Aviso aos navegantes rumo à Copa do Qatar: recomendo demais que prestem atenção no Uruguai. Ouço aplausos para a Argentina depois do belo triunfo contra a Itália por 3 x 0 na Finalíssima, em Wembley; elogios ao Brasil pela atuação diante da Coreia do Sul; enquetes e debates sobre qual das duas seleções desembarcará mais forte no Oriente Médio; mas alerto para o promissor início de trabalho do técnico Diego Alonso à frente da Celeste.
O novo técnico do Uruguai tem apenas cinco partidas no cargo. Venceu todos. Herdou a prancheta de Oscar Washington Tabárez com o país fora da zona de classificação para a Copa e protagonizou arrancada com quatro triunfos consecutivos contra Paraguai, Venezuela, Peru e Chile. Na quinta-feira, derrotou o México por 3 x 0, no Arizona, EUA.
O Uruguai tornou-se ofensivo sob a batuta de Diego Alonso. São 11 gols marcados em cinco exibições. Mais de dois por partida. A defesa está sintonizada com os planos do novo treinador. Foi vazada apenas uma vez na goleada por 4 x 1 contra a Venezuela.
Chamo a atenção para outros dois detalhes. O Uruguai passou a ter drible. Tite tem se referindo a jogadores como Antony, Raphinha e Vinicius Junior como perninhas rápidas. O possível adversário do Brasil nas oitavas de final na Copa do Qatar conta com o jovem Pellistri. Para mim, esse foi o grande achado dele no projeto de transformar a seleção.
A joia uruguaia tem apenas 20 anos. Foi titular logo na estreia de Diego Alonso na seleção. Entrou e não saiu mais. Virou dono da extrema direita. Compôs uma linha de quatro talentosíssima ao lado de Bentancur, Valverde e Arrascaeta. Vecino também é peça-chave na nova engrenagem celeste. Há outro detalhe: é possível que Luis Suárez e Cavani dificilmente forma dupla de ataque. A tendência é que um jogue e outro aguarde no banco.
Pellistri é a prova de que os técnicos têm seus homens de confiança. Diego Alonso foi atrás do menino formado no Peñarol, comprado pelo Manchester United e emprestado ao modesto Alavés, da Espanha. Foi dele a assistência para o primeiro dos dois gols de Cavani. Outra comprovação da escolha cirúrgica do treinador é a comparação da minutagem de Pellistri no Alavés e com a camisa do Uruguai. Jogou 76 minutos pelo time espanhol nesta temporada e 293 pela seleção bicampeã do mundo em 1930 e 1950.
Pellistri oferece o que faltava a um time viciado em jogar com dois centroavantes bons de bola, mas preso demasiadamente à falta de mobilidade da dupla Suárez e Cavani. Pellistri oferece ao Uruguai um contra um. Chega com facilidade à linha de fundo e faz o papel de garçom escalado para colocar a bola nos pés da turma especializada em colocá-la na rede.
O Uruguai também começa a ter uma defesa menos frágil. Ronald Araújo (Barcelona) toma conta da lateral direita, Giménez e Coates formaram a dupla de zaga contra o México. A outra opção é Godín e Giménez ou Coates. Assim como Tite tem Thiago Silva no papel de jogador mais velho da turma, o Uruguai aposta em Godín na retaguarda celeste.
O Uruguai está no Grupo H na Copa do Mundo. Disputará duas vagas ao mata-mata com Portugal, Gana e Coreia do Sul. Se avançar, pode cruzar com o Brasil nas oitavas de final. Quem não acompanha a seleção do Uruguai jogo, provavelmente dirá que será moleza. Não acredite nisso. Há um bom início de trabalho sendo feito com Celeste. Respeitem!
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