Peru 0 x 5 Brasil: ganhar Copa América sem Neymar é desfecho dos sonhos para Seleção de operários

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São Paulo — Tenho dito o seguinte nas resenhas com os colegas na Copa América: o melhor desfecho para a Seleção é conquistar o título continental em casa sem Neymar. Calma, não acho que o Brasil de Tite não necessita do craque, porém, precisa (faz tempo!) aprender a crescer, a funcionar sem ele, a tomar decisões, a assumir responsabilidades que nem o camisa 10 conseguiu desde que estreou com a amarelinha em 10 de agosto de 2010, contra os EUA.

Na apresentação do jogo deste sábado contra o Peru, fizemos referência na edição impressa do Correio Braziliense à tela Operários, de Tarsila do Amaral — uma das 92 obras de arte da artista paulista em exposição aqui em São Paulo, no Museu de Arte (Masp). Esse é o espírito. A Seleção precisa urgentemente aprender a ser um time de operários, de peões de obra dispostos a evoluir coletivamente, sem vaidades.

Se você prestar bem atenção, as últimas quatro seleções campeãs da Copa do Mundo eram operárias. Não havia um gênio no canteiro de obras. Foi assim com Itália (2006), Espanha (2010), Alemanha (2014) e França (2018). Marcello Lippi, Vicente del Bosque, Joachim Low e Didier Deschamps não contavam com Lionel Messi, Cristiano Ronaldo nem Neymar Júnior.

O Chile é o atual bicampeão da Copa América. Jorge Sampaoli e Juan Antonio Pizzi também não contavam com um fora de série nos títulos de 2015 e 2016. Alexis Sánchez, Vidal, Bravo, Valdívia e Vargas formavam uma engrenagem, uma belíssima seleção. Apesar de não ter se classificado para a Copa da Rússia, La Roja continua sendo um timaço sob as ordens do colombiano Reinaldo Rueda.

Neste sábado, vi uma Seleção Brasileira operária aqui na Arena Corinthians na goleada deste sábado por 5 x 0 sobre o Peru. Para início de papo, um gol de cada jogador: o carregador de piano Casemiro, o incansável e oportunista Roberto Firmino, o atrevido Éverton “Cebolinha”, o experiente Daniel Alves e o reserva Willian. Gabriel Jesus poderia ter marcado o sexto. Entretanto, perdeu o pênalti. É impressionante a falta de confiança do dono da camisa 9 em copas. Passou em branco nos cinco jogos do Mundial da Rússia e nos três desta Copa América. Impressionante.

Além da ausência de individualismo comum quando Neymar está em campo, foi importante notar a coragem de Éverton “Cebolinha” e de Willian nos chutes de fora da área e a tentativa de futebol solidário. Um exemplo é o gol de Daniel Alves. Bola de pé em pé saindo lá de trás até a triangulação final entre o volante Arthur, o atacante Roberto Firmino e o lateral-direito Daniel Alves no lance do quarto gol verde-amarelo.

É mais fácil inserir Neymar nas Eliminatórias e na Copa América do ano que vem numa Seleção que funciona como time do que insistir na dependência do camisa 10. Evita o sentimento de orfandade do Brasil a cada lesão, indisciplina, crise técnica ou particular que o afasta de torneios importantes. Foi assim na Copa 2014, nas Copas Américas 2015 e 2016 e no Mundial do ano passado, na Rússia.

O futebol operário funcionou contra o Peru, mas é embrionário. A goleada pode enganar tanto quanto aquela por 7 x 0 diante de Honduras. Vejamos como será, a partir de agora, nas quartas de final. Não adianta deixar a obra inacabada. É preciso concluir a construção. De preferência com o troféu da Copa América, em 7 de julho, no Maracanã.

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Marcos Paulo Lima

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