Mano Menezes do Campeonato Brasileiro precisa se inspirar no Mano Menezes da Copa do Brasil

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Continuo achando Mano Menezes preguiçoso nas disputas do Campeonato Brasileiro. O terceiro lugar à frente do Grêmio, em 2008; e do Corinthians, em 2010, é pouco para quem já deveria estampar o título da Série A no currículo há muito tempo. No entanto, quando o assunto é a Copa do Brasil ou qualquer outro torneio no sistema de mata-mata, o treinador de 57 anos se transforma — e aí, sim, tiro o chapéu. A vitória por 3 x 0 sobre o Atlético-MG é mais uma prova.

A menos que o velho mantra “eu acredito” do Atlético-MG volte a funcionar na partida de volta, no Independência, Mano Menezes chegará às semifinais da Copa do Brasil pelo quarto ano consecutivo. Foi eliminado pelo Grêmio em 2016 e conquistou o inédito bicampeonato em 2017 contra o Flamengo e em 2018 diante do Corinthians.

O desempenho na Copa do Brasil contrasta com os resultados recentes no Brasileirão dos pontos corridos. Fechou em 12º na edição de 2016, em quinto na versão de 2017, em oitavo em 2018 e passou a Copa América na zona de rebaixamento, em 18º lugar.

A vitória sobre o Atlético-MG teve um velho truque usado por Mano Menezes, principalmente, no título de 2017 contra o Flamengo: a falta de e um homem de referência no comando do ataque, o chamado centroavante. O treinador deixou Fred no banco de reservas e apostou em Pedro Rocha. Com isso, ganhou mobilidade no setor ofensivo. Fred entrou em campo no segundo tempo quando o jogo estava resolvido.

Mano explicou a barração de Fred depois da vitória. “Eu, como todas as pessoas que tomam decisões importantes, às vezes acordo às três ou quatro da manhã e fico pensando por uma ou duas horas no que pode ser feito. Às vezes dá certo, outras vezes não (…). Nos treinos da semana, na parte final, tirei o Fred e coloquei o Pedro. Chamei os três jogadores (Fred, Pedro Rocha e Sassá) e disse que passaria isso a eles na quarta-feira. Antes do treino de bola parada ofensiva, falei ao Fred que minha opção seria o Pedro no lugar dele. A vida é essa mesmo, é tentar trabalhar e tomar a decisão correta baseado no que a equipe precisa. Ou ia dar velocidade pelo lado ou na última linha. Optei pela última linha para não mexer na estrutura da equipe. Se tirasse Robinho, ia alterar a estrutura, não seria produtivo”, alegou na entrevista coletiva em Belo Horizonte.

O treinador usou a mesma fórmula na Seleção Brasileira em 2012. Não convocou Fred para os amistosos contra África do Sul e China, armou o ataque sem referência, com Lucas Moura, Neymar e Hulk para ganhar velocidade no ataque, e irritou Fred. No auge da era Messi na função de falso nove no Barcelona, improvisou Neymar.

“Eu nem penso em Seleção enquanto o Mano estiver lá. Desde aquele jogo contra o México, em que ele estava sem centroavante e colocou o Lucas para jogar de costas para o gol, eu fiquei no banco e nem entrei. Ali eu vi que realmente o Mano não gosta do meu trabalho”, disparou o então capitão do Fluminense. “Sou atacante, vivo de gols, estou fazendo, e não sei mais o que ele quer. Respeito a decisão, mas, enquanto o Mano estiver no comando, não crio mais expectativas”, desabafou Fred em 2012.

Fred não marca há 10 jogos pelo Cruzeiro. O último gol saiu em 23 de abril na vitória por 2 x 0 sobre o Deportivo Lara na fase de grupos da Libertadores. Nos bastidores, há questõe como o suposto atraso no pagamento dos direitos de imagem do camisa 9 e o assédio da nova cúpula do Fluminense ao ídolo. Pedro Rocha não tem nada a ver com isso. Ganhou a posição, deu profundidade ao Cruzeiro, fez o primeiro gol, deixou Thiago Neves de frente para a rede depois de roubar a bola de Zé Wellison e virou o nome da noite no Mineirão.

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Marcos Paulo Lima

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