Glória Eterna do Fluminense dá toco no etarismo: campeão mais velho no século

Em tempos de combate ao etarismo, o Fluminense vira um bastião contra o preconceito. O campeão inédito da Libertadores é acima da média. A formação inicial na dramática vitória por 2 x 1 contra o Boca Juniors, no Maracanã, tinha 32,2 anos. A mais velha entre os conquistadores da Glória Eterna no século 21. Superou os 29,4 do arquirrival Flamengo na decisão do ano passado contra o Athletico-PR, em Guayaquil.

Essa é apenas mais uma prova de que o técnico Fernando Diniz é fora da caixinha. O futebol pós-moderno demanda cada vez mais jogadores jovens com preparo físico para competições de atletismo. Capazes de cobrir 100metros de campo no vaivém alucinante das partidas. O técnico do Fluminense e da Seleção Brasileira prefere a experiência. Busca atalhos para acomodá-los. Dos 11 titulares, sete têm mais de 30 anos. Dois estão na casa dos 40.

A começar pelo gol. Fábio curou a frustração de 2009. Tinha 29 quando amargou o vice com a camisa do Cruzeiro contra o Estudiantes, no Mineirão. Aos 43, resiste em uma modalidade cada vez mais exigente por goleiros capazes de trocar as mãos pelos pés.

Dos quatro integrantes da linha defensiva, três superam a casa dos 30 anos. O lateral-direito Samuel Xavier virou peça-chave na conquista aos 33. Reinventado por Vanderlei Luxemburgo na função de zagueiro no Palmeiras, Felipe Melo conquista o tricampeonato pessoal aos 40. São dois troféus no alviverde e um pelo Fluminense.

Marcelo é um capítulo à parte. Aos 35 anos, o lateral-esquerdo entra para a galeria dos 16 campeões da Libertadores e da Champions League. Desembarcou no Brasil com cinco títulos europeus na bagagem. Agora, ostenta o primeiro na América do Sul.

É do Fernando Diniz o mérito da reciclagem de Paulo Henrique Ganso. O meia de 34 anos virou dono do meio de campo amparado pela juventude dos volantes. Os cães de guarda André e Matheus Martinelli, ambos de 22, deram sobrevida a um maestro à moda antiga.

“O Sub-40 do Fluminense conquistou um título inédito”

Felipe Melo, zagueiro

O ataque tricolor na Libertadores contou com outros dois trintões imprescindíveis. O centroavante Germán Cano é artilheiro isolado da Libertadores com 13 gols graças ao comprometimento tático do veterano Keno (34) e do elétrico Arias (26). Detalhe: Cano fez sozinho a quantidade de gols do Boca Juniors na campanha inteira. O time xeneize é vice com 13 bolas na rede.

A experiência do Fluminense determinou o controle e a imposição sobre o Boca Juniors no primeiro tempo. A certidão de nascimento pesou na etapa final. Em defesa do placar, Diniz atraiu demais o adversário. Advíncula empatou o jogo com um belíssimo chute cruzado. O lateral é o artilheiro do Boca Juniors na Libertadores com quatro gols.

Aos poucos, Diniz abriu mão da experiência. Tirou Felipe Melo, Marcelo, Ganso e Samuel Xavier. A fórmula do rejuvenescimento funcionou. O jogo pedia àquela altura do segundo tempo.  Coube ao caçula entre os substitutos a bênção do gol da Glória Eterna. John Kennedy, o menino de Xerém, escreveu, aos 21 anos, a história do título. Fundado em 21 de julho de 1902, o Fluminense Football Club esperava pela Libertadores havia 121 anos.

O time das Laranjeiras é o sétimo campeão inédito da Libertadores no século 21. Repete os feitos do Once Caldas, Internacional, LDU, San Lorenzo, Atlético-MG e Corinthians no recorte de 2001 para cá. Dos 12 clubes mais tradicionais do Brasil, 11 são campeões do torneio continental. A exceção passa a ser o Botafogo. Fernando Diniz merece aplausos de pé.

Na segunda-feira, convocará a Seleção como 16º técnico do país a vencer a ostentar a Libertadores no currículo. Um feito sem precedentes acumulando cargos tão relevantes. Responsável pela transição da Seleção para o técnico o técnico Carlo Ancelotti, Diniz pode ser campeão mundial de clubes contra o Manchester City, de Pep Guardiola, depois de desbancar cinco campeões sul-americanos na campanha do título continental: Boca Juniors, Internacional, Olimpia, Argentinos Juniors e River Plate.

Você ainda duvida do dinizismo?

A idade dos 11 titulares
43 Fábio
33 Samuel Xavier
26 Nino
40 Felipe Melo
35 Marcelo
22 André
22 Matheus Martinelli
34 Ganso
26 Arias
35 Cano
34 Keno
Média de idade: 32,2 anos incluindo os meses e dias de vida de cada jogador

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