A falta de medalhões no São Paulo faz bem ao início do trabalho de Rogério Ceni. Havia Fábio, Thiago Neves e Dedé no Cruzeiro. Diego Alves, Rodrigo Caio, Filipe Luís, Everton Ribeiro, Arrascaeta Gabriel Barbosa e Bruno Henrique no Flamengo. O ex-goleiro ainda não tem tamanho para lidar com estrelas tão badaladas como ele era quando defendia a meta tricolor. Isso explica um pouquinho os quatro pontos em dois jogos no retorno ao clube do coração. O tricolor esteve melhor no empate com o Ceará. Evoluiu no triunfo desta segunda contra o Corinthians.
Rogério Ceni não inicia o trabalho pisando em ovos. O trabalho sujo foi feito pelo antecessor. Hernán Crespo tirou o São Paulo da fila. A diretoria também prestou serviço ao escolhido para suceder o argentino ao rescindir o contrato com o único medalhão do elenco: Daniel Alves. Alguns dirão que o zagueiro Miranda é estrela. Sim, mas o novo astro da companhia é pacífico.
O São Paulo ganhou o clássico em 10 minutos porque teve o espírito coletivo daquele Fortaleza das duas passagens de Rogério Ceni pelo time nordestino. Foi ofensivo, controlou a partida e desarmou bastante o adversário. Faltava esse quesito na gestão anterior. Teve alma, coração, justamente o que faltou ao Corinthians de Sylvinho no confronto desta noite no Morumbi.
Taticamente, o São Paulo ainda não é imagem e semelhança de Rogério Ceni. Longe disso. O sistema de jogo 4-4-2, por exemplo, não é o predileto dele, mas vale notar que ele está disposto a se enquadrar ao momento difícil do clube na temporada a fim de proporcionar um fim de ano de ano digno. Há muitos ajustes a fazer em tão pouco tempo de trabalho e a boa notícia é que ele não terá, pelo menos por enquanto, um Thiago Neves minando o trabalho dele, um Gabriel Barbosa fazendo biquinho a cada substituição ou Daniel Alves reivindicando com razão o pagamento de salários atrasados. Que ele saiba lidar com um grupo aparentemente mais fácil de lidar.
Sylvinho volta a viver aquele período de questionamentos. A postura blasé do Corinthians no início da partida custou caro. Não parecia estar diante de um arquirrival. O time ficou atordoado até os 20 minutos do primeiro tempo, equilibrou a partida, criou algumas oportunidades, mas não teve poder ofensivo para arrancar o empate dentro do Morumbi.
Rogério Ceni é o atual campeão brasileiro. Ao contrário de Sylvinho, criou casca grossa na passagem anterior pelo São Paulo e nos trabalhos realizados no Fortaleza, Cruzeiro e Flamengo. Os críticos do técnico de Sylvinho consideram que o elenco reforçado depois das chegadas de Willian, Renato Augusto, Giuliano e Roger Guedes é pesado demais para ele.
A vida de Sylvinho não é fácil. Quando olha para trás convive com o fantasma de ter sido auxiliar de Tite. À frente, convive com a sombra de Mano Menezes. Sim, alguns viúvos do treinador consideram que Mano, sim, tem cacife para assumir esse elenco. Inclusive está disponível no mercado depois da passagem pelo futebol árabe e de recusar convite do Grêmio. Durma com um barulho desse.
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