Usar Endrick aberto na direita parece blasfêmia. Uma heresia tática. Não quando você associa Abel Ferreira a um dos mentores dele. O técnico do Palmeiras é fã de carteirinha de José Mourinho. E daí? E daí que o Special One fez com Samuel Eto’o o mesmo que o comandante alviverde tenta com a joia da academia de futebol.
Na temporada de 2009/2010, José Mourinho contava com um centroavante argentino em excelente fase. Diego Milito havia encaixado no sistema de jogo da Inernazionale. Entregou 30 gols: 22 no Italiano, 6 na Champions League e 2 na Copa Itália. Paralelamente, ele havia recebido o também centroavante Samuel Eto’o, um dos símbolos dos títulos europeus do Barcelona em 2006 e em 2009 com a camisa do Barcelona.
Um dos desafios de José Mourinho era acomodar Eto’o e Diego Milito no mesmo time. A solução tática foi convencer o camaronês a jogar aberto pela direita e deixar o argentino no papel de homem de referência dentro da área. O 4-2-3-1 no posicionamento defensivo alternado com o 4-3-3 na posse da bola deixava a Inter com Eto’o, Milito e Pandev na frente. Sem a bola, Pandev e Eto’o recuavam para alinhar com Sneijder no meio de campo e mais dois volantes atrás deles: Zanetti e Cambiasso.
Quando a Inter não tinha a bola, Eto’o auxiliava o lateral Maicon e o volante Zanetti na marcação. Um jogo histórico ilustra bem a função do camaronês. Eto’o virou praticamente um lateral-direito na semifinal da Champions League de 2009/2010 contra o Barcelona, no Estádio Camp Nou. A expulsão precoce de Thiago Motta o obrigou a se desdobrar. A Inter elimina o Barcelona de Pep Guardiola e conquista o título contra o Bayern de Munique. Coadjuvante, Eto’o viu Diego Milito fazer os dois gols no Estádio Santiago Bernabéu.
A inspiração de Abel Ferreira para posicionar Endrick aberto na direita pode ser Mourinho. Assim como o compatriota, ele precisa acomodar Flaco López e Endrick no time. O centroavante começou bem a temporada. Por sua vez, a cria do Palmeiras foi o artilheiro, o cara da conquista alviverde no Campeonato Brasileiro de 2023.
Endrick iniciou o empate por 1 x 1 com o São Paulo aberto na direita no 4-2-3-1. Cumpria função de atacar e defender. Marcar o lateral-esquerdo Wellington. Confrontava também com Ferreira. o sistema mutante também virava 3-4-2-1 com Piquerez e Endrick nos papéis de alas. O plano de Abel não funcionou. Foi na verdade um desperdício de talento. Parte da torcida alviverde está pistola com Abel pela escolha. Deseja ver Endrick no papel de centroavante. No entanto, Flaco López é o artilheiro do time no ano com 7 gols. Saiu do campo indignado ao ser substituído por Rony. Imagina se for sacado de vez…
O posicionamento de Endrick no clássico é apenas um dos debates importantíssimos do bom clássico no Morumbi. Thiago Carpini mais uma vez fez boa leitura tática do planejamento de Abel Ferreira. O tricolor poderia ter vencido o clássico se a arbitragem não tivesse influenciado diretamente no resultado. Se o problema do apito fosse somente no Paulistão estava fácil de resolver. Está ruim de norte a sul, leste a oeste do país.
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