Evolução da Seleção feminina passa pela contratação de treinadora estrangeira de ponta. Coragem, CBF!

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Antes do embarque das nossas repórteres do Correio Braziliense e blogueiras do Elas no Ataque Maíra Nunes e Maria Eduarda Cardim para a belíssima cobertura da Copa do Mundo feminina, na França, em tabelinha com Mariana Fraga na redação em Brasília, defendi a tese de que a contratação de uma treinadora estrangeira é uma saída para a evolução da Seleção. Não duvido, por exemplo, da capacidade de Emily Lima, que teve o trabalho interrompido bruscamente e injustamente pelos cartolas da CBF, mas acho que a entidade máxima do futebol brasileiro precisa abrir o cofre, ser ousada, peitar concorrentes gigantes em busca de excelência.

Excelência, para mim, é apresentar proposta irrecusável a alemã Silvia Neide, eleita duas vezes a melhor treinadora do mundo. Quem sabe, enviar uma oferta para a sueca Pia Sundhage. Sondar a inglesa Jill Ellis, comandante dos Estados Unidos, ou Sarina Wiegman, uma das responsáveis pela revolução da Holanda — atual campeã da Eurocopa. Contei aqui no blog há três anos a história da excelente Corinne Diacre da França, quando a mulher que desbancou o Brasil neste domingo ainda liderava o time masculino do Clermont Foot, na segunda divisão do Campeonato Francês. Por que não tentar depois da Copa do Mundo, CBF? Ouvirá no máximo “não”.

A comissão técnica da Seleção feminina (quase) sempre foi economia para a CBF. Tratada como se fosse um puxadinho, uma seleção amadora. À exceção do competente René Simões, nunca houve uma escolha de impacto, excelência para o cargo. Oswaldo Alvarez, o Vadão, vive do excelente “carrossel capira” do Mogi Mirim nos anos 1990, mas lamentavelmente não conseguiu formar um time. O Brasil alcançou oitavas de final na base da individualidade de Marta e Cristiane. As duas foram ao limite da capacidade física e técnica.

A comoção nacional com a eliminação do Brasil da Copa do Mundo contra a França não é novidade. Estava no script. Repete o que aconteceu nas semifinais dos Jogos Olímpicos do Rio-2016 na derrota nos pênaltis para a Suécia, por 4 x 3, no Maracanã, quando a Seleção desperdiçou a chance de disputar a medalha de ouro dentro de casa. Houve desabafos justos, lágrimas, solidariedade com a situação do futebol feminino no país, discursos bonitinhos de apoio e protestos nas redes sociais seguidos por três anos de esquecimento.

  • Técnicos da Seleção feminina
    1994-2004: Zé Duarte
    2004: René Simões
    2004-2006: Luiz Antônio
    2006-2008: Jorge Barcellos
    2008-2011: Kleiton Lima
    2011-2012: Jorge Barcellos
    2012-2014: Márcio Oliveira
    2014-2016: Vadão
    2016-2017: Emily Lima
    Desde 2017: Vadão

Tomara que não, mas a Seleção — e o futebol feminino — voltarão para a gaveta até o torneio dos Jogos Olímpico de Tóquio-2020. Marta e companhia estão classificadas antecipadamente após o título da Copa América no Chile, em 2018, mas chega de chama-las de guerreira. É preciso entregar os talentos nas mãos de quem possa alçá-las a um outro patamar no ciclo até a Copa-2023, quem sabe no Brasil.

Lá na França, o coordenador Marco Aurélio Cunha fez o papel dele. Defendeu a continuidade do trabalho. Discordo. Vadão e boa praça, esforçado, não tenho dúvida de que se esforçou, dedicou-se ao extrema. Porém, vale lembrar, comandou a Seleção nos últimos dois Mundiais. Em ambos, foi eliminado nas oitavas de final contra Austrália (2015) e França (2019), respectivamente. Fracassou também nos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Resumindo: são praticamente dois ciclos sob o mesmo comando — com a passagem repentina de Emily Lima pelo cargo antes da volta de  Vadão.

A evolução, e talvez a revolução, passa pela entrega da prancheta a uma treinadora estrangeira. Coragem, CBF. Abra o cofre, presidente Rogério Caboclo. Marta merece uma comissão técnica de alto nível no próximo projeto — a caça ao inédito ouro em Tóquio.

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Marcos Paulo Lima

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