Hend Zaza Hend Zaza: estrela da Síria em Tóquio tem apenas 12 aninhos. Foto: Louai Beshara/AFP Hend Zaza: estrela da Síria em Tóquio tem apenas 12 aninhos. Foto: Louai Beshara/AFP

Ela tem 12 anos e joga tênis de mesa: conheça Hend Zaza, a atleta síria caçula da Olimpíada de Tóquio

Publicado em Esporte

A caçula dos Jogos Olímpicos de Tóquio faz do esporte uma ferramenta de paz num país marcado pela guerra civil há 10 anos. Desde então, a Síria contabiliza 380 mil mortos. Hend Zaza vive lá. Tem 12 anos e seis meses. Reapresenta o país do Oriente Médio no Japão e competirá no tênis de mesa. Nascida em 1º de janeiro de 2009, era praticamente um bebê nos Jogos de Londres-2012. Uma criança mais tarde, na Rio-2016.

Zaza conquistou confirmou a presença no Japão na eliminatória asiática. Superou a libanesa Mariana Sahakian, de 42 anos. Ao confirmar a vaga para Tóquio, ela superou a grega Gaurika Singh. Há cinco anos, a nadadora do Nepal desembarcou no Rio de Janeiro com 13 anos. Mas nenhuma delas supera a precocidade de Dimitrios Loundras. O ginasta grego esteve na Olimpíada de Atenas-1896, a primeira da Era Moderna, com 10 anos e 18 dias.

Precoce, Zaza iniciou no tênis de mesa aos cinco anos. Teve influência do irmão. Investiu na prática do esporte e passou a ser treinada por Adham Jamaan. Dois anos depois, foi uma das atrações de um torneio chamado West Asia Hopes Week Challenge.

 

Entenda a guerra civil na Síria 

A tensão na Síria começou em março de 2011, na esteira dos protestos contra os governos da Tunísia e do Egito. Foi um movimento de oposição ao presidente Bashar Al-Assad. Grupos terroristas islâmicos aproveitaram-se da instabilidade para promoverem ações violentas e ganharem terreno. A guerra civil culminou na ascensão do Estado Islâmico e fortaleceu o terrorismo internacional. Desde então, a Síria contabiliza 470 mil mortos, sendo 227 mil civis e 250 mil combatentes entre forças do governo, milícias da oposição e extremistas.

 

O tênis de mesa foi refúgio de Zaza em um país marcado pela guerra. É comum por lá treinamentos serem suspensos por falta de energia. Mesmo assim, ela consegue dedicar pelo menos três horas diárias de dedicação ao esporte. Tóquio é uma espécie de estágio para a adolescente. A projeção do staff é vê-la em alto nível nos Jogos de Paris-2024.

A aposta síria não é uma embalagem ou mero produto de marketing. Tem talento e cresceu em uma família ligada aos esporte. Zaza coleciona títulos nacionais nas categorias de base e profissional. Caçula de quatro irmãos, é a única menina. El, os pais e os irmãos moravam em Hama e mudaram-se para a capital Damasco. O pai de Zaza foi jogador de futebol. Hoje, sustenta a família como professor de ginástica.

A mesa-tenista representa o Almouhafza Club de Damasco. Paralelamente, toca a vida de de estudante. Adora matemática, é fã da série Harry Potter e idolatra o chinês Ding Ning, medalha de ouro nos Jogos do Rio-2016. Antes da pandemia, foi convidada a treinar na fábrica de talentos made in China do tênis de mesa.

 

“É a minha primeira vez em um evento tão importante. É um presente para o meu país, meus pais e todos os meus amigos. O esporte está no meu sangue”, contou Zaza em entrevista ao site chinês CGNT.com

 

Embora seja muito novinha, Zaza dificilmente quebrará o recorde de Marjorie Gestring. A norte-americana conquistou a medalha de ouro no trampolim na versão de Berlim-1936. A saltadora californiana tinha 13 anos e 268 dias quando colocou o ouro no pescoço. A marca dura 85 anos, mas é ameaçado no Japão. Inscrita no skate, a britânica Sky Brown pode superá-la. No próximo dia 4 de agosto, ela competirá com 13 anos e 23 dias.

Na outra ponta está a atleta Ni Xialian. Nascida em Xangai, na China, a mesa-tenista compete por Luxemburgo. Aos 58 anos, disputará os Jogos Olímpicos pela quinta vez consecutiva.

 

 

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