CBIFOT021120201841 Maycon diz que os brasileiros estão juntos à espera de socorro. Foto: Sergei Supinsky/AFP Maycon diz que os brasileiros estão juntos à espera de socorro. Foto: Sergei Supinsky/AFP

Ex-Corinthians, Maycon pede ajuda em meio à guerra na Ucrânia: “Não sei até quando teremos comida e internet”

Publicado em Esporte

Revelado pelo Corinthians, o volante Maycon de Andrade Barberan é um dos jogadores brasileiros refugiados em um hotel na capital da Ucrânia, Kiev, em busca de proteção depois da guerra deflagrada pela Rússia contra o país vizinho. Em entrevista ao blog no início da tarde desta quinta-feira, o jogador de 24 anos explicou a estratégia dos atletas do Shakhtar Donetsk e do Dínamo de Kiev para a blindagem deles e dos familiares. 

“Nós decidimos ficar todos juntos para facilitar a logística caso apareça alguma ajuda”, explicou o volante. Questionado se eles retornariam ao país em uma aeronave da Força Aérea caso o Ministério das Relações Exteriores consiga negociar a retirada de brasileiros do país, Maycon respondeu convicto: “Com certeza, é o que esperamos”, afirmou. 

Como o espaço aéreo está fechado, a alternativa mais provável é uma transferência via terrestre para países vizinhos em segurança. A Ucrânia tem fronteiras com a própria Rússia, além de Polônia, Estônia, Letônia, Lituânia, Eslováquia, Hungria, Romênia, Bulgária e Turquia. Haveria escape via Belarus, mas o vizinho apoia as ações de Vladimir Putin.

Maycon está no Shakhtar desde julho de 2018. O clube ucraniano contratou o jogador à época por 6,6 milhões de euros. Ele é um dos 30 brasileiros inscritos na Premier League da Ucrânia, como é chamada a liga nacional do país do Leste Europeu. 

Segundo o volante, os 13 jogadores do Shakhtar Donetsk e um do Dínamo de Kiev estão no hotel que serve de concentração para o time na véspera dos jogos. “É uma situação difícil. Estamos apreensivos, sem saber para onde ir. Queremos ajuda da embaixada”, reforçou Maycon. Donetsk, sede original do clube, na região de Donbass, é alvo dos ataques russos e de separatistas desde 2014, quando a Donbass Arena, casa do time, foi bombardeada. 

Além de Maycon, o hotel hospeda Marlon, Vitão, Ismaily, Dodô, Vinicius Tobias, Marcos Antonio, Alan Patrick, David Neres, Tetê, Pedrinho, Fernando, Junior Moraes e Vitinho, jogador do Dínamo de Kiev, principal concorrente do Shakhtar Donetsk no país. Todos eles estão com as respectivas esposas, filhas e demais familiares. 

“Temos duas preocupações: uma delas é com a alimentação. Não sabemos até quando teremos comida, principalmente para as crianças. Muitos de nós estamos com os filhos aqui. A outra é com comunicação. Não sabemos até quando teremos internet para falar com os nossos parentes e, principalmente, para solicitar ajuda”, explicou Maycon. 

A esposa de Maycon se manifestou nas redes sociais. “Os noticiários dizem que já está tudo certo, tudo calmo, só que não está. Nós ainda estamos presos no hotel e ninguém dá uma posição do que a gente pode fazer, de como podemos sair daqui. E é desesperador ver nossos filhos… as pessoas que estão aqui. Não são só os brasileiros que estão se abrigando no hotel. Queria pedir muito a ajuda de quem puder espalhar este vídeo para para chegar em uma cadeia maior, para nos dar uma força. A Embaixada diz que aqui é o melhor lugar para ficar, mas não queremos ficar aqui”, desabafou Lyarah Vojnovic Barberan.

Jovem, Maycon está no Shakhtar Donetsk desde a temporada 2018/2019. De lá para cá, ajudou o clube a conquistar os títulos de 2019 e 2020 da liga nacional, uma Copa da Ucrânia e uma Supercopa. Acumula oito gols em 88 exibições pelo time. Há quatro anos ajudou o Corinthians, de Fábio Carille, a conquistar o Campeonato Brasileiro. Também participou da campanha do bicampeonato paulista em 2017 e 2018. 

 

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