Derby della Madonnina na semi da Champions ajuda a explicar espera da CBF por Carlo Ancelotti

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Maio de 2003. O Milan disputa as semifinais da Liga dos Campeões contra a arquirrival Inter em dois jogos duríssimos: empate por 0 x 0 no primeiro round, 1 x 1 no segundo e classificação rubro-negra para a decisão do título graças ao gol marcado como visitante em campo neutro. O técnico do timaço de Dida, Nesta, Gattuso, Pirlo, Seedorf, Rui Costa, Shevchenko, Inzaghi, Rivaldo e companhia era um senhor chamado Carlo Ancelotti. Ele não somente se classificou para a final como derrotou a Juventus nos pênaltis na finalíssima disputada em Old Trafford, em Manchester.

Maio de 2023. Vinte anos depois, Milan e Inter iniciam nesta terça-feira uma nova batalha nas semifinais por uma vaga na decisão da Champions League, em 10 de junho, na Turquia. Duas décadas depois, Carlo Ancelotti não comanda nenhum dos times italianos, mas continua como um bom vinho na adega do principal torneio de clubes do mundo: cada vez melhor.

Prova disso é a presença de Carleto entre os quatro melhores do torneio pela segunda temporada consecutiva. Aos 69 anos, continua tão alinhado à modernidade do jogo como na época do último Derby della Madonnina válido pelas semifinais da Champions League. Ele acompanhou a evolução do jogo. Uma prova disso é que o Real Madrid defende o título.

Na temporada passada, Ancelotti desbancou Manuricio Pochettino (PSG), Thomas Tuchel (Chelsea), Pep Guardiola (Manchester City) e Jurgen Klopp (Liverpool) na campanha do título.  Para quem ainda questiona a capacidade dele 20 anos depois de comandar aquele Milan contra a Inter, recomendo prestar atenção ao que ele faz, hoje, no Real Madrid.

O time espanhol empatou com o Manchester City do criativo, inquieto e moderníssimo Pep Guardiola na última terça-feira sem volantes-volantes no meio de campo. O setor tinha Kroos, Valverde e Modric. Nenhum deles com característica de cão de guarda. O volante-volante da trupe estava improvisado na lateral esquerda e jogou um bolão. O francês Camavinga foi um dos melhores. Em tempos de etarismo, Ancelotti mantém um meia de 33 anos (Kroos) e outro de Modric (37) intocáveis no meio de campo. Usa três atacantes — Vinicius Junior, Benzema e Rodrygo. Se vira sem figurões que marcaram época: Sergio Ramos, Casemiro e Cristiano Ronaldo.

Vou encerrar com um paralelo. Na mesma temporada em que Carlo Ancelotti eliminava a Inter na semifinal da Champions League e conquistava o título da Liga dos Campeões contra a Juventus, o histórico Vanderlei Luxemburgo conquistava as duas primeiras edições do Brasileirão na era dos pontos corridos por dois clubes diferentes — Cruzeiro e Santos. Na transição de um para o outro, assumiu aquele Real Madrid galáctico de Ronaldo, Raúl, Zidane, Beckham, Figo e companhia. O melhor técnico do país na virada do século não durou muito tempo lá.

Enquanto Vanderlei Luxemburgo estacionava no tempo, Carlo Ancelotti prosseguia. Ganhou títulos nacionais nas cinco principais ligas da Europa. Tem no currículo o Alemão, Espanhol, Francês, Inglês e Italiano por Bayern de Munique, Real Madrid, PSG, Chelsea e Milan. O Derby della Madonnina mostra que o tempo parece passar para todos os times, inclusive Milan e Inter, que eram comandos pelos poderosos chefões Silvio Berlusconi e Massimo Moratti naquela semifinal de 2003; e para os colegas de profissão. Para Ancelotti, não. Mesmo que ele seja eliminado pelo Manchester City, há um portão da CBF aberto para ele assumir simplesmente a seleção mais vitoriosa da Copa do Mundo: o Brasil. Tem que respeitar.

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Marcos Paulo Lima

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