No ano passado, o Botafogo ganhou o apelido de exterminador de campeões na Libertadores. Eliminou Olimpia, Colo-Colo, Estudiantes, Atlético Nacional e Nacional. Nesta temporada, o Glorioso pode ser chamado de exterminador de técnicos. Zé Ricardo é o terceiro treinador a deixar o cargo depois de um mau resultado contra o clube de General Severiano. Após nove meses no cargo, pediu o boné depois da derrota do Vasco por 2 x 1, em São Januário.
Paulo César Carpegiani perdeu o emprego depois de o Flamengo ser eliminado pelo Botafogo nas semifinais do Campeonato Carioca. Neste Brasileirão, Nelsinho Baptista deu adeus ao Sport após empatar com o alvinegro na Ilha do Retiro, pela segunda rodada. Nos três jogos em questão, o carrasco foi o mesmo — o técnico Alberto Valentim. Mera coincidência.
O pedido de demissão de Zé Ricardo era esperado. Ele chegou ao limite. Passou até. Levou o elenco da ameaça do rebaixamento a Libertadores. Da Libertadores à Sul-Americana. ao derrotar a Universidad de Chile, em Santiago. Blindou ao máximo um elenco fraco, desacreditado e sem salário da baderna política do clube. No auge dos maus tratos ao Gigante da Colina, nem sabia se o clube teria dinheiro para pagar a viagem até o Chile (lembram?) para enfrentar o Concepción. Dentro das quatro linhas, Zé Ricardo também teve culpa, por exemplo, ao insistir em nomes tecnicamente incapazes de vestir a camisa do Vasco. Foi teimoso como no Flamengo. Em 50 jogos, venceu 22, empatou 13 e perdeu 15. Aproveitamento de 52,7%.
A saída de Zé Ricardo inaugura oficialmente a era Paulo Pelaipe. O técnico já estava em São Januário quando o executivo assumiu o cargo. Agora, será dele o nome do sucessor, ou seja, o primeiro treinador escolhido a dedo por Pelaipe. Não que ele quisesse. O dirigente diz que foi pego de surpresa com a decisão e que o clube perde um grande profissional.
Paulo Pelaipe é raposa velha. Um dirigente capaz de sacadas geniais, como buscar Mano Menezes no Caxias, em 2005, para assumir o Grêmio na Série B; surpreendentes, como a contratação de Jorginho para o lugar de Dorival Júnior em 2013, no Flamengo; ousadas, como a tentativa de levar Dunga para o Grêmio, em 2012; ou conservadoras, como a apresentação de Vanderlei Luxemburgo para o cargo de comandante tricolor, em 2012.
Com base no primeiro técnico escolhido por Paulo Pelaipe para assumir o Flamengo, ouso arriscar que o dirigente está à procura de um nome identificado com o Vasco. O tetracampeão Jorginho herdou a prancheta de Dorival Júnior. Portanto, eu não me surpreenderia, por exemplo, se ele estiver pensando em Dunga, com quem tem afinidade. O ex-técnico da Seleção foi jogador do time cruz-maltino, onde conquistou o Campeonato Carioca em 1987. Se for ousado, Pelaipe poderia apresentar oferta ao ex-comentarista Juninho Pernambucano, com quem o presidente Alexandre Campello tem afinidade. Falou até em fazer um jogo de despedida para o ídolo. Quem sabe procuraria Cristóvão Borges.
Como tudo, por enquanto, não passa de especulação, Paulo Pelaipe despistou no contato com os jornalistas. “Vou dizer com toda honestidade: não tem um perfil (do técnico). Não tivemos tempo para pensar. Vou ser repetitivo: fomos pegos de surpresa. Não conversamos com o presidente. Vamos conversar. “Vamos dormir, vamos para casa, colocar a cabeça no lugar. Uma noite de sono é um bom conselheiro”, filosofou.
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