 2010; Ney Franco em 2007; e João Carlos e Carlos César em 2002. É muita escolha errada! O nome mais experiente nesses 18 anos (oito participações no torneio) foi Joel Santana, eliminado nas oitavas em 2008 e na primeira fase em 2012.

NO SÉCULO
Técnicos do Flamengo nas eliminações da Libertadores
  • 2002: João Carlos e Carlos César (fase de grupos)
  • 2007: Ney Franco (oitavas)
  • 2008: Joel Santana (oitavas)
  • 2010: Andrade e Rogério Lourenço (quartas)
  • 2012: Joel Santana (fase de grupos)
  • 2014: Jayme de Almeida (fase de grupos)
  • 2017: Zé Ricardo (fase de grupos)
  • 2018: Maurício Barbieri (oitavas)

Maurício Barbieri não faz um mau trabalho no Flamengo, mas é inexperiente. Não tinha bagagem e o conhecimento necessários para comandar o time, mas o mantra de que técnicos que assumiram o time por acaso costuma dar certo ainda impera no clube. Um legado que vem desde 1981, quando Paulo César Carpegiani assumiu a prancheta de uma hora para a outra e conquistou os títulos continental e mundial. Heranças dos tempos de Carlinhos, de Andrade, responsáveis por três títulos brasileiros. A superstição nem sempre rende troféus.

O vasto repertório de técnicos inexperientes comandando o Flamengo na Libertadores tem que ser colocado na balança pela próxima diretoria rubro-negra. Milagres acontecem, mas uma competição da relevância da Libertadores não é para “técnico-trainee”. O maior carrasco da gestão Eduardo Bandeira de Mello entre os técnicos deixou a lição. E, quem sabe, pode repeti-la em uma eventual revanche da Copa do Brasil.

Quer uma última prova de que não se entrega uma vaga na Libertadores nas mãos de qualquer técnico? Anota aí quem foram os últimos treinadores brasileiros campeões do torneio: Renato Gaúcho (2017), Cuca (2013), Tite (2012), Muricy Ramalho (2011), Celso Roth (2010), Abel Braga (2006), e Paulo Autuori (2005). Que a próxima administração do Flamengo aprenda essa e outras lições. Afinal, a escolha do técnico está longe de ser o único motivo dos fracassos em série do clube na traumática Libertadores.

Marcos Paulo Lima

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