Candidato a ser o segundo técnico estrangeiro a conquistar o Campeonato Brasileiro (unificado), igualando a façanha de Carlos Volante na Taça Brasil de 1959, o uruguaio Diego Aguirre não terminava o primeiro turno de um campeonato nacional na liderança desde a temporada de 2009/2010. Na época, o treinador do São Paulo comandava o Peñarol. Conquistou o Torneio Clausura com 43 pontos, decidiu o título com o arquirrival Nacional — vencedor do Apertura, numa série de três partidas — e faturou o troféu. Com menos pontos na soma dos dois turnos, o Nacional derrotou o adversário por 2 x 0 e forçou mais duas partidas. O Peñarol venceu na ida por 1 x 0 e administrou empate por 1 x 1 na volta.
A campanha do Peñarol na conquista do Clausura foi infinitamente superior à do São Paulo no primeiro turno do Brasileirão. Na época, o time uruguaio disputou 45 pontos e conquistou 43. Foram 14 vitórias e um empate. Aproveitamento de 95,5%. O tricolor é o campeão simbólico do turno com 71,9% — 12 vitórias, 5 empates e 2 derrotas. Obviamente, a Série A é superior ao Campeonato Uruguaio.
Se na campanha atual, o sistema 4-2-3-1 ou 4-3-3, tem sido o trunfo de Diego Aguirre, na temporada de 2009/2010 o modelo usado era o 4-4-2, o que mostra o total desapego do técnico aos formatos. O Peñarol campeão uruguaio tinha: Sebastián Sosa; Matías Aguirregaray, Gerardo Alcoba, Guillermo Rodríguez e Darío Rodríguez; Sergio Oterman, Arévalo Ríos, Urretavizcaya e Gastón Ramíreez; Antônio Pacheco e Alejandro Martinuccio. Com essa base, Diego Aguirre levou o Peñarol não somente ao título nacional, mas ao vice da Copa Libertadores da América de 2011. Perdeu o título para o Santos, de Muricy Ramalho e Neymar.
O,sucesso do São Paulo no primeiro turno lembra o da França na Copa da Rússia. Na Euro-2016, a seleção de Didier Deschamps gostava de jogar com a bola, tinha mais posse do que os adversários e perdeu o título dentro de casa para Portugal. No Mundial, a França entregou a bola para o adversário e preferiu ser cirúrgica nas contenção de falta, escanteios e nos contra-ataques. Parecido com a transformação tricolor. O torcedor do São Paulo deve se lembrar. Em 2017, o time liderava o ranking da posse de bola e brigava contra o rebaixamento. Desta vez, ocupa o 14° lugar nesse quesito e lidera a maratona pelo caneco.
É cedo para afirmar que pintou o campeão, mas a “saída francesa” do São Paulo para encerrar o jejum de 10 anos é amparada pelo retrospecto da era dos pontos corridos. De 2003 para cá, só três campeões simbólicos do turno não deram a volta olímpica: Grêmio (2008), Internacional (2009) e Atletico-MG (2012) fraquejaram na segunda metade e perderam o troféu, respectivamente, para São Paulo, Flamengo e Fluminense. Os números favorecem a trupe do Morumbi, mas viradas acontecem.
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