New Jersey — Quando o Chelsea ganhou a Conference League há um mês na decisão contra o Real Bétis, gravei um vídeo chamando a atenção para a média de idade do time londrino naquele triunfo por 4 x 1: 23,7 anos. O clube londrino segue a tendência europeia. Tem visão de futuro e fez do presente na vitória por 2 x 0 contra o Fluminense uma prova disso na diferença de um Oceano Atlântico entre o futebol europeu e o sul-americano.
Um pouquinho mais envelhecido em relação ao título da Conference League, o Chelsea suportou o calor de quase 40 graus com um time de garotos. A média de 24,9 anos era quase seis anos mais jovem do que a do Fluminense. Renato Gaúcho escalou a formação possível com média de 31 anos.
Enquanto a Europa leva para lá jovens como João Pedro, de 23 anos, vendidos por 11,5 milhões de euros quando tinha 19, a pobre América do Sul só tem poder de compra para adquirir refugos ou veteranos velhos de guerra encostados no Velho Continente. O herói poderia ter sido Thiago Silva, de 40 anos, repatriado pelo Fluminense no ano passado. A procedência dele é justamente… o Chelsea!
O Fluminense foi além do possível. Resultado da dedicação do técnico Renato Gaúcho. Como é bom vê-lo trabalhar quando está focado. As exibições contra o Borussia Dortmund e a Internazionale jamais devem ser deletadas da memória tricolor. A campanha também não.
O Fluminense está eliminado porque cometeu o pecado de fazer o que era impossível: vender uma joia de Xerém para sobreviver. O mundo girou e resolveu castigar justamente o clube formador de João Pedro, autor de dois golaços em um time organizado.
Este é um detalhe importantíssimo na transição do assunto da Copa do Mundo de Clubes para a de Seleções. João Pedro foi adquirido pelo Chelsea há seis dias. Caiu bem no time contra o Fluminense porque entrou em uma engrenagem azeitada para recebê-lo. A inteligência no posicionamento para receber a bola era de qume está no Chelsea faz tempo. Só que não. Ele chegou um dia desses e simplesmente por 63,70 milhões de euros e colocou o novo empregador na finalíssima da Copa do Mundo de Clubes da Fifa.
Fernando Diniz foi o primeiro a olhar para ele na convocação da Seleção Brasileira. Pedantes, torcedores logo perguntaram: Quem??? Ele entrou em uma formação bagunçada com Dini, depois com Dorival Júnior e deu a impressão de que era mais um perna de pau.
O Chelsea esfrega na cara da sociedade brasileira — e do técnico Carlo Ancelotti — um potencial camisa 9 para a Copa de 2026. Os dois gols são de quem sabe muito. Deixaram até ingleses de boca aberta no setor de imprensa, onde escrevo este texto. Um deles perguntou porque ele não joga na Seleção e argumentou falando do desempenho dele na temporada do Brighton com 12 gols e 7 assistências em 34 jogos. Para eles, é satisfatório. Para nós, insaciáveis na busca insana por um novo Romário ou Ronaldo, nunca será.
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