O Manchester City derrotou o Everton neste sábado por 3 x 1 com dois gols de cabeça — um de Gabriel Jesus e outro de Sterling. Bacana, mas sempre acho esquisito quando se trata de um time comandado por Pep Guardiola. O técnico ama bola no chão. Ok, o zagueiro Mina colaborou. Porém, a análise deve ir um pouco além da péssima atuação do colombiano. Não é uma crítica aos meios usados para chegar ao gol, apenas uma constatação com base no que vem acontecendo ao longo da temporada: a bola aérea virou, sim, uma carta na manga de Guardiola. E isso não depende de o adversário ter (ou não) um beque rival num mau dia.
O time dos brasileiros Ederson, Fernandinho e Gabriel Jesus tem sete gols de cabeça nesta temporada. O Manchester City não é adepto do chuveirinho. Longe disso. No entanto, quando é necessário, a equipe sabe usar a ferramente de maneira consciente. Guardiola ensina aos treinadores que não saem da caixinha o seguinte: quando o calo aperta em jogos atribulados, é preciso ter repertório. Ensinar a equipe a usar a cabeça inclusive para fazer gols de… cabeça.
Vamos aos vídeos…
Em 25 de agosto, o Manchester City empatou com o Wolverhampton no Campeonato Inglês com um gol de cabeça do zagueiro francês Laporte. A assistência partiu do volante Gudogan.
Em 22 de setembro, os Citizens golearam o Cardiff City por 5 x 0. Em um dos gols, o recurso foi utilizar a “cuca” do português Bernardo Silva depois da cobrança de escanteio ensaiada e do cruzamento de Sané.
Em 23 de outubro, a vítima foi o Shakhtar Donetsk, na Liga dos Campeões da Europa. O Manchester City fez 3 x 0 na Ucrânia. De Bruyne colocou a bola na cabeça do zagueiro Laporte em uma cobrança de escanteio. O cruzamento foi tão bom que o zagueiro sequer pulou.
Chegamos ao dia 27 de novembro. Empate duro com o Lyon, na França. Os dois gols da esquadra de Pep Guardiola saíram de cabeça. A primeira ponte aérea de Bernardo Silva para Laporte. A segunda, de Mahrez para o argentino Aguero. Um pontinho fora de casa na Champions League.
Neste sábado, a estratégia muito bem ensaiada voltou a funcionar. Com a colaboração de Mina, Sané achou Gabriel Jesus sozinho no meio da área. Graças ao colombiano, Fernandinho fez o mesmo e viu Sterling testar para o fundo da rede.
Mina colaborou, sim, com a derrota do Everton e mais um triunfo do Manchester City, mas os adversários que se cuidem. As armas de Pep Guardiola vão muito além da bola no chão, da troca de passes, da movimentação constante, da posse da pelota. Entretanto, no time dele, é proibido se livrar dela, cruzar de qualquer jeito. Com ele, até gol de cabeça é pensado. Exige raciocínio, técnica, muitos ensaios e o principal: excelência.