Ah, o futebol… Em 2013, o Internacional investiu R$ 14,5 milhões na contratação do centroavante Ignacio Scocco. O argentino tinha 28 anos. Havia sido um dos artilheiros da Copa Libertadores da América daquele ano, ao lado de Jô e de Diego Tardelli, do Atlético-MG, todos com seis gols. Ao oferecer salário de R$ 350 mil, o colorado superou o River Plate, seu principal concorrente no mercado na disputa pelo jogador.
Scocco, que no início da carreira mandou o badalado centroavante brasileiro Jardel para o banco do Newell’s Old Boys na temporada de 2004/2005, foi apresentado ao lado de Alex como reforço do Internacional para o Campeonato Brasileiro de 2013. Seis meses depois, insatisfeito, deixava o clube com apenas quatro gols em 21 jogos — dois no Botafogo e um na Ponte pelo Campeonato Brasileiro; e outro diante do Salgueiro em jogo da Copa do Brasil. Para quem não lembra, Scocco é o jogador que marcou dois gols em sequência em 49 segundos, marca registrada no Guinness Book.
Antes do adeus ao Inter, o atacante disse ao técnico Abel Braga que não tinha adrenalina para atuar no Brasil e queria ir para a Europa. Alegou falta de espírito para continuar no clube gaúcho. Na verdade, havia perdido mais uma vez para um dos seus maiores adversários: a falta de adaptação. Scocco é jogador de um país só. Rende o máximo se estiver na Argentina. O Inter conseguiu vendê-lo ao Sunderland, da Inglaterra, onde ele também não vingou. Não foi a primeira nem a segunda vez que pediu para ir embora por causa da falta de adaptação. Ele deixou o Al Ain, dos Emorados Árabes, pelo mesmo motivo.
Nesta quinta-feira, Scocco fez, em um jogo, mais gols do que na passagem inteira pelo Internacional. Ao marcar cinco gols, o centroavante comandou a goleada do River Plate sobre o Jorge Wilstermann por 8 x 0. O time argentino havia perdido o jogo de ida das quartas de final por 3 x 0 em Cochabamba, na Bolívia.
O centroavante que decepcionou no Internacional fez história com a camisa do River Plate. É o primeiro jogador a marcar cinco gols na fase de mata-mata da Libertadores. Quase igualou o recorde de Juan Carlos Sánchez, do Blooming, autor de seis na goleada do time boliviano sobre o Deportivo Italia, da Venezuela, por 8 x 0, na fase de grupos da Libertadores de 1985.
Scocco é um dos vice-artilheiros da Libertadores. Tem seis, ao lado de Fred (Atlético-MG) e de Lucas Barrios (Grêmio). À frente deles, apenas o boliviano Alejandro Chumacero, do The Strongest. Até ontem, o centroavante do River Plate contabilizava apenas um gol nesta edição, contra o Guaraní do Paraguai, nas oitavas de final.
Scocco já fez até gol na Seleção Brasileira em Superclássico das Américas. É bom centroavante. Mas pense mil vezes antes de tirá-lo da Argentina, sua zona de conforto. O prejuízo pode ser semelhante ao que teve o Internacional quando apostou nele.
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