Entrevista | Adauto Gudin: “O Gama será em breve meu maior case”, diz diretor de marketing da SAF

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Ele começou a trabalhar em 1° de setembro no meio de uma “guerra fria”. De um lado, o Gama Sociedade Anônima do Futebo (SAF), dono de 90% das ações, para quem presta serviço em tempo integral. Do outro, a Sociedade Esportiva do Gama (SEG), proprietária de 10%. Alheio ao litígio entre as duas empresas, o paulista Adauto Gudin assumiu o cargo de diretor de marketing da SAF. É dele a missão de atrair investidores para o clube mais popular e recordista de títulos do Distrito Federal. No início do mês, começou a expor a marca em um estande montado no Brasil Futebol Expo 2022, evento promovido pela CBF, em São Paulo.

Ex-prestador de serviços de patrocínios e parcerias para Fluminense, Santos e Sport, o profissional se apresenta como profissional “com mais de 25 anos de experiência em marketing, eventos e patrocínio atuando no planejamento, desenvolvimento e comercialização de projetos”. Gudin conversou com o blog sobre os planos para o clube em mais uma temporada difícil. O alviverde disputará apenas o Candangão. Na base, o time tem vaga assegurada na Copa São Paulo de Futebol Júnior como vice-campeão da categoria no Distrito Federal. O título ficou com o Ceilândia.

Como foi o convite e o seu processo de aceitação para assumir o desafio de captar recursos para o Gama SAF?

Conheço o Leonardo Scheinkman (diretor do Gama SAF) já há algum tempo e sempre conversamos sobre gestão e marketing no futebol. Percebemos que em vários pontos tínhamos visões semelhantes e complementares. Isso facilitou o nosso entendimento quando ele veio falar comigo sobre a possibilidade de ajudar no projeto do Gama nas áreas de marketing, patrocínios e parcerias. Daí para aceitar o convite foi fácil, pois o Gama é um clube com uma grande torcida, bem posicionado numa região próspera e diferenciada por estar no Distrito Federal e capital do país. Além disso, tem um histórico de conquistas e uma marca forte no futebol nacional, o que é um motivador para qualquer profissional, além de poder começar a desenvolver seu trabalho praticamente do zero, planejar e executar as etapas, poder ver o desenvolvimento e resultados dentro e fora de campo.

Qual é a visão que você tinha do Gama, um time que passou quatro anos na Série A do Campeonato Brasileiro de 1999 a 2002, e tem agora à frente de um processo tão importante?

Dentro e fora de Brasília o Gama é visto como um grande time, mas as pessoas não entendem como o clube chegou aonde chegou. Mas não é só o problema do Gama. É do Santa Cruz, de um Paysandu, de um Joinville, de um Paraná Clube, de uma Portuguesa, de um América e Bangu. Clubes grandes de outrora no futebol brasileiro e que hoje não estão em boas condições. O caminho para baixo é rápido, o de crescimento é mais complicado. O desafio é tirar o clube dessa situação e colocá-lo onde merece, na Série A do Brasileiro.

É possível resgatar a marca Gama em curto prazo? Como?

Depende do que entendemos por curto prazo, pois podem ser 1, 2 ou até 3 anos em alguns casos. Mas claro, não só é possível, como vamos fazer isso. Acreditamos que os resultados e, principalmente, nosso trabalho, vão aparecer mais e positivamente, e assim a torcida, imprensa, instituições e o mercado como um todo irão ver nossas iniciativas e mudanças, não só resgatando, mas desenvolvendo e transformando  a marca do Gama em algo cada vez mais representativo dentro do futebol.

Qual é o seu projeto para o clube e por que a torcida do Gama pode confiar no seu trabalho?

Acreditamos que o clube representa muito para o torcedor e todos do Gama e Distrito Federal, pois sempre foi a sua maior expressão esportiva e motivo de referência e orgulho para todos. Nosso trabalho parte daí e  sabemos da nossa responsabilidade. A vantagem de começar um trabalho do zero, mas com essa história e torcida, é uma oportunidade muito boa e vamos trabalhar com os valores do clube. Ao mesmo tempo, trazer os melhores conceitos de gestão e marketing esportivo. Vamos trabalhar com muita tecnologia, conteúdo e comunicação direta com os sócios e fãs, ações de relacionamento, entretenimento e hospitalidade, oferta de novos produtos e serviços no estádio, além do novo site e produtos digitais que iremos implementar. Acredito que algumas das mudanças que já estamos trazendo, como uma equipe de profissionais experientes e empresas parceiras reconhecidas no mercado, serão alguns dos principais motivos que irão trazer a confiança do torcedor neste novo projeto  do Gama.

Conta para a torcida o seu maior case ou cases em desafios com times de futebol?

Estamos desenvolvendo o projeto de negócios com um time de profissionais de  marketing, patrocínio e comunicação que inclui profissionais do futebol e também de outros mercados, e que irão trazer negócios, desenvolver produtos, serviços e projetos de patrocínios com marcas nacionais e regionais para o Gama. Eu, por exemplo, estou trabalhando de São Paulo neste momento, mas tenho experiência de projetos de patrocínio esportivo em todo o Brasil nos últimos 10 anos, já tendo trabalhado com equipes de futebol como o Santos, Fluminense, Sport e agora o Gama, que com certeza, é algo diferente por ser uma nova gestão e um projeto que estamos começando do zero, e que em breve, será o meu maior case.

O que a maior torcida do Distrito Federal pode esperar do ponto de vista do marketing para a próxima temporada, ou seja, já no Candangão? A participação na Copinha é o primeiro grande desafio?

No Candangão já estaremos com nosso time de parceiros e patrocinadores e será o começo da execução do projeto  para a torcida e meios de comunicação, com ações visíveis já sendo implementadas. Queremos trazer parceiros relevantes e que agreguem ao nosso projeto por meio de seus produtos e serviços e não somente com recursos financeiros. Nosso modelo é o de relacionamento a longo prazo e vamos priorizar marcas e parceiros que interajam com os torcedores e a comunidade do Gama. A participação na Copa São Paulo de Futebol Júnior, ou Copinha como também é carinhosamente chamada, é um grande desafio, sim, pois se trata de uma competição nacional muito desejada. Vamos participar ao lado dos maiores clubes do Brasil, e pode nos trazer bons resultados no campo e também fora dele.  Um dos nossos pilares desta nova gestão são as categorias de base e a Copinha é um torneio muito importante e com grande visibilidade no Brasil.

O Gama teve um stand na BFEXPO 2022. Quais foram as percepções do público sobre o clube e quais foram as conquistas no evento?

Sabemos da importância do Gama e do Distrito Federal no cenário nacional, e nada mais justo e bem posicionado para este projeto do que participar da principal feira e evento sobre futebol da América Latina, posicionando nossa marca junto aos maiores e mais representativos clubes do futebol brasileiro, local onde vamos recolocar o Gama definitivamente e essa feira representou nossa primeira iniciativa e ação nacional dentro do projeto do Gama SAF. No evento, apresentamos nossa nova gestão e pilares. Fomos muito bem recebidos, sendo vistos  e realizando contatos com os principais  profissionais, executivos e marcas do futebol brasileiro e sul-americano.

Adauto Gudin e o gerente de marketing do Corinthians, Alex Watanabe, na exposição do Gama na BFEXPO-2022

Por que o Distrito Federal, que tem o sétimo maior PIB do país, que tem o segundo maior estádio do Brasil, não consegue ter um time de futebol que lhe represente?

Eu acho que, para o bem do futebol brasileiro, seria importante ter um time na Série A em Brasília. É um mercado grande, importante, mas como falamos anteriormente, é necessário fazer uma construção que eu acho que não existe até agora.

O futebol de Brasília já teve ações inusitadas que chamaram atenção no país muito mais pelo folclore do que pela sustentabilidade dos projetos. Não dá mais para viver de folclore no futebol?

Não dá e acho que nunca deu para viver de folclore, pois o que acontecia na maioria destes projetos era que sempre tinham algum tipo de mecenato ou financiamento de quem não estava  muito preocupado com a qualidade ou sustentabilidade do projeto, conduzindo a gestão de uma forma amadora. Hoje, isso não cabe mais dentro do futebol e no Distrito Federal não deve ser diferente, pois é uma região proeminente, com potencial e precisa de um modelo forte e equipes competitivas para fazer jus a sua comunidade, onde essas histórias tem que ficar somente no passado e memória do torcedor no DF.

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Marcos Paulo Lima

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