Flamengo não era eliminado de um mata-mata sem fazer gol havia 13 anos

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O Flamengo não era eliminado de um torneio nacional ou internacional disputado em dois jogos no sistema de mata-mata há 13 anos. Tite conseguiu igualar o feito de Vanderlei Luxemburgo nas oitavas de final da Copa Sul-Americana de 2011. Sob o comando de Jorge Sampaoli, a Universidad de Chile despachou o time rubro-negro por 5 x 0 no agregado. Ao não balançar a rede em 180 minutos e mais os acréscimos contra o Peñarol, o time carioca mostra-se refém de grifes, da ostentação, e esnobe no momento de dificuldade.

O Atlético-MG não teve vergonha de recorrer a Deyverson quando se viu em apuros na vitória por 2 x 0 contra o Fluminense no jogo de volta das quartas de final da Libertadores. O Galo havia perdido Bernard. Gabriel Milito olhou para o banco e mandou a campo o camisa 9 disponível. O jogo pedia. Àquela altura, a bola passava na frente da trave de Fábio à procura de um especialista minimamente capaz de empurrá-la para a rede. Deyverson colocou-a duas vezes no barbante. Tite sentiu vergonha de recorrer a Carlinhos contra o Peñarol. Morreu abraçado com falsos nove e pode pagar com a demissão do Flamengo.

Ruim com Carlinhos, pior sem ele. Se o time orbitava em torno de Pedro e para ele trabalhava, a escolha menos traumática seria ter Carlinhos como referência. Só que o jogador veio do Nova Iguaçu e não do Al Sadd do Catar como Gonzalo Plata. O Flamengo criou chances de gol pelo menos três vezes. No início da partida, Gerson colocou a bola na cabeça de Prata e o equatoriano finalizou fraquíssimo de cabeça, sem o mínimo cacoete de centroavante. Em outro lance, a bola passou na frente dele e faltou instinto, reflexo de goleador para atirar-se nela e finalizar. Sacrificado, o esforçado Bruno Henrique também arriscou em uma cabeçada. Tite fez cinco substituições. Carlinhos, nove raiz, não entrou.

Carlinhos não se compara a Deyverson, claro, mas era o que o Flamengo tinha disponível para ontem em um momento de abafa, de necessidade de alguém dentro da área diante do festival de bolas cruzadas — 74 na soma dos dois jogos — e para a espera de um possível bate-rebate no momento de maior desespero. Expulso contra o Grêmio no fim de semana de maneira juvenil, Carlinhos parece ter cumprido castigo no jogo decisivo da Libertadores.

Incoerente, Tite havia elogiado Carlinhos depois do empate por 1 x 1 no clássico com o Vasco. Segundo ele, o centroavante havia sido decisivo contra Bolívar, Vitória e Atlético-MG. Por isso entrou antes de Gabriel Barbosa naquele jogo. O escolhido chutou o chão em uma oportunidade clara de gol contra o time cruzmaltino. Tite mudou o discurso depois do empate por 0 x 0 com o Peñarol ao explicar a aposta em Gabi — e não em Carlinhos na hora do abafa. Recorreu inclusive a David Luiz no desespero e justificou:

“O momento do Carlinhos não é bom. Então, para esse momento decisivo, esses 10, 15 minutos, que tivesse um jogador de área, inclusive de bola parada. Que tivesse com o Gabi em movimentação, os dois enfiados para que pudesse ter esse jogador de bola aérea”.

A insistência com Bruno Henrique e Luiz Araújo sem Pedro, e depois com Bruno Henrique e Plata no ataque mostrou-se ineficaz. O último gol de um atacante do time principal foi o de Pedro cobrando pênalti contra o Corinthians na derrota em Itaquera. Balançar a rede virou drama sem ele. Arrascaeta marcou no duelo de volta contra o Bahia. Gerson fez contra o Vasco. Na sequência, derrota e empate com o Peñarol na Libertadores sem gol rubro-negro. Desconsidero a derrota para o Grêmio por 3 x 2 com uma formação desfigurada.

Os indicadores antecipavam: era quase impossível acreditar em um gol do ataque rubro-negro em Montevidéu. E assim foi.  O Flamengo sai de um mata-mata sem balançar a rede nos dois confrontos pela primeira vez desde 2011, quando foi humilhado pela Universidad de Chile por 5 x 0 no placar agregado nas oitavas de final da Copa Sul-Americana. E nem falei da ausência de Alcaraz, outro que simplesmente não entrou.

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Marcos Paulo Lima

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