Enquanto a Europa joga futebol, Brasil aplaude overdose de decisões por pênaltis em mata-mata

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O futebol brasileiro chegou num estágio em que o craque dos jogos de mata-mata são os goleiros. Não que isso seja proibido, óbvio, mas diante da pobreza do futebol dos nossos clubes, da falta de vontade de ganhar — e do medo de perder —, a diversão dos técnicos virou especular, empurrar duelos para a última consequência: os pênaltis.

A comparação pode até ser injusta, mas a fase de mata-mata da Liga dos Campeões da Europa teve 12 séries eliminatórias até agora: oito nas oitavas e quatro nas quartas. Nenhuma foi decidida nos pênaltis. Os times de ponta entram em campo para resolver no tempo normal. O confronto inglês entre Tottenham e Manchester City, por exemplo, foi insano do início ao fim.

Por aqui, não. Os estaduais empilham decisões por pênaltis. Falo dos mais badalados. As duas semifinais do Paulista foram assim. O São Paulo eliminou o Palmeiras nos pênaltis. O Corinthians desbancou o Santos nos pênaltis. Tiago Volpi e Cássio foram idolatramos. Correto. Afinal, fizeram muito bem o papel deles.

A decisão do Campeonato Gaúcho não teve gol no tempo normal. São dois timaços. Mas, como diria o “filósofo” Vanderlei Luxemburgo, o medo de perder tira a vontade de ganhar. Nunca pensei que fosse dar razão, mas essa frase do “pofexô” define bem o momento tenebroso do futebol brasileiro. Os goleiros Paulo Victor e Marcelo Lomba foram os protagonistas.

Não se assuste se rolarem mais decisões por pênaltis neste fim de semana do Oiapoque ao Chuí. Moda pega rapidamente. Leio por exemplo no Correio Braziliense que o Brasiliense aposta em levar a final para os pênaltis apostando no goleiro Edmar Sucuri. Resumindo: esse é o pensamento pequeno no futebol brasileiro. Por que não tentar resolver no tempo normal? Nosso atrevimento foi exportado para o outro lado do oceano.

Marcos Paulo Lima

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