Pep Bayern vai de Pep Guardiola a Carlo Ancelotti: estilos totalmente distintos

Faça o que eu digo, não faça o que eu faço: como os clubes europeus contradizem na prática a teoria aplaudida de pé no ultrapassado futebol brasileiro

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Estava pensando cá com meus times de botões. A gente mete o pau no futebol brasileiro clamando por uma padronização do estilo de jogo da base ao time profissional — como faz o Barcelona —, critica o entra e sai de treinador sem manutenção alguma de um perfil, de um estilo, de um modelo, e aí, como em um passe de mágica, a Europa começa a fazer tudo ao contrário, do jeitinho brasileiro que os nossos dirigentes adoram fazer por aqui, ou seja, um Flamengo da vida começa o ano com Vanderlei Luxemburgo, muda para Cristóvão Borges e termina com Osvaldo de Oliveira. Um São Paulo alterna de Muricy Ramalho para Juan Carlos Osorio e depois resolve apostar em Doriva. Conceito, perfil, filosofia, modelo? Tudo isso é chutado para escanteio.

Está mais ou menos assim também na Europa. Vejamos alguns casos…

O Bayern de Munique, por exemplo, contratou Pep Guardiola com a intenção de incorporar os conceitos que tornaram o treinador vitorioso no Barcelona um sonho de consumo no mundo inteiro. Agora, que vê o time com a cara do treinador, o clube bávaro foi obrigado a procurar um sucessor para o comandante. E o escolhido é… O italiano Carlo Ancelotti! Numa boa, o que o pensamento de Guardiola tem a ver com o jeito Ancelotti de pensar futebol? Na minha visão, nadica de nada.

E o Chelsea? Poucos clubes são tão apaixonados pelo estilão de José Mourinho como o londrino. Entretanto, a última passagem do português pelo cargo só não foi um desastre completo porque ele conquistou um título do Campeonato Inglês. Ombro amigo do magnata russo Roman Abramovich, o holandês Guus Hiddink topou mais uma vez herdar a bomba enquanto Abramovich planeja uma mudança radical no perfil dos técnicos dos Blues. Depois de empregar José Mourinho, Carlo Ancelotti e Luiz Felipe Scolari e manter uma certa coerência, o mecena tem dois sonhos de consumo. Um deles é Pep Guardiola. O outro? O argentino Jorge Sampaoli, campeão da última Copa América à frente do Chile.

Por falar em treinador chileno, Manuel Pellegrini sabe que não vai ficar no Manchester City. Cansaram da cara dele. Se Jorge Sampaoli trocar o Chile por um Chelsea da vida, Pellegrini pode até pintar como solução para a seleção de seu país. O milionário Manchester City é mais um na lista dos clubes que teriam contratado Pep Guardiola. Portanto, vem aí mais uma ruptura com um estilo.

Estilo de jogo, por sinal, que o Real Madrid perdeu desde a inexplicável saída de Carlo Ancelotti. O cartola Florentino Pérez decidiu trocar o perfil de Ancelotti pelo de Rafa Benítez e ignorou a palavra-chave continuidade. O resultado é a falta de padrão de jogo e principalmente de paz dentro do vestiário do Real Madrid — um problema inexistente nos tempos do pacificador Carleto.

E o Manchester United? Fiel a Alex Ferguson por quase 30 anos, o clube inglês parece cachorro perdido em caminhão de mudança. Sem identidade, esteve sob a batuta de David Moyes e foi à caça de Louis van Gaal. Mas acabou o amor. O Teatro dos Sonhos pode testemunhar mais um pesadelo nesta segunda-feira se os Diabos Vermelhos perderem para o Chelsea pelo Campeonato Inglês. E aí, a diretoria pode passar de Louis van Gaal a José Mourinho. Ou a Pep Guardiola? Ambos estão na mira. Ah, e têm perfis parecidíssimos…

No fim das contas, nem tanto ao céu nem tanto à terra. Quando achávamos que os clubes brasileiros precisavam incorporar alguns conceitos europeus, são os clubes do Velho Continente que surpreendem — e começam a colocar em prática uma moda que julgávamos ultrapassada por aqui.

Maluco mundo essa torre de babel chamada futebol.