O Flamengo não foi ao Pará tomar tacacá, dançar, curtir, ficar de boa, como diz a viralizada música da cantora paraense Joelma. Adenor Leonardo Bachi dava continuidade ao processo de construção do time. Ensaiou variáveis diante de um adversário frágil, porém necessário a essa altura da temporada em busca de encaixes e reencaixes de peças. A vitória protocolar por 2 x 0 contra o Sampaio Corrêa, no repaginado Estádio Mangueirão, em Belém, pela quinta rodada do Campeonato Carioca, serviu, principalmente, para reatar laços afetivos.
Se houvesse um plebiscito para a escolha da dupla de ataque titular em 2024, a Nação marcaria Bruno Henrique e Gabriel Barbosa na cédula por questões óbvias. A vitória, em Belém, teve a assinatura de cada um deles enquanto os supostos titulares Everton Cebolinha e Pedro assistiam ao jogo do banco de reservas. Ambos poupados para o clássico deste domingo contra o Vasco.
Bruno Henrique se derreteu no ano passado ao falar sobre o vínculo com Gabriel Barbosa construído desde os tempos do Santos. “Ele coloca a bola onde eu gosto”, afirmou no ano passado após receber assistência do camisa 10 na vitória contra o Olimpia pela Libertadores.
O par perfeito da Nação não marcava faz tempo na mesma partida. A última vez havia sido na Supercopa do Brasil de 2022 contra o Atlético-MG, na Arena Pantanal, em Cuiabá, sob o comando do português Paulo Sousa. O duelo terminou empatado por 2 x 2 e o Galo conquistou o título na decisão por pênaltis. O Flamengo foi comandado por Dorival Júnior, Vítor Pereira, Jorge Sampaoli e o tabu só foi quebrado agora no início da Era Tite no Ninho do Urubu.
Também no ano passado, Gabriel Barbosa trocou juras de amor com Arrascaeta. O uruguaio estava lesionado e o atacante sentia a ausência do maestro. “Que saudade! Volta logo, só você me enxerga”, escreveu o ídolo máximo rubro-negro em atividade nas redes sociais. “Sabe muito”, respondeu Arrascaeta.
O segundo gol contra o Sampaio Corrêa é a síntese do entrosamento. Arrascaeta aciona Gabriel Barbosa em uma trama típica entre eles desde o amor à primeira vista quando desembarcaram no clube em 2019. A bola do meia para o atacante lembra o passe do próprio Arrascaeta para Gabibol no lance do gol de empate contra o Palmeiras na final da Libertadores de 2021 sob o comando de Renato Gaúcho. Não há dedo do treinador. Existe interpretação dos movimentos. Arrascaeta entende Gabigol e vice-versa. De La Cruz também começa a decifrar o camisa 10. Deixou o atacante na cara do gol, porém ele desperdiçou a oportunidade.
O fim do jejum de 14 jogos do Gabriel Barbosa deixa a bagagem do Flamengo mais leve no retorno ao Rio de Janeiro. Ele precisava desencantar e conseguiu. Ao contrário do intocável Arrascaeta, os atacantes Bruno Henrique e Gabigol precisam resgatar o prestígio na disputa saudável com Everton Cebolinha e Pedro pela posição. Afinal de contas, os amistosos deste início de temporada reforçam cada vez mais uma possível mudança de Tite do 4-3-3, com dois pontas abertos, para o 4-4-2, com Pulgar, Gerson, De La Cruz e Arrascaeta atrás de dois atacantes. Everton Cebolinha e Pedrou ou Bruno Henrique e Gabigol?
Problema do Tite. Orgulho e sorte de quem torce pelo Flamengo.
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