Brasil Gabriel Jesus decretou a nona partida invicta da Seleção. Foto: Lucas Figueiredo Gabriel Jesus comemora o gol da vitória por 1 x 0 sobre a Alemanha

Espanha imbatível na era Lopetegui e Brasil pouco vazado na gestão de Tite saem fortalecidos da última data Fifa antes da Copa do Mundo

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Adenor Leonardo Bachi, o Tite, assumiu a Seleção em 20 de julho de 2016. Se considerarmos os amistosos e jogos oficiais das seleções a partir dessa data, o Brasil só perdeu menos do que a Espanha entre as esquadras classificadas para a Copa. Em tese, o retrospecto aponta ambas como favoritas ao título da Copa da Rússia — principalmente a Espanha. A teoria na prática é outra a partir de 14 de junho. Enquanto o Mundial não chega…

Time que não perde sempre merece atenção. Com a goleada por 6 x 1 sobre a Argentina, os campeões de 2010 continuam imbatíveis sob o comando de Julen Lopetegui. Desde que ele herdou a Espanha de Vicente Del Bosque, acumula 13 vitórias e cinco empates. Impressionante! Na lista de adversários, aparecem Bélgica, Itália, Inglaterra, França, Alemanha e Argentina, ou seja, cinco dos sete países que já conquistaram o caneco. Só faltou enfrentar o Uruguai e o Brasil. Não houve confronto entre as duas esquadras depois daquele 3 x 0 na finalíssima da Copa das Confederações de 2013.

O Brasil só perdeu um jogo na era Tite. O Superclássico das Américas de 2017 contra a Argentina, na Austrália. De lá para cá, acumula nove exibições sem derrota. O que mais chama a atenção é o baixo número de gols sofridos nos 19 jogos: cinco. Nenhuma defesa é tão sólida quanto a da Seleção.  Isso é uma marca dos times comandados por Tite. A Inglaterra é a que mais se aproxima do desempenho defensivo do Brasil. De julho de 2016 até agora, sofreu 10 gols. Não era vazada havia cinco partidas até sofrer um gol da Itália no empate desta terça, por 1 x 1.

É bom prestar atenção em seleções que não perdem, como a Espanha; que perdem pouco, como a Bélgica, com apenas uma derrota em 17 jogos pós-Eurocopa; em quem sofre poucos gols, caso do Brasil; mas também nos melhores ataques. Desde que Tite assumiu, Alemanha e Espanha são os mais ofensivos. Cada um balançou a rede 59 vezes. Abaixo das duas, Portugal. Apesar de ter sido goleado pela Holanda por 3 x 0, Portugal acumula 58 bolas na rede.

A evolução do time de Tite nos cruzamentos para a área, na chamada bola aérea, é uma evolução que deve ser destacada na vitória sobre a Alemanha. No ano passado, fiz uma matéria no Correio Braziliense mostrando que todos os cinco gols sofridos pelo Brasil na atual gestão começaram em cruzamentos. Quatro foram de cabeça. No Grupo E, teremos pela frente a Sérvia, equipe mais alta da Copa da Rússia. A retaguarda passou sufoco, mas soube sofrer (expressão da moda) até o fim no Estádio Olímpico, em Berlim.

A vitória por 1 x 0 não permite soltar fogos. Há muito o que lapidar nos amistosos contra a Croácia e a Áustria. A Alemanha jogou abertamente contra o Brasil. Teve mais posse de bola, pressionou, encurralou. Na Copa, Suíça, Costa Rica e Sérvia dificilmente farão o mesmo. Podemos até nos surpreender, mas a tendência é que joguem fechadinhos.

A vitória sobre a Alemanha serviu como terapia do 7 x 1, uma espécie de operação caça-fantasmas. Foi bom enfrentar o maior carrasco da história da Seleção antes de um provável reencontro oficial. Joachim Löw escolheu escalar o time principal no empate por 1 x 1 com a Espanha. Mesmo assim, testou a juventude do menino Gabriel Jesus, que fez o primeiro gol dele sobre um adversário europeu; e a paciência, a atenção, o poder de concentração do jogo coletivo do Brasil. Afinal, inteligência emocional, força mental será tudo daqui a 78 dias…