Guia do Sul-Americano Sub-20 2017

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Ficou mal acostumado com a conquista da inédita medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio-2016? Já está pensando no bi? Então fique de olho, a partir de hoje, no Sul-Americano Sub-20 do Equador, na molecada que pode representar o Brasil em Tóquio-2020 daqui a três anos. Recordista de títulos do torneio com 11 troféus, a Seleção estreia às 22h15 contra os donos da casa. A missão é quebrar um tabu de duas edições. Na sequência do Grupo A, enfrenta o Chile (20/1), o Paraguai (22/1) e a Colômbia (24/1). A última taça foi em 2011, com a geração de Neymar e Casemiro — ambos titulares do técnico Tite na esquadra principal.

Comandante do ouro inédito, Rogério Micale é o responsável por brindar o país com o 12º título. Depois de ser vice no Pan de Toronto-2015 e no Mundial Sub-20 da Nova Zelândia no mesmo ano, o treinador finalmente ganhou o maior título da carreira em trabalhos nas divisões de base. Micale poderia ter como aliados no projeto do Sul-Americano os Gabriéis Jesus e Barbosa, por exemplo, mas ambos queimaram etapas e já são marmanjos do Manchester City e Internazionale, respectivamente.

O elenco conta com boas promessas. Campeão da Copinha no ano passado com o Flamengo, Felipe Vizeu assumiu a camisa 9. O rubro-negro ainda cedeu o camisa 10, Lucas Paquetá, e Matheus Sávio. O Corinthians tem um quarteto no grupo: Guilherme Arana, Léo Santos, Maycon e Léo Jabá. Micale também conta com a joia David Neres, do São Paulo. Destaque do Vasco na Série B do ano passado, Douglas Luiz é outa aposta canarinha. Entre os estrangeiros, estão Lucas Cunha (Sporting Braga), Rogério (Juventus), Caio Henrique (Atlético de Madri) e Allan (Hertha Berlim). O Bordeaux não liberou o garoto Malcom, ex-Corinthians.

Dos 10 países candidatos ao título, apenas quatro já foram campeões: Brasil, Uruguai, Argentina, Colômbia e Paraguai. Portanto, historicamente, dificilmente o vencedor em 2017 não será um deles.  O formato de disputa continua o mesmo: dois grupos com cinco seleções cada. Os três melhores de cada chave avançam ao hexagonal final. Os quatro melhores se classificam para o Mundial Sub-20 da Coreia do Sul, de 20 maio a 11 de junho deste ano.

O Sul-Americano Sub-20 começa hoje e vai até 11 de fevereiro, no Equador, em quatro cidades: Quito, Ambato, Riobamba e Ibarra. O torneio vai ser transmitido pelos canais SporTV. Nas edições anteriores disputadas no Equador, os campeões foram Uruguai (1981) e Brasil (2001), com um time que tinha como destaque o centroavante Adriano, o Imperador.

A seguir, o blog oferece um pequeno Guia da versão 2017 do Sul-Americano Sub-20.

» GRUPO A

BRASIL

Recordista de títulos, com 11 troféus, a Seleção Brasileira não conquista o título desde 2011, quando a geração de Neymar, Casemiro e Lucas Moura pintou o sete no Peru. Responsável pela inédita medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio-2016 e atual vice-campeão mundial Sub-20, Rogério Micale é um dos diferenciais do time que chega para quebrar o jejum. Revelação do Flamengo em 2016 no título da Copa São Paulo de Futebol Júnior e depois no Brasileirão, como reserva de Paolo Guerrero, o centroavante tem a missão de suprir a ausência de Gabriel Jesus. Campeão brasileiro pelo Palmeiras e vendido ao Manchester City, o moleque queimou etapas e já veste a camisa 9 da Seleção principal de Tite nas Eliminatórias.  O capitão Caio Henrique, do Atlético de Madri, da Espanha, é outro do destaque no elenco de Micale.

Time-base (4-3-3)

Cleiton

Dodô, Lyanco, Léo Santos e Guilherme Arana

Caio Henrique, Douglas Luiz e Giovanny

David Neres, Felipe Vizeu e Richarlison

Olho nele: Felipe Vizeu

Técnico: Rogério Micale

Funcionário da CBF desde 2015, depois de realizar bons trabalhos nas divisões de base do Atlético-MG, do Figueirense e de outros clubes, poderia ter dado um salto na carreira para comandar times profissionais, mas preferiu continuar revolucionando a base da Seleção com suas ideias. Bateu na trave na final do Mundial Sub-20 de 2015 ao perder para a Sérvia. A prata no Pan de Toronto-2015 também serviu como experiência para a maior glória da carreira, o ouro na Rio-2016. A meta, agora, é ir à Coreia do Sul em busca do título do Mundial Sub-20. Para isso, usa como base Flamengo e Corinthians, finalistas da Copinha em 2016.

CHILE

Embora seja bicampeão da Copa América com a seleção principal, o vice-campeonato em 1975 e o terceiro em 1995 são os melhores resultados do Chile no Sul-Americano Sub-20. Para variar, vem para brigar por uma vaga ao hexagonal e depois por uma vaga ao Mundial Sub-20.

Time-base (4-2-3-1)

Manosalva

Rebolledo, Sierralta, Kimura e Cristián Gutiérrez

Cuadra e Gabriel Suazo

Ángelo Araos, Jeisson Vargas e Dávila

Ignacio Jara

Olho nele: Jeisson Vargas

Atua como meia centralizado ou aberto na esquerda, onde, aliás, ele prefere. Cria da Universidad Católica, foi vendido ao Bologna. O clube italiano o emprestou ao Estudiantes, da Argentina. Conduz a bola com facilidade e tem chutes venenosos de média distância.

Técnico: Héctor Robles

Ídolo do Santiago Wanderers, aposentou-se em 2007. Depois de três experiências como técnico interino do Valparaiso, em 2007, 2011 e 2014, chamou a atenção da Federação Chilena, que o convidou para tocar o projeto da seleção sub-20.

COLÔMBIA

Quem contabiliza três títulos (1987, 2005 e 2013) e dois vices (1988 e 2015) não chega ao Equador para brincar em serviço. A Colômbia é uma das favoritas ao título. A tendência é que fique com uma das quatro vagas do continente para o Mundial Sub-20 da Coreia do Sul.

Time-base (4-4-2)

Luís García

Chaverra, Cuesta, Segura e Lucumí

Camilo Hernández, Atuesta, Kevin Balanta e Juan Pablo Ramírez

Julián Quinõnes e Damir Ceter

Olho nele: Damier Ceter

Contratado recentemente pelo atual campeão colombiano, Independiente Santa Fe, é considerado um provável sucessor de Falcao García. Atua como centroavante e tem faro de gol. Balançou a rede 14 vezes em 25 partidas no ano passado pelo Deportes Quindío.

Técnico: Carlos Restrepo

Responsável pelo excelente trabalho nas divisões de base da Colômbia, era o comandante da seleção nos Jogos Olímpicos do Rio-2016, quando foi eliminado pelo Brasil nas quartas de final em uma partida tensa e violenta disputada na Arena Corinthians, em Itaquera.

EQUADOR

As melhores campanhas foram o quarto lugar nas edições de 1992, 1995 e 2011. A geração atual vem de um terceiro lugar no Sul-Americano Sub-17 de 2015. Pelo que diz o técnico Javier Rodríguez, a ideia é brigar pelo título, mas uma vaga para o Mundial Sub-20 que será disputado no meio do ano, na Coreia do Sul, pode ser considerado título.

Time-base (4-4-2)

Cevallos

Castillo, Segovia, Quintero e Estupiñan

João Rojas, Sebastián Méndez, Jordan Sierra e Bryan Cabezas

John Pereira e Jordy Caicedo

Olho nele: Bryan Cabezas

Aos 19 anos, o meia-atacante de 1,80m nascido em Quevedo, no Equador, joga no exterior. Defende a Atalanta, da Itália, mas não teve muitas chances devido a uma contusão que afetou seu processo de adaptação. Foi vice da Libertadores em 2016 pelo Independiente del Valle.

Técnico: Javier Rodríguez

Foi promovido da seleção Sub-17 para a Sub-20 depois da queda de Sixto Vizuete, demitido após a má campanha do Equador no Sul-Americano Sub-20 de 2015, no Uruguai.

PARAGUAI

Campeão em 1971, o Paraguai sofre com uma grave crise de troca de geração. A seleção principal envelheceu e não acha substitutos à altura para honrar um país que chegou às quartas de final na Copa de 2010. Depois da ausências no Mundial de 2014, no Brasil, e provavelmente no de 2018, na Rússia, a aposta no futuro é no sucesso do elenco Sub-20.

Time-base (4-4-2)

Arzamendia

Rodi Ferreira, Meza, Salcedo e Blas Riveros

Josué Colmán, Cristian Paredes, Villasantí e Jesús Medina

Julio Villalba e Sebastián Ferreira

Olho nele: Josué Colmán

Sonho de consumo do Valencia, da Espanha, o baixinho do Cerro Porteño é o protagonista. Destaque do Sul-Americano Sub-17 em 2015, arrebentou no último semestre. Fez três gols e deu seis assistências em 16 jogos. Foi destaque também na Sul-Americana.

Técnico: Alcides Sarabia

Lembra dele? Disputou a Copa do Mundo em 1998 e em 2002 com a seleção do Paraguai. Como técnico, ganhou o Apertura e o Clausura com o Libertad, em 2014. O trabalho à frente da seleção sub-20 ainda é recente e pode atrapalhar. Começou em 20 de julho de 2016.


» GRUPO B

ARGENTINA

Pentacampeã na categoria e vice seis vezes, é sempre uma das favoritas. Defende o título depois da conquista no Uruguai, em 2015. Mais importante do que o hexa é a reconstrução das divisões de base depois de uma era dourada protagonizada por José Pekerman. A AFA está mergulhada na crise depois da morte do quase eterno presidente Julio Grondona e precisa de resultados imediatos para acalmar o humor de dirigentes que não se cansam de bater cabeça.

Time-base (4-2-3-1)

Macagno

Molina, Zalazar, Romero e Lisandro Martínez

Chicco e Ascacibar

Lautara Martínez, Barco e Lucas Rodríguez

Marcelo Torres

Olho nele: Ascacibar

Se no Brasil nós temos nós temos uma compulsão por camisas 10, na Argentina, eles veneram um camisa 5. O Redondo ou Mascherano da vez, como queiram, é Santiago Ascacibar, cria do Estudiantes de La Plata, cujo presidente e jogador é Sebastián Verón. Soma 40 jogos no Campeonato Argentino e experiência na Rio-2016. Tudo isso com apenas 19 aninhos…

Técnico: Claudio Úbeda

Perdidinha da Silva na escolha do técnico da seleção principal, comandada por Edgardo Bauza, a AFA também não sabia o que fazer com a Sub-20. Depois de tanto bater cabeça, delegou o cargo a Claudio Úbeda, um treinador com breve passagem pelo Deportes Magallanes. Pesou muito mais na escolha o fato de ter sido auxiliar de Alfio “Coco” Basile no Racing.

BOLÍVIA

Nunca incomodou ninguém na história do Sul-Americano Sub-20. Não vai ser agora. Mais uma vez chega ao torneio para participar da fase de grupos. Atingir o hexagonal final seria um feito para quem no máximo terminou em quarto lugar nas longínquas edições de 1981 e de 1983.

Time-base (4-2-3-1)

Careaga

Mercado, Haquím, Carrasco e Sebastián Reyes

Rivera e Villaroel

Marcos De Lima, Vaca e Gutiérrez

Bruno Miranda

Olho nele: Bruno Miranda

Tem passagem por todas as categorias de base da seleção da Bolívia. Começou na sub-15, passou pela sub-17 e agora é protagonista da sub-20. Joga na Universidad de Chile. Estreou no fogo contra o arquirrival Colo Colo. Vem queimando etapas para chegar ao time principal.

Técnico: Marco Sandy

Recordista de partidas com a camisa da seleção principal da Bolívia, o zagueiro estava naquele time que derrotou o Brasil por 2 x 0, em La Paz, nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1994, e depois foi goleado por 6 x 0 no Arruda. Disputou o Mundial dos Estados Unidos.

PERU

Pense em um país que depende demais das novas gerações para alimentar o sonho de voltar a disputar a Copa do Mundo. A última vez foi em 1982, na Espanha. Sem tradição no Sul-Americano Sub-20, chegou no máximo ao quarto lugar. A luz no fim do túnel são as últimas duas participações no torneio. Pelo menos, chegou duas vezes ao hexagonal final.

Time-base (4-3-3)

Ynamine

Andía, Fuentes, Christian Sánchez e Marcos López

Távara, Cotrina e Siucho

Pacheco, Ugarriza e Keven Quevedo

Olho nele: Adrián Ugarriza

Revelação do Universitario, é apontado como um dos candidatos à sucessão de Paolo Guerrero na seleção principal. Jovem, participou do Sul-Americano Sub-17 de 2013 e do Sub-20 em 2015 e se destacou no último semestre no Torneio Descentralizado e na Copa Sul-Americana.

Técnico: Fernando Nogara

O trabalho de renovação e descoberta de novos valores no futebol peruano está entregue a um argentino. Fernando Nogara tem experiência nas diviões de base do Estudiantes, do Atlas, do México, e foi auxiliar-técnico no Racing, Newell’s Old Boys e Sporting Cristal.

URUGUAI

Um dos países mais organizados do continente nas divisões de base, inspirado em um projeto do técnico da seleção principal, Oscar Tabárez, o Uruguai chega no mínimo para brigar por uma das quatro vagas ao Mundial Sub-20. Heptacampeão na categoria, a Celeste tem um jejum de 36 anos nas costas. O último título foi em 1981. Apesar da carência de troféus, a seleção principal tem colhido aos poucos os frutos do bom trabalho de renovação.

Time-base (4-4-2)

Mele

Sant’Anna, Bueno, Viña e Mathías Oliveira

De La Cruz, Betancur, Facundo Waller e Amaral

Diego Rossi e Schiappacasse

Olho nele: Schiappacasse

Astro das divisões de base do Atlético de Madri, vai tentar desfazer no Equador a péssima imagem deixada no Sul-Americano Sub-17 de 2015, no Paraguai, quando ficou marcado por se jogar demais. A velocidade, o passe preciso e a personalidade para enfrentar defensores marmanjos são algumas virtudes de Schiappacasse, que sonha ser Suárez ou Cavani na vida.

Técnico: Fabián Coito

Nas divisões de base do Uruguai desde 2007, Fabián Coito resume a seriedade e paciência do projeto uruguaio nas divisões de base. Passou pela sub-15, sub-17 e agora comanda a sub-20. Em 2011, levou o Uruguai ao vice-campeonato do Mundial Sub-17 no México. Depois de eliminar o Brasil, perdeu o título para os anfitriões por 2 x 0. Aos 49 anos, coleciona 142 jogos nas seleções de base, com 71 vitórias, 28 empates e 43 derrotas.

VENEZUELA

A Venezuela chega ao Sul-Americano Sub-20 do Equador com a melhor geração de sua história. Não é absurdo apostar no mínimo em uma classificação para o Mundial da Coreia do Sul. A melhor colocação é o terceiro lugar em casa em 1954, mas o time atual é competitivo.

Time-base (4-2-3-1)

Fariñez

Ronald Hernández, Mejías, Velásquez e Quero

Vangel Herrera e Cristian Rivas

Soteldo, Peña e Heber García

Chacón

Olho nele: Soteldo

Campeão venezuelano e com experiência na Libertadores pelo Zamora, o meia do Huachipato, do Chile, é uma meia atentado. Gosta de partir com a bola dominada em diagonal se disfarça muito bem como winger tanto pela esquerda quanto pela direita. Uma das promessas do país.

Técnico: Rafael Dudamel

Centralizador, o ex-goleiro acumula os cargos de técnico das seleções principal e sub-20. No currículo, ostenta a classificação para o Mundial Sub-17 de 2013. Sob o comando dele, a Venezuela foi vice-campeão do Sul-Americano Sub-17 daquele ano, atrás apenas da Argentina.

Marcos Paulo Lima

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