De volta ao Distrito Federal para o clássico deste sábado entre Vasco e Fluminense pela quinta rodada da Taça Guanabara, o primeiro turno do Campeonato Carioca, o técnico Fernando Diniz ficou marcado na capital por não cumprir uma promessa feita há 11 anos na passagem relâmpago pelo Gama — o último dos 13 clubes que ele defendeu como jogador profissional.
Fernando Diniz atuou em metade dos times de ponta do futebol brasileiro — Palmeiras, Corinthians, Fluminense, Flamengo, Cruzeiro e Santos. Mineiro de Patos, tinha 34 anos quando chegou ao Gama como principal reforço para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro 2008. Na apresentação, fez até uma profecia: Vim para somar. É uma satisfação estar aqui no Gama, e junto com os meus companheiros vamos buscar o título da Série B”.
O gás durou 90 minutos. Fernando Diniz disputou apenas um jogo pelo Gama. Estreou na derrota por 2 x 0 para o Grêmio Barueri e levou cartão vermelho depois da partida. Motivo: ofensa ao árbitro Renato Cardoso da Conceição. Pegou seis jogos de suspensão no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e pediu demissão.
Na despedida, Fernando Diniz foi sincero. “Eu ia ficar muito tempo sem jogar e isso onera o clube. E estou longe da minha família, preciso resolver problemas particulares”, argumentou.
Um ano depois de pendurar as chuteiras no time candango, Fernando Diniz iniciava a promissora carreira de treinador com dois títulos à frente do Votoraty: a Copa Paulista e Série A3 2009. Com a prancheta do Paulista de Jundiaí, voltou a conquistar a Copa Paulista 2010.
Fernando Diniz não esconde o trauma da passagem pelo futebol candango. Antes de fechar com o Gama em 2008, ele havia disputado o Paulistão pelo Juventus. A última partida oficial foi pelo alviverde, mas ele tenta manobrar a história. “Prefiro dizer que encerrei a carreira no Juventus. Clube no qual iniciei em 1993. No Gama, não tive a condição de levar a família, a saudade apertou e decidi parar. A minha produtividade já não era a mesma. E os clubes que aparecia para mim também não eram mais os mesmos. A relação custo-benefício já não compensava”, assumiu em 2009 numa entrevista ao portal globoesporte.com.
Sem Fernando Diniz, o Gama foi rebaixado na Série B 2008. Vice-lanterna ao fim de 38 rodadas, caiu para a terceira divisão. Desde então, não participa há 11 anos das duas principais divisões país. Pior: hoje, o clube é fora de série. Não participa sequer da Série D.
Na contramão do Gama, a carreira de Fernando Diniz decola. Com ideias inovadoras, levou o Audax Osasco ao vice-campeonato paulista em 2016 contra o Santos. Deixou legado para Tiago Nunes levar o Athletico Paranaense ao título da Copa Sul-Americana e topou o desafio de guiar o Fluminense nesta temporada. Com uma escala no Distrito Federal, onde decidiu, há 11 anos, pendurar as chuteiras e assumir a prancheta.
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