Não vai rolar “projeto do professor”. Nem “aqui é trabalho, meu filho”. Pela primeira vez, na era dos pontos corridos, o Brasileirão deve começar sem as presenças — ao mesmo tempo — dos dois técnicos mais vitoriosos da história da competição. Pentacampeão, Vanderlei Luxemburgo está desempregado há 11 meses. Em 5 de junho, faz um ano que ele deixou o Tianjin Quanjian, da China. Tetra, Muricy Ramalho pendurou a prancheta para cuidar da saúde e assumiu o microfone. É comentarista do canal SporTV. Na história do Brasileirão unificado, de 1959 a 2016, Luxemburgo é o recordista com cinco taças, ao lado de Lula. Muricy Ramalho vem em segundo com quatro, mesma quantidade de Rubens Minelli.
Luxemburgo e Muricy não são os únicos fora da moda. Dos oito treinadores campeões em 14 edições na fórmula de pontos corridos, apenas dois começarão o Brasileirão com a prancheta de algum time da Série A: Abel Braga, no Fluminense, e Cuca, no Palmeiras. Todos os demais estão fora da primeira divisão. São os casos de Vanderlei Luxemburgo, Antônio Lopes, Muricy Ramalho, Andrade, Marcelo Oliveira e Tite — premiado com o cargo de técnico da Seleção Brasileira.
Vanderlei Luxemburgo largou com tudo na era dos pontos corridos. Em 2003, levou o Cruzeiro à tríplice coroa. Conquistou o Campeonato Mineiro, a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro no mesmo ano. Na temporada seguinte, foi campeão à frente do Santos e abriu as portas no Real Madrid. Depois da passagem frustrada pelo clube espanhol, não ganhou mais nenhum título nacional. Do fim do último Brasileirão para cá, São Paulo, Palmeiras, Corinthians, Vasco, Fluminense, Atlético-MG e Internacional trocaram de treinador. Alguns até mais de uma vez, casos do Vasco e do Palmeiras, mas Luxemburgo não saiu do desemprego. E olha que ele tem no currículo um bi pelo Palmeiras (1993 e 1994), uma conquista com o Corinthians (1998), um troféu com Cruzeiro (2003) e uma taça a pelo Santos (2004).
Tricampeão brasileiro pelo São Paulo de 2006 a 2008, e mentor do título do Fluminense em 2010, Muricy Ramalho começou o último Campeonato Brasileiro à frente do Flamengo. No entanto, os problemas de saúde o afastaram da profissão. Nesta edição, o velho bordão “aqui é trabalho, meu filho”, será usado para ser um dos cornetas de plantão como comentarista.
Antônio Lopes brindou o Corinthians com o título em 2005. Como técnico, disputou a Série A pela última vez em 2011 pelo Atlético-PR. Desde 2013, assumiu a faceta de gerente de futebol. Ocupou o cargo no próprio Furacão e agora no Botafogo.
O último título brasileiro do Flamengo teve o dedo de Andrade. No entanto, a conquista não mudou o patamar do profissional. Andrade teve chance no Brasiliense, Paysandu, Boavista, São João da Barra, Jacobina e Petrolina. Clube grande que é bom, nada.
Marcelo Oliveira tem no currículo dois títulos do Campeonato Brasileiro em sequência à frente do Cruzeiro, em 2013 e 2014, e uma Copa do Brasil pelo Palmeiras em 2015. Quem está aí pra isso? O treinador está na fila do desemprego desde a saída do Atlético-MG em 2016.
Dos oito técnicos campeões brasileiros na era dos pontos corridos, três estão numa boa. Bi em 2011 e em 2015 pelo Corinthians, Tite foi promovido a técnico da Seleção Brasileira. De volta à Série A, Abel Braga começará a Série A com a prancheta do Fluminense. A missão é brindar o tricolor com o penta. Atual campeão brasileiro, Cuca tirou quatro meses sabáticos e está de volta ao Palmeiras no lugar de Eduardo Baptista.
Treinadores campeões na era dos pontos corridos
2003: Vanderlei Luxemburgo (Cruzeiro)
2004: Vanderlei Luxemburgo (Cruzeiro)
2005: Antônio Lopes (Corinthians)
2006: Muricy Ramalho (São Paulo)
2007: Muricy Ramalho (São Paulo)
2008: Muricy Ramalho (São Paulo)
2009: Andrade (Flamengo)
2010: Muricy Ramalho (Fluminense)
2011: Tite (Corinthians)
2012: Abel Braga* (Fluminense)
2013: Marcelo Oliveira (Cruzeiro)
2014: Marcelo Oliveira (Cruzeiro)
2015: Tite (Corinthians)
2016: Cuca* (Palmeiras)
*Estão empregados na Série A
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