Entre os grandes, São Paulo é finalmente o primeiro na Copa do Brasil

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A Copa do Brasil tem um campeão inédito depois de quatro anos. Demorou, mas o São Paulo é o 17º clube na sala de troféus do torneio inaugurado em 1989 pela CBF. A conquista chega com uma inacreditável autoridade até mesmo para o mais otimista dos torcedores do clube. A caminhada até o título teve triunfos contra os dois times mais ricos e badalados do país — o Palmeiras nas quartas de final e o Flamengo na decisão deste domingo, no Morumbi. Triunfo por 2 x 1 no placar agregado. Vitória por 1 x 0 no Maracanã e empate por 1 x 1 em casa.

O título inédito do São Paulo é um tributo às divisões de base. Cria de Cotia, Rodrigo Nestor desequilibrou a decisão.  No Rio, deu cruzamento milimétrico para Calleri cabecear a bola no fundo da rede de Matheus Cunha. Em São Paulo, acertou um chute na veia, de fora da área, e acertou o canto esquerdo do goleiro Agustín Rossi. Futebol é detalhe. Finais, então, nem se fala.

Os times de Jorge Sampaoli costumam congestionar a área no posicionamento defensivo em lances de bola área. Dorival Júnior sabia disso. Rossi deu soco na bola para fora da área do Flamengo, porém não havia homem da sobra para impedir a volta da posse de bola ao tricolor. Rodrigo Nestor estava lá devidamente posicionado para chutar com primor do meio da rua.

Lucas Moura também é formado nas divisões de base do São Paulo. O meia-atacante retornou ao clube há 53 dias. Chorou como criança na eliminação da Sul-Americana nos pênaltis contra a LDU do Equador. Ri de alegria ao ajudar a marcar uma nova era. O último título relevante do clube havia sido justamente a Sul-Americana em 2012. Repatriado, brinda o clube com a conquista de um título nacional. O último havia sido em 2008, no Distrito Federal. O time derrotou o Goiás por 1 x 0, no Bezerrão, e festou o Campeonato Brasileiro no Gama.

O reforço de ponta do São Paulo foi gigante neste domingo. Quebrou linhas com arrancadas e gerou muitos problemas para o sistema defensivo do Flamengo. Assumiu a responsabilidade de levar o time ao título desde as semifinais contra o arquirrival Corinthians, outro gigante derrubado pelo Soberano na campanha rumo ao título da Copa do Brasil.

Uma conquista assinada por Dorival Júnior. Salmos 23 se cumpriu na vida do técnico. Os deuses da bola prepararam uma mesa, ou melhor, um gramado perante os inimigos que o dispensaram injustamente no ano passado. O paulista de Araraquara havia brindado o Flamengo com os títulos da Copa do Brasil e da Libertadores. A diretoria rubro-negra preferiu não renovar com ele. Apostou em Vítor Pereira, derrotado justamente por Dorival na final da Copa do Brasil.

Pois Dorival Júnior alcança o patamar de Mano Menezes no ranking dos técnicos campeões da Copa do Brasil. É tricampeão. A trilogia começou no Santos (2010), passou pelo Flamengo (202) e desembarca no São Paulo. Dorival e Mano só estão atrás do tetracampeão Felipão. Dorival Júnior tinha um plano: controlar o Flamengo nos dois jogos. Impedi-lo de acelerar o jogo. Conseguiu na ida e na volta. Domado, o adversário se comportou como Dorival determinou.

O São Paulo está na Libertadores. Dorival Júnior se vinga instaurando uma crise sem precedentes no Flamengo. O clube carioca perdeu sete títulos em 2023: Supercopa do Brasil, Mundial de Clubes da Fifa, Recopa Sul-Americana, Taça Guanabara, Campeonato Carioca, Libertadores e a Copa do Brasil. O oitavo está encaminhado. O Flamengo e sétimo no Campeonato Brasileiro. Jorge Sampaoli será demitido. O sucessor precisa remar para não evitar o maior dos vexames: o time mais rico do país pode ficar fora da Libertadores pela primeira vez em seis temporadas.

Twitter: @marcospaulolima

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Marcos Paulo Lima

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