Berizzo Berizzo é um dos três bons técnicos que surgiram no Newell's Old Boys vice da Libertadores em 1992. Foto: AFP Berizzo é um dos três bons técnicos que surgiram no Newell's Old Boys vice da Libertadores em 1992. Foto: AFP

Ex-auxiliar de Bielsa, terror do Barcelona e ameaça ao Brasil de Tite: conheça Eduardo Berizzo

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O técnico argentino Marcelo Bielsa não é Jesus Cristo, mas fez muitos discípulos no mundo da bola. Três deles jogavam sob o comando do “El Loco” naquele timaço do Newell’s Old Boys derrotado pelo São Paulo de Telê Santana na decisão da Copa Libertadores da América, em 1992. Os técnicos Mauricio Pochettino (Paris Saint-Germain), Gerardo “Tata” Martino (México) e… Manuel Eduardo Berizzo Magnolo! Sim, esse mesmo, o técnico do Paraguai, rival do Brasil nesta terça-feira, às 21h30, na oitava rodada das Eliminatórias para a Copa do Mundo do Qatar-2022. Naquela decisão contra o São Paulo, o ex-zagueiro fez o gol do time argentino na partida de ida, em Rosário, e perdeu a primeira cobrança na disputa por pênaltis no Morumbi (ver vídeo).

Ausente nas últimas duas edições da Copa (2014 e 2018), o Paraguai evolui sob o comando de Berizzo. Chegou às quartas de final da última Copa América e vendeu caro a eliminação contra o Brasil nos pênaltis, na Arena do Grêmio, em Porto Alegre. Segurou 0 x 0 no duelo tático com Tite e perdeu nos pênaltis por 4 x 3 (assista ao vídeo abaixo). O respeito ao adversário não se deve apenas a esse jogo. O Paraguai está em quarto, na zona de classificação para o Mundial. A questão (também) tem a ver com Eduardo Berizzo.

 

 

Em 1º de setembro de 2014, o técnico do Paraguai espantou o mundo da bola ao vencer o Barcelona do trio MSN — Messi, Suárez e Neymar — por 1 x 0, no Camp Nou, pelo Campeonato Espanhol. Comandava o modesto Celta contra o timaço liderado pelo espanhol Luis Enrique.

 

“Ele (Bielsa) mostrou-me que as coisas se constroem graças ao trabalho e à preocupação de ser sempre melhor, de buscar a perfeição”

Eduardo Berizzo, técnico do Paraguai, em 2015

 

A turma do menosprezo achou que o Barcelona estava em um mau dia. Pode até ser, mas houve atuação pior. Em 23 de setembro de 2015, o raio chamado Eduardo Berizzo atingiu o Barcelona pela segunda vez. Só mudou o endereço: Balaídos. O Celta goleou o Barcelona por 4 x 1. Era o Barcelona de ter Stegen; Daniel Alves, Piqué, Mascherano e Mathieu; Sergi, Busquets e Iniesta; Messi, Suárez e Neymar. Três meses antes, esse timaço havia conquistado a Champions League na decisão contra a Juventus, em Berlim.

Eduardo Berizzo goleou o Barcelona pelo Celta, mas também sofreu goleadas. Uma delas, por 6 x 1. O técnico do Paraguai é oito ou oitenta. Fiel ao Bielsismo. Encanta e desencanta facilmente. Um tormento para quem é escravo de resultados.

 

 

Marcelo Bielsa e Eduardo Berizzo trabalharam juntos na seleção do Chile e sofreram contra o Brasil de Dunga. O atual comandante do Paraguai era auxiliar do “El Loco”. Unidos, enfrentaram o Brasil duas vezes na primeira Era Dunga. Nas Eliminatórias para a Copa 2010, os chilenos perderam no Estádio Nacional, em Santiago, por 3 x 0, e salvaram o emprego do capitão do tetra. Dunga havia fracassado nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008. Em vez do ouro, voltou com o bronze.

O Chile perdeu novamente por 4 x 2, em Pituaçu. A dupla classificou o Chile para o Mundial da África do Sul, mas Berizzo quebrou o pau nas Eliminatórias em um jogo contra a Colômbia. Pegou seis jogos de gancho e teve de cumpri-los na África do Sul. Sem o pupilo a tiracolo, Bielsa avançou com o Chile às oitavas de final e trombou novamente com o carrasco Brasil. A Seleção impôs mais um 3 x 0, em Johanesburgo.

 

 

Depois de quatro anos de aprendizado com Marcelo Bielsa, Eduardo Berizzo seguiu carreira-solo. Na América do Sul, passou rapidamente pelo Estudiantes de La Plata e atraiu os olhos da Espanha ao levar o O’Higgins ao título do Torneio Apertura do Campeonato Chileno em 2013. Levou o Celta às semifinais da Copa do Rei da Espanha e da Liga Europa em 2017. Vendeu caro a eliminação contra o Manchester United de José Mourinho ao perder em casa por 1 x 1 e empatar por 1 x 1 em Old Trafford.

Sucessor de Jorge Sampaoli no Sevilla, deixou o cargo para combater o câncer de próstata. Quando foi curado da doença, entrou na pauta do Flamengo pelo menos duas vezes. A primeira na demissão de Paulo César Carpegiani. Depois, na saída de Zé Ricardo.

Eduardo Bandeira de Mello preferiu Reinaldo Rueda. Enquanto isso, Berizzo retornava à Espanha para uma passagem melancólica pelo Athletic Bilbao — duas vitórias em 13 jogos — e ficaria desempregado até Juan Carlos Osorio pedir o boné na seleção do Paraguai.

Eduardo Berizzo chega a mais um duelo tático com o Brasil acumulando a experiência de quem enfrentou técnicos de ponta na Europa. Luis Henrique, José Mourinho, Zinedine Zidane, Carlo Ancelotti. Portanto, Tite que se cuide para não cair nas armadilhas de uma das crias de Marcelo “El Loco” Bielsa.

 

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