As histórias de Julio Cesar e de Diego Alves se cruzam há 10 anos. Os goleiros do Flamengo já trabalharam juntos na Seleção Brasileira. Concorreram em dois ciclos de Copa do Mundo. Um foi titular em 2010 e em 2014. O outro ficou fora dos dois mundiais, mas ainda sonha com a Rússia.
No momento em que Diego mais precisa de sequência de jogos para se firmar com a camisa 1 do Flamengo e, a partir daí, convencer Tite a apostar nele como reserva de Alisson e de Ederson, Julio Cesar retorna ao clube que o revelou, provavelmente, para ser o titular no restante do Carioca.
Não há motivo para crise ou ataque de ciúmes entre os dois, longe disso, mas Julio Cesar é meio que um “fantasminha nada camarada” na vida de Diego Alves. Cruza o caminho dele em momentos decisivos. Em 2008, por exemplo, Diego foi reserva de Julio Cesar em amistosos da Seleção de Dunga contra a Suécia e o Canadá. Também sentou-se no banco em duas partidas das Eliminatórias, contra o Paraguai e a Argentina. Com idade olímpica, disputou os Jogos de Pequim-2008, mas, na época, a titularidade de Julio Cesar no elenco principal de Dunga era mais do que justa .
Além de ser intocável nas traves da Internazionale e da Seleção, Julio Cesar colecionava troféus: campeão da Champions League, do Campeonato Italiano e da Copa Itália em 2010 — tudo isso um mês antes de falhar contra a Holanda nas quartas de final do Mundial da África do Sul.
O erro de Julio Cesar despertou o sonho de Diego Alves e outros tantos goleiros de herdar a camisa 1. Frustrado por não ter ido à Copa de 2010 — os reservas eram Gomes e Doni — Diego Alves começou a era Mano Menezes em alta. Foi até convocado para aquele período de treinos da Seleção Brasileira na casa do Barcelona.
No primeiro amistoso de 2011, eis que Mano Menezes ressuscita Julio Cesar contra a França. Na primeira competição oficial depois do Mundial, Julio Cesar foi titular na Copa América de 2011, na Argentina. Diego Alves não conseguiu vaga sequer entre os reservas. Jeferson e Victor ganham as vagas.
Depois da nova frustração, Diego Alves terminou aquele ano titular nos últimos dois amistosos. Mano o observou como camisa 1 nas vitórias sobre o Gabão e o Egito. Porém, no primeiro jogo de 2012, Diego voltou a ser reserva de… Julio Cesar no triunfo sobre a Bósnia e Herzegóvina. O titular falhou novamente e perdeu definitivamente a confiança de Mano Menezes.
Como Julio Cesar caiu no esquecimento, Diego Alves teve um novo “boom” na Seleção durante o segundo semestre de 2012. Mano deu sequência de jogos ao goleiro. Ele foi titular contra África do Sul, China, Iraque, Japão e Colômbia. Encerrou a série de amistosos convicto de que estaria no grupo para a Copa das Confederações de 2013.
Mas aí, a CBF demitiu Mano Menezes, contratou Luiz Felipe Scolari e Diego Alves passou a ser reserva sabe de quem??? De Julio Cesar! Foi assim em março de 2013, no primeiro amistoso da segunda era Scolari. Preterido por Jefferson e Victor, Diego Alves ficou fora das copas das Confederações e do Mundo. Viu os torneios do sofá.
Depois da Copa de 2014, Diego Alves voltou a ser chamado por Dunga, disputou a Copa América Centenário de 2016 como reserva de Alisson, ganhou oportunidade com Tite e tem, talvez, a última chance de realizar o sonho de disputar a Copa do Mundo.
Quando estiver totalmente recuperado da lesão sofrida na semifinal da Copa Sul-Americana, qualquer jogo — inclusive do Carioca — será importante para a realização do projeto pessoal. Alisson e Ederson são nomes certos na lista final de Tite. Falta uma vaga, cujo favorito é Cássio. Porém, Diego sabe que continua na briga. Do nada, surge novamente o fantasminha Julio Cesar para dividir espaço e holofote com ele no Flamengo.
Ídolo revelado no clube, o goleiro tem o apoio da “Nação”, o que Diego Alves começava a conquistar quando se machucou. Portanto, uma, duas ou três excelentes atuações de Julio Cesar podem virar um problemão para o técnico Paulo Cesar Carpegiani e, principalmente, para o projeto particular de Diego Alves transformar a titularidade absoluta no Flamengo em trampolim para a Copa da Rússia. A ver…