Humilhado pelo Liverpool neste domingo no Campeonato Inglês, o Manchester United viu o astro Cristiano Ronaldo apelar em uma dividida de bola com Jones em Old Trafford. Derrota por 5 x 0 é um trauma na carreira do português eleito cinco vezes melhor do mundo há pelo menos 11 anos. Aconteceu, por exemplo, em 29 de novembro de 2010.
Cristiano Ronaldo havia sido contratado pelo Real Madrid por incríveis € 94 milhões. À época, havia desbancado Zinedine Zidane como jogador mais caro do mundo. Esperava-se do português e do parceiro Kaká poderes sobrenaturais para deter o time da moda: o Barcelona comandado por Pep Guardiola à beira do campo e Lionel Messi dentro das quatro linhas.
Pois bem. Em novembro de 2010, o Real Madrid foi até o Camp Nou para o clássico da rodada de La Liga. Os galáticos de José Mourinho simplesmente não viram a cor da bola. A exibição do Barcelona encantou o mundo da bola. Era o Barça do falso nove Messi auxiliado por David Villa e Pedro. Com Busquets, Xavi e Iniesta coordenando o tiki taka, Daniel Alves e Abidal nas laterais e a histórica dupla de zaga Puyol e Piqué na proteção ao goleiro Valdés.
O Real Madrid não tinha um time qualquer. José Mourinho colocou em campo Sergio Ramos, Ricardo Carvalho, Marcelo, Khedira, Ozil, Di María, Benzema, mas ele e muito menos Cristiano Ronaldo não viram a cor da bola. Enquanto Messi confundia a marcação merengue, dois gols de Villa, um de Xavi e outro de Pedro davam números finais ao resultado contundente. Recém-chegado ao Real, Cristiano Ronaldo não deu xilique. Sergio Ramos, sim, foi expulso.
O raio caiu mais uma vez na cabeça de Cristiano Ronaldo neste domingo. Mudou o adversário e o campeonato. Dessa vez, o Liverpool impôs 5 x 0 ao Manchester United. Foi mais uma daquelas exibições impressionantes da trupe comandada pelo excelente Jürgen Klopp.
Se o Fifa The Best e a Bola de Ouro levassem em conta apenas o início da temporada europeia, Mohamed Salah seria favoritaço a arrematar os dois prêmios. Com o perdão do trocadilho, o egípcio tem sido um faraó em campo. Parte do desempenho dele tem a ver com um brasileiro incompreendido. Roberto Firmino voltou a dar concerto ao lado de Salah e Mané.
O atacante alagoano não tem o pedigree de Gabriel Barbosa nem a badalação de Gabriel Barbosa, mas é fundamental para os planos de Klopp no Liverpool e do Tite na Seleção. Não sou eu que estou dizendo. O treinador alemão deu uma aula sobre Firmino depois da goleada por 5 x 0 sobre o Manchester United. Detalhe: o brasileiro não fez gol.
“Para pessoas com conhecimento de futebol, tenho certeza que quando Firmino se aposentar elas escreverão livros sobre a maneira como interpretou a posição de falso 9. Não digo que inventou ou nós inventamos, mas do jeito que ele joga, de vez em quando parece isso”, elogiou Klopp. “Há coisas diferentes para fazer no jogo. Algumas são defensivas, e o que ele fez hoje foi absolutamente insano, e ofensivamente é um bom jogador de ligação que finaliza de vez em quando. Ele sabe o quanto apreciamos o que está fazendo e talvez isso seja um pouco mais importante”, comemorou o comandante do Liverpool.
Personagens de um clássico inesquecível em Old Trafford, Cristiano Ronaldo e Roberto Firmino seguirão tentando se libertar dos traumas pessoais. A humilhação por 5 x 0 doeu no português tanto como aquele 5 x 0 contra o Barcelona em 2010. O trauma de Firmino é outro. A falta de reconhecimento no país dele, onde parte da crítica insiste em não assistir o melhor campeonato nacional do mundo a fim de decifrar um jogador fundamental para Klopp e Tite.
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