Sim, o Flamengo teve um jogador a mais no primeiro clássico das oitavas de final da Copa do Brasil contra o Fluminense desde a expulsão do zagueiro Felipe Melo, aos seis minutos do segundo tempo do bom jogo desta terça-feira. Incompetência não ter feito o resultado para chegar em 1º de junho com uma vantagem mínima, dirão os mais aborrecidos, mas é preciso levar em conta o impacto do insano entra e sai de técnico no Ninho do Urubu.
Fernando Diniz enfrentou o Flamengo pela sexta vez nesta passagem pelo Fluminense. Foram duelos com quatro treinadores diferentes! Um contra o português Paulo Sousa, outro com Dorival Júnior, três quedas de braço com o lusitano Vítor Pereira e um com o argentino Jorge Sampaoli. Difícil para o treinador tricolor. Mais ainda para o dono da prancheta rubro-negra.
O Flamengo disputou nove jogos na Era Sampaoli. Teve um — e até dois — jogadores a mais em quatro. Foi assim contra Botafogo, Racing, Bahia e Fluminense. A única vitória com superioridade numérica aconteceu contra o tricolor baiano. O adversário teve dois expulsos na Arena Fonte Nova. Mesmo assim, a equipe carioca sustentou a vitória por 3 x 2 com muita dificuldade. Não se engane: é preciso ter repertório para até mesmo quando se tem um homem a mais.
Os constantes reinícios de trabalho provocam o óbvio: falta de entrosamento, carência de mecanismos sincronizados de ataque e defesa. Cada treinador pensa o jogo de uma maneira. A inserção do chip no cérebro de cada atleta é demorada. A atualização do sistema demanda tempo. Gerson, por exemplo, atua livre, leve e solto. Foi jogador de Sampaoli no Olympique de Marselha. Os demais companheiros dele dão claramente algumas bugadas durante a partida.
Os técnicos do Fla contra o Flu nesta Era Diniz
Isso não poupa alguns jogadores de críticas. Sem ritmo de jogo, o meia Arrascaeta perdeu pelo menos dois lances decisivos. O uruguaio não é disso, mas passou quase um mês fora de combate. Gabriel Barbosa também vacilou. Mas vale lembrar que uma vitória por um ou dois gols não daria tamanha tranquilidade para a volta. O Flamengo derrotou o Fluminense por 2 x 0 no confronto de ida na decisão do Campeonato Carioca, sofreu 4 x 1 na volta e perdeu o título.
O tempo de trabalho que falta ao Flamengo deu ao Fluminense casca grossa até mesmo para momentos de dificuldade. Dedicado e comprometido aos 33 anos, Paulo Henrique Ganso recuou para assumir praticamente o papel de volante com um jogador a menos. Germán Cano virou um leão no 4-4-1 montado por Fernando Diniz para resistir ao volume do adversário. Quando o Flamengo furou a barricada, o goleiro Fábio operou milagres e manteve a meta tricolor intacta. Mesmo sob pressão, o time das Laranjeiras deu estocadas e incomodou Santos.
O mérito do Flamengo a essa altura da temporada é ter saído vivo do primeiro clássico pelas oitavas. Afinal, o time passa por mais um recomeço. Enquanto Fernando Diniz acumula 71 jogos nesta passagem pelo Fluminense, Jorge Sampaoli está apenas no nono. Diniz tem pouco mais de um ano no cargo. Duelou com quatro profissionais diferente no Fla-Flu nesse período. Isso ajuda a explicar o teimoso 0 x 0 no bom clássico de abertura da quarta fase da Copa do Brasil.
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