Ser escolhido para apitar a única exibição de Diego Armando Maradona na capital do país é privilégio de um morador do Distrito Federal. Em 18 de fevereiro de 2006, o então recém-aposentado Luciano Augusto Silva Teotônio de Almeida ganhou de presente a missão de mediar o clássico entre Brasil e Argentina pelo Showbol, no Ginásio Nilson Nelson. Estrelas como Ricardo Rocha e Djalminha tentavam tornar o estilo de jogar bola popular em parceria com a Argentina e organizaram turnês pelos dois países para divulgar a modalidade. Uma dos locais escolhidos para a montagem do circo foi Brasília. D10S tinha 46 anos. Mesmo fora de forma, teve tempo de tornar a vinda ao quadrado inesquecível. Fez farra no hotel, comeu carne brasileira no Lago Sul, deu atenção as fãs, fumou charuto, fez dois gols na partida e teve tempo de posar para uma foto histórica justamente ao lado do carioca radicado no Distrito Federal Luciano Almeida. Aos 61 anos, o ex-goleiro do Taguatinga conta no bate-papo a seguir com o blog o que recorda daquela noite de sábado.
Em 2006, você foi chamado para ser o juiz do clássico Brasil x Argentina, no Nilson Nelson, em um duelo do Showbol. O que recorda do único jogo do Maradona em Brasília?
Não tenho grandes lembranças desse jogo. São 14 anos. É tempo pra caramba. Sei que foi 8 x 4. O Alejandro Mancuso (volante, ex-Palmeiras e Flamengo) tumultuou pra caramba. Era um jogador muito chato na época.
Maradona deu muito trabalho?
Maradona veio e jogou. Se eu não me engano, fez dois gols. Foi uma partida tranquila. Estavam Djalminha, Viola, Dunga, uma turma grande do Brasil. Matías Almeyda, que foi um zagueiro argentino, estava nessa partida. Goycochea…
E o clima no ginásio?
Achei até que, na época, para o tamanho da movimentação causada pelo Maradona nos lugares por onde ele passou (em Brasília), faltou um pouco de divulgação do evento. Tanto é que tinha poucas pessoas no Nilson Nelson.
O Showbol foi uma tentativa frustrada?
Foi um jogo festivo. Se eu não me engano, eles estavam promovendo o Showbol para que se tornasse um esporte em que, principalmente os ex-jogadores, pudessem se adaptar. Como foi em relação ao beach soccer durante um tempo. Então, era o que eles queriam fazer com o Showbol. Acabou não vingando.
Foi um presente ter apitado uma partida do Maradona?
Eu já havia parado de arbitrar em 2004. Apareceu esse convite, chamei também o Erenilson, que está ao meu lado na foto e também foi árbitro da CBF e assistente aqui em Brasília. Fomos lá fazer esse jogo totalmente sem compromisso. Foi um evento comemorativo e festivo.
Comemorativo, festivo e que rendeu uma relíquia…
Rendeu a foto. É a única coisa que eu tenho marcante.
Houve algum bate-papo com o Maradona? O que ele conversou com vocês?
O assédio era muito grande. Ele cumprimentou os árbitros, tirou essa foto, e dentro da quadra respeitou a arbitragem sem grandes problemas. Ele tratou como um jogo de apresentação, festivo, mais como diversão do que competição. Quem deu mais trabalho foi aquele tal de Mancuso, o Dunga não pode ficar para trás, ele sempre gosta de interferir, o Djalminha também muito chato… Mas em relação ao Maradona, não. Muito tranquilo. Recebeu a gente muito bem no momento da foto. Além do nos cumprimentar desejou boa sorte e fomos para o jogo. O que ficou marcado foi essa oportunidade de, mesmo depois do fim das nossas carreiras, trabalharmos no jogo de um atleta como o Maradona, com reconhecimento internacional. Isso foi muito legal.
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