Imponência de Flamengo e Atlético-MG na Libertadores permite sonhar com revanche de 1981

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Flamengo de Gabigol sentou na casa do Olimpia, em Assunção. Christian Alvarenga/AFP

 

Flamengo e Atlético-MG são os protagonistas da maior rivalidade nacional do nosso país. A origem é a final do Campeonato Brasileiro de 1980. O ápice, o duelo do Serra Dourada pela fase de grupos da Libertadores de 1981. Por sinal, o jogo polêmico em que os torcedores do Galo acusam árbitro José Roberto Wright de beneficar o clube carioca completará 40 anos no próximo dia 21. Mas este post não é sobre o passado, mas o presente de dois timaços.

Está cedo, mas não é exagero vislumbrar um reencontro de Flamengo e Atlético-MG na final deste ano da Libertadores, em 20 de novembro, no Estádio Centenário, em Montevidéu. Ambos praticam o melhor futebol do torneio até a partida de ida das quartas de final, mas vamos separar os caminhos que podem levá-los ou não ao Uruguai daqui a três meses.

O Flamengo trilha um caminho traiçoeiro. Passou facilmente pelo Defensa Y Justicia nas oitavas, encaminhou a classificação para a quinta semifinal do clube na história ao golear o Olimpia por 4 x 1 nesta quarta, em Assunção, mas há problemas a solucionar antes do possível duelo com Barcelona de Guayaquil ou Fluminense na semifinal.

Renato Gaúcho precisa dar consistência ao Flamengo. Achar o ponto de equilíbrio entre um ataque avassalador, isso é indiscutível, e um sistema defensivo que torna jogos fáceis como o de ida contra o Olimpia em uma insanidade. Embora o time paraguaio seja frágil, ofereceu dificuldades ao Flamengo no primeiro tempo e alguns momentos da etapa final. Se não fosse a intervenção do VAR e o cancelamento da expulsão de Filipe Luís, a história da partida poderia ter sido outra.

A grande é questão é: quais serão os recursos de Renato Gaúcho quando ele se deparar com um “Jorge Jesus” da vida na Libertadores. Claro, o português é único. A pergunta diz respeito a duelo com um professor criativo, ou seja, capaz de oferecer armadilhas. O Inter de Diego Aguirre não goleou o Flamengo por acaso no domingo. Explorou fragilidades.

O Internacional explorou os lances em cima de Filipe Luís. Investiu nos lances de bola área. O Olimpia estudou tudo isso e fez o mesmo. Atormentado por Taison no fim de semana, o lateral-esquerdo rubro-negro recebeu cartão amarelo no Paraguai, quase foi expulso, começou a etapa final pendurado e foi trocado pelo promissor Ramon.

O Olimpia também explorou o velho drama da bola áerea. Léo Pereira tem culpa no gol de Iván Torres. Indeciso na marcação, deixou Isla sozinho com dois adversários. Renato tem dificuldade para planejar a marcação nas bolas aéreas. Jorge Jesus explorou isso no 5 x 0 de 2019. Abel Ferreira também na decisão da Copa do Brasil do ano passado diante do Grêmio.

As bolinhas do sorteio traçaram um caminho mais fácil para o Flamengo, mas traiçoeiro. A torcida merece comemorar, soltar fogos, mas recomenda-se tudo isso com moderação. Há problemas graves a solucionar e a partida de volta, em Brasília, passa a ser importante para tornar a equipe consistente. para a semifinal. Renato diz que a derrota para o Inter foi um acidente de trabalho. É possível recuperar pontos em competições por pontos corridos. No mata-mata, não. Sofrer 4 x 0 numa partida de ida pode significar adeus ao sonho do tri.

Talvez a consistência do Flamengo passe por uma decisão impopular. Renato Gaúcho mexeu em um legado da Era Rogério Ceni, mas mantém outro intocável. Willian Arão deixou a zaga e voltou ao papel de volante depois da saída de Gerson. Diego está mantido no meio de campo como volante. Thiago Maia, João Gomes e Hugo Moura são alternativas.

 

Festa para o gol de Nacho Fernández na vitória contra o River Plate. Foto: Pedro Souza/CAM

 

O Atlético-MG vive o outro lado da moeda. Pegou caminho fortíssimo até a final. Se for a Montevidéu, o Galo terá passado por Boca Juniors, River Plate e São Paulo ou Palmeiras na fase de mata-mata. Combates como esses fortalecem a ideia de jogo. São capazes de manter o time ligado nos 220v. Dão carapaça ao time para se blindar contra concorrentes.

Guardadas as devidas proporções, o Atlético teve uma exibição de Palmeiras, aquele da partida de ida na semifinal da temporada passada contra o River Plate. Tomou conta do jogo graças, principalmente, ao herói Nacho Fernández, ex-jogador do time argentino. Hulk também teve uma exibição de gala em Buenos Aires. O goleiro Ederson nem se fala.

A exibição do Galo no segundo tempo é o mundo ideial para quem planeja o bicampeonato. Mas um River Plate do outro lado. Na temporada passada, o time argentino perdeu o jogo de ida por 3 x 0 para o Palmeiras, em casa, fez 2 x 0, em São Paulo, e ficou por um gol de eliminar o time alviverde dentro do Allianz Parque. Era outro time, claro. Inclusive com Nacho Fernández do lado do River. Expulso nesta quarta, ele está fora do confronto de volta, no Mineirão. Certamente fará muita falta no reencontro do time com a massa.

 

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