O futebol pós-moderno pune severamente times relapsos na marcação da saída de bola do adversário. Vinte e dois segundos decidiram 99 minutos de jogo. Assim o Brasiliense começou a perder — e o Gama a vencer — o clássico dessa quarta-feira, no Estádio Bezerrão, pela quinta rodada do Campeonato do Distrito Federal.
A defesa do Gama toca a bola durante 22 segundos até o zagueiro e capitão Wellington acionar PH e o lateral-esquerdo tabelar com outro lateral-esquerdo, Pablo Félix, em uma bela ultrapassagem na trama da jogada. O técnico do Brasil na Copa de 1978, Cláudio Coutinho, assinaria o overlapping. Enquanto os defensores do Brasiliense batem cabeça em uma cena trágica se não fosse cômica, Nunes caminha solitário dentro da área como se tivesse um GPS antecipando o destino final do lance. Astuto, se posiciona nas costas de um zagueiro desatento focado na bola, não aos passos do experiente centroavante. Quando o marcador percebe é tarde demais. O ídolo alviverde teve tempo de dominar e estufar a rede: 1 x 0. Nunes sendo Nunes in natura.
Costumo dizer que o nosso soccer lembra cada vez mais o futebol americano. É proibido deixar o adversário ganhar jardas. Quando isso acontece, o risco de touchdown é iminente. A recomposição do Brasiliense é horrorosa. Todos correndo amedrontados para trás. Wellington até levanta o braço mandando os companheiros se movimentarem para dar opção de jogo e ninguém vestido de amarelo chega junto para no mínimo cercá-lo, bloquear a tentativa de lançamento.
O gol de Nunes sai aos 29 do segundo tempo. Um minuto antes, Wellington havia tentado a mesma jogada, porém houve desarme. Outra vez o beque teve um tempão para raciocinar e esperar pelo momento certo do passe. Foi praticamente o ensaio, um rascunho do gol. A armadilha estava prontinha. O Jacaré foi envolvido pela trama e caiu facilmente nela.
O primeiro gol pilhou a torcida no Bezerrão. E aí entra a entrevista que fiz com o técnico Cícero Júnior quando ele fechou com o Gama. Questionei se a reabertura do estádio era o maior reforço do Gama para a temporada. “É importante para a gente ter identidade. Nada melhor do que estar jogando em casa num estádio que oferece todas as condições. Isso vai ser muito importante para nós”, disse ao blog em 14 de outubro.
A pressão da torcida alviverde atrás da trave deve ter perturbado o goleiro do Brasiliense. Vavá havia feito excelente primeiro tempo. Trabalhou em três finalizações perigosas do adversário. Uma delas, inclusive, em um cruzamento traiçoeiro para a área. No entanto, bateu roupa na etapa final e a bola foi parar nos pés de quem dificilmente falha: Nunes.
Não há gramado ruim para centroavante bom. Reaberto em 13 de janeiro ao futebol, o campo está péssimo. O próprio Nunes admitiu isso em entrevista ao Correio na matéria publicada na quarta-feira ao comparar o tapete reformado pela Fifa para o Mundial Sub-17 de 2019 ao atual. Para sorte do Gama, Nunes é matador raiz. Não importa se o piso é sintético, natural ou de várzea. Ele está sempre lá com os pés no chão para empurrar a bola com carinho ao fundo do barbante.
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