Walter é um baita personagem. Capaz de estimular a nossa memória a recordar que ele foi importantíssimo na campanha do bicampeonato do Internacional na Libertadores, em 2010. Se não fosse o centroavante, o time gaúcho teria sido eliminado pelo Banfield nas oitavas e final. O Colorado havia perdido a partida de ida, na Argentina, por 3 x 1. Venceu na volta por 2 x 0, no Beira-Rio. O gol da classificação foi marcado justamente por Walter, e tirou de cena um colombiano que brilharia na Copa de 2014 e com a camisa do Real Madrid: James Rodríguez.
Até então, aquela havia sido a única participação do jogador na Libertadores. Walter disputou oito partidas na campanha comandada pelo técnico Jorge Fossati e depois por Celso Roth. A última delas foi traumática. O Inter eliminou o então campeão Estudiantes nas quartas de final, em Quilmes, ao perder por 2 x 1. Avançou por ter triunfado em casa, por 1 x 0.
Depois da partida, houve uma batalha campal. Vítima de injúria racial, Walter respondeu com gestos obscenos em direção à torcida do Estudiantes. Os goleiros Lauro, Orión e o zagueiro Leandro Desábato também participaram da confusão. A solução da Conmebol foi suspender todos eles. Walter pegou dois jogos de castigo. Perdeu as semifinais contra o São Paulo e perdeu espaço no elenco no momento mais importante da temporada.
Vendido por € 5 milhões ao Rentistas do Uruguai, de Juan Figger, que fez a ponte para levá-lo ao Porto, Walter tinha 21 anos. A saída foi criticada pelo então presidente Vitorio Piffero. “Ou aceitávamos uma proposta, ou o jogador ficaria mais três anos apenas correndo no gramado suplementar. Volto a dizer que foi uma situação terrível e que vai nos fazer rever a parceria com esse empresário”, lamentou o dirigente, acusando Walter de ter forçado a saída do Inter.
Dez anos depois, Walter ressurge na Libertadores brindando o Athletico-PR com a virada sobre o Jorge Wilstermann da Bolívia, em Cochabamba, na altitude de 2.558m. “Voltar à Libertadores depois de 10 anos e fazendo gol, não tem coisa melhor. Tirou todo o peso. Estou muito feliz e agradeço todos os torcedores do Athletico que sempre me dão força, ao presidente (Mario Celso Petraglia) por ter apostado em mim, o Paulo (André, diretor de futebol) pela confiança, o treinador (Eduardo Barros), a equipe toda. Na hora que fiz o gol todo mundo veio me abraçar. Vou ver esse gol todos os dias agora”, emocionou-se em entrevista ao site do clube.
A balança foi marcador mais implacável de Walter na carreira. Para abraçar a nova oportunidade no Athletico-PR, perdeu 20kg. Chegou ao clube pesando 117kg. “Passou tudo (na cabeça). Passou um filme, mais de dois anos sem jogar futebol. Só agradecer a Deus. É um dia especial para mim, não vou esquecer”, afirmou Walter, em mais uma tentativa de voltar a jogar em alto nível. O centroavante não marcava gol desde julho de 2018, quando vestia a camisa do CSA.
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