O Flamengo venceu o Fluminense na tarde deste domingo, no Maracanã, com a assinatura de uma das características dos trabalhos de Tite: a paciência. Mãe da perfeição, a repetição da escalação e dos mecanismos de jogo permitiram ao Flamengo envolver o tricolor em dois lances cruciais no segundo tempo e encaminhou a conquista da Taça Guanabara, a primeira fase do Campeonato Carioca.
No lance do primeiro gol, o Flamengo toca a bola durante 47 segundos. A bola vai passando de pé em pé por Fabrício Bruno, Varela, Pulgar, Luiz Araújo, Arrascaeta e Everton Cebolinha até chegar ao lateral-esquerdo Ayrton Lucas, autor do chute cruzado que virou assistência para o centroavante Pedro estudar a rede. A pintura coletiva de oito jogadores é fruto da repetição. Do conhecimento do posicionamento dos companheiros em campo.
O segundo começa depois de uma das várias falhas do goleiro rubro-negro Rossi na saída de bola. A arrancada estabanada gera um lateral para o Fluminense. O tricolor cobra o arremesso lateral e comete falta em Pulgar. O Flamengo cobrou rapidamente e resolveu a jogada em 12 segundos porque o time tem conjunto, entrosamento, A verticalidade e os dribles do uruguaio De la Cruz ao esconder a bola na condução, a linha de passe do capitão Arrascaeta com Pedro, ambos de calcanhar, e a finalização de Everton Cebolinha seguida pela falta de Fábio também é resultado de entrosamento.
Assim como nos clássicos contra Vasco e Botafogo, o Flamengo teve dificuldade para se impor no primeiro tempo. Não conseguiu fazer gol na etapa inicial e foi para o intervalo mais uma vez zerado. Tite teve paciência para interpretar as mudanças em série de Fernando Diniz na linha defensiva e se precaver contra o velho truque do recuo de André para a posição de zagueiro e a entrada de Lima no meio de campo. Alexsandro entrou na vaga de Guga na lateral direita e Antônio Carlos fez parceria com André na retaguarda. O recurso tático sucumbiu com o gol de Pedro logo aos seis minutos do segundo tempo.
A escolha de Fernando Diniz por Douglas Costa aberto na direita prejudicou John Arias. O colombiano parecia capenga pela esquerda. O meia-atacante é mais agudo na direita. Chamo atenção para um detalhe: o zagueiro Nino faz muita falta. Mesmo assim, o escanteio curto funcionou no lance do gol de Thiago Santos, anulado pela Arbitragem de Vídeo (VAR). Antes, a jogada ensaiada quase sempre procurava Nino. O lance está reprogramado.
Outro detalhe relevante. O primeiro gol do Flamengo começa devido a um chutão do Fluminense para a frente. Totalmente fora das características do estilo de jogo do Fluminense. A bola retorna ao domínio da defesa rubro-negra e a vitória começa a ser construída na envolvente troca de passes até o gol do centroavante Pedro.
Obrigar o adversário a dar chutão também é mérito do plano de jogo do técnico. Fernando Diniz obrigou o Flamengo a trabalhar bastante com Rossi no primeiro tempo. O goleiro não esteve bem nas saídas de bola. em alguns momentos, apelou para o chutão. Tite deu o troco na etapa final na origem do primeiro lance decisivo do bom clássico, no Maracanã.
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