Espanha x Inglaterra: final da Copa Feminina premia carinho com a base

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A Europa volta a ser o centro do mundo na Copa Feminina. Vinte anos depois, o torneio voltará a ter uma final entre dois países do Velho Continente. Em 2003, a Alemanha superou a Suécia na decisão. No domingo, às 7h (de Brasília), testemunharemos Espanha x Inglaterra. Uma delas terá acesso à seleta sala de troféus para se juntar a Estados Unidos, Alemanha, Noruega e Japão no hall dos campeões. A grande lição da Copa, inclusive para o Brasil, é a seguinte: não dá mais para fazer futebol profissional na base do mutirão, ou seja, formar um time a toque de caixa para disputar torneios de ponta e depois abandonar a formação até o evento seguinte. Países como Nigéria, Jamaica e outras tinham equipes para disputar a Copa, mas elas são praticamente esquecidas no calendário do dia a dia da modalidade. A Inglaterra tem a melhor liga do mundo. A Espanha, uma das!

A finalíssima prova o óbvio ululante. O mais alto nível do futebol feminino é praticado na Europa. A Champions League Feminina é um sucesso. A Eurocopa nem se fala. Quem acompanhou a edição do ano passado sabia da força das seleções de lá comprovada pela presença de três delas nas semifinais. A Austrália foi exceção contra Inglaterra, Espanha e Holanda entre as quatro.

Atual campeã da Eurocopa, a Inglaterra eliminou a Austrália, uma das anfitriãs ao lado da Nova Zelândia, por 3 x 1. Sam Kerr foi ao limite na tentativa de levar as Matildas à final. Marcou um golaço. No entanto, as Leoas estão muito maduras para conquistar o título. Mais até do que a surpreendente Espanha. Ella Toone, Lauren Hemp e Alessia Russo ignoraram a pressão da torcida da casa e simplesmente resolveram.

A Inglaterra alcança a final inédita como resultado de um processo em todas as categorias independentemente de gênero. Há cinco anos, o país terminava o Mundial Sub-20 Feminino na terceira posição. Jogadoras como Alessia Russo, Lauren Hemp, Ellie Roebuck e Chloe Kelly faziam parte daquele grupo.

A Football Association (FA) tem um projeto. No masculino, o pais conquistou o Mundial Sub-17 e o Mundial Sub-20 em 2017. Terminou a Copa do Mundo de 2018 em quarto lugar. Foi vice da Eurocopa em 2021 ao perder para a Itália nos pênaltis. Um ano depois, a seleção feminina desbancou a Alemanha, em Wembley, na final da Eurocopa Feminina.

A Espanha também é um fenômeno forjado na base. A seleção ibérica amargou o vice no Mundial Sub-20 de 2018. No ano passado, conqusitou o título do torneio juvenil. Sensação da Copa, Salma Paralluelo era a camisa 11 daquela esquadra. O Barcelona é um dos propulsores da revolução. Das últimas cinco edições da Champions League Feminina, o clube catalão ganhou duas e foi vice em outras duas. Um baita processo de evolução.

Na Eurocopa do ano passado, a Espanha foi eliminada justamente pela Inglaterra nas quartas de final. As Leoas triunfaram por 2 x 1 na prorrogação e marcharam rumo ao título inédito dentro de casa depois de superar Suécia (semifinal) e Alemanha na decisão. Uma das duas seleções repetirá o feito da Alemanha. Os germânicos são os únicos campeões da Copa nas versões feminina e masculina.

Enquanto a final não chega, precisamos falar sobre a técnica Sarina Wiegman. Há quatro anos, ela guiou a Holanda ao vice na Copa da França. Em 2023, classifica a Inglaterra para a final. Duas decisões consecutivas. Os últimos dois títulos da Eurocopa têm a assinatura dela com Holanda (2017) e Inglaterra (2022).

Sarina Wiegman tentará o terceiro título consecutivo das mulheres na Copa. Jill Ellis levou os Estados Unidos ao bi em 2015 e em 2019. Norio Sasaki é o último técnico homem campeão do torneio. Levou o Japão ao título em 2011. Uma das referência do investimento da Espanha nas divisões de base, Jorge Vilda tentará quebrar o tabu pela Espanha no domingo. Contra tudo e contra a todas. Inclusive parte do elenco, que o detesta mas está na final. Como diz a minha querida mãe, “durma com um barulho desse!”.

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Marcos Paulo Lima

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