Dez anos depois do acidente na mina San José, em Copiapó, conversamos com 5 dos 33 mineradores chilenos sobre futebol; confira a resenha

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Na última terça-feira (4), o amigo Rodrigo Craveiro contou na edição impressa e no site do Correio Braziliense como estão 5 dos 33 mineradores presos em 2010, por 69 dias, na mina San José, em Copiapó, norte do Chile. O drama começou em 5 de agosto de 2010 e terminou em 13 de outubro daquele ano. A reportagem mostra que, 10 anos depois, o acidente e o resgate da cápsula Fênix deixaram sequelas psicológicas. O quinteto relata o que mudou na vida deles de lá para cá. Muita coisa. Menos a paixão pelo futebol.

O blog pegou carona nas entrevistas e propôs uma resenha sobre futebol com Jimmy Sánchez, Pedro Cortez Contrera, José Ojeda, Mario Sepúlveda, o líder dos mineradores, e Carlos Barrios. Quatro deles revelam o time de futebol. Um se diz “hincha” do futebol bonito e apreciador dos craques brasileiros. Há divergências sobre o papel revolucionário de Jorge Sampaoli na história da seleção chilena. Para dois deles, Marcelo Bielsa pavimentou o caminho para as conquistas da Copa América em 2015 e 2016.

Há um fanático da Universidad de Chile, fã de Jorge Sampoli, atual treinador do Atlético-MG. Ele espera ter o prazer de conhecê-lo pessoalmente por dois motivos: um ano depois de ser resgatado na mina, o técnico argentino proporcionou outra alegria ao treinador: o título inédito da Copa Sul-Americana à frente de La U. Quatro anos depois, brindaria o Chile com o primeiro título da Copa América no Estádio Nacional de Santiago, contra a Argentina de Lionel Messi.

Um dos relatos mais emocionantes da resenha com os mineradores é o de Carlos Barrios. Ele se emociona ao lembrar que torceu pela seleção chilena de dentro da mina à espera do resgate, e cinco anos depois estava sentado na arquibancada do estádio testemunhando a conquista inédita da Copa da América 2015 como convidado de uma instituição financeira.


“Espero conhecer Jorge Sampaoli”

JIMMY SÁNCHEZ, 29 ANOS

Foto: Alex F. Catrin/AFP

Sou torcedor da La U (Universidad de Chile). Em 2010, quando eu saí da mina, fizeram homenagem. Em novembro, num clássico entre Universidad de Chile e Colo Colo, ganhei um cartão vitalício para ter acesso aos eventos esportivos e ganhei uma camisa autografada por todos os jogadores. Encontrei jogadores, almocei com eles, pude contar a minha experiência e compartilhar também com uma das maiores torcidas do futebol chileno. Isso marcou muito a minha vida.

Sou um abençoado. Eu saí da minha para ver a Universidad de Chile ser campeã da Copa Sul-Americana em 2011 com Jorge Sampaoli, e logo depois vimos a campanha que ele fez com o Chile na Copa América. É muito gratificante. Repito. Sinto-me sortudo por ter visto o a seleção fazer história, conquistar a Copa América duas vezes. Para quem ama futebol como eu, espero ver um dia La U campeã da Libertadores. É o meu maior sonho e creio que é também de toda a torcida da da La U.

Para mim, Jorge Sampaoli é uma pessoa admirável. Tem o meu respeito. Tirei o chapéu quando ele foi escolhido para assumir o Chile. Ele tem o carinho da torcida da La U. Deixou o nome marcado na história da seleção chilena. Todos nós devemos muito a ele. Espero conhecê-lo um dia e desejo muitas bênçãos a ele, toda a sorte do mundo.


“Somos privilegiados”

PEDRO CORTEZ CONTRERA, 35 ANOS

Foto: AFP

Sou torcedor do Colo Colo. Estivemos no estádio na primeira final da Copa América como convidados. Um banco chileno nos chamou, não foi o governo. Somos privilegiados de ver o Chile campeão da Copa América duas vezes. Jorge Sampaoli é um bom técnico. Ele aproveitou uma boa geração do futebol chileno, uma das melhores na história.


“Somos a prova de que tudo é possível”

JOSÉ OJEDA, 56 ANOS

Foto: Alex F. Catrin/AFP

Torço para para o Deportes Puerto Mont (time da Primera B do Chile). Nós, mineiros, fomos convidados em 2015 para ver a final da Copa América (no Estádio Nacional de Santiago) entre Argentina e Chile e conquistamos o título pela primeira vez. Uma emoção muito grande. Nós (mineiros) e a seleção do Chile somos as prova de que tudo é possível.


“Bielsa é o melhor treinador da história da seleção chilena”

MARIO SEPÚLVEDA, 48 ANOS, LÍDER DOS MINERADORES

Foto: Martin Bernetti/AFP

Não tenho time do coração. Aprecio o bom futebol e o melhor que há no mundo é o brasileiro quando tinha Ronaldo, Ronaldinho (Gaúcho), Roberto Carlos, Rivaldo, Kaká, aqueles grandes jogadores. O futebol que mais me encanta é o brasileiro. É muito bem jogado, bonito. Ver o Chile campeão da Copa América foi lindo, jogando bonito e dentro de casa contra a Argentina. Nunca gostei do estilo de Jorge Sampaoli. Marcelo Bielsa revolucionou o Chile. Sampaoli aproveitou o que Marcelo Bielsa deixou. Bielsa deixou o caminho pronto para quem assumisse. Sampaoli nunca chamou a minha atenção. Marcelo Bielsa é o melhor treinado da história da seleção chilena.


“Torcemos pela seleção na mina e no estádio”

CARLOS BARRIOS, 37 ANOS

Foto: Arquivo Pessoal/Carlos Barrios

Sou torcedor do Colo Colo. Fiquei muito empolgado com as duas experiências que tive. Acompanhamos e torcemos pela seleção na mina (pelo rádio) e vimos também no estádio (in loco) sendo campeão da Copa América em 2015. Foi maravilhoso, Chorei de emoção. Jorge Sampaoli foi um técnico muito bom (da seleção chilena), mas, para mim, Marcelo Bielsa deixou tudo pronto para o que veio depois. Sem tirar os méritos de Sampaoli.


Colaborou Rodrigo Craveiro, subeditor de Mundo

Siga no Twitter: @mplimaDF

Siga no Instagram: @marcospaulolimadf

Marcos Paulo Lima

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