Celso Barros Celso Barros durante a palestra em Brasília. Foto: Roberto Silveira Celso Barros durante a palestra em Brasília.

De patrocinador a candidato a vice-presidente do Fluminense: um bate-papo com Celso Barros

Publicado em Esporte

Ele não perde a fama de “Poderoso Celsão”. Candidato vice-presidente do Fluminense na chapa de Mário Bittencourt, o ex-presidente da Unimed, Celso Barros, conta em Brasília um bastidor que serve de demonstração do papel dele na nova administração no caso de vitória nas urnas, em 8 de junho.

“Aí, teve essa convocação para o Torneio de Toulon, um torneio que não serve pra nada, pra nada (reforça). Chamaram três jogadores nossos: Pedro, Nino e Allan. O Fluminense nessa miséria toda, tomei a liberdade de ligar para o Branco (coordenador de seleções de base), que é muito meu amigo. Aí ficou só um. Lógico que eles escolheram o Pedro. Mas eu pergunto: como convencer o garoto a não ir para a Seleção, sendo que ele já vai para dois meses de salário atrasado. Aí, não tem jeito, vai, mesmo”, lamentou durante a apresentação em um restaurante no Lago Sul.

Na entrevista a seguir ao blog, Celso Barros afirma que o poder de influência e a capacidade de atrair patrocínio serão alguns trunfos dele na possível gestão de Mário Bittencourt. O dirigente admite que os tempos são outros. Dribla ao falar sobre contratações de impacto como as que fazia nos tempos da Unimed. Revela apenas que iniciou conversas preliminares com Thiago Neves para levá-lo de volta para o tricolor, mas pede contrapartida. A exigência é que a torcida seja sócia do clube para aumentar o poder de investimento.

 

De patrocinador a candidato a vice-presidente

Não sei se é o maior desafio. As pessoas às vezes esquecem… O maior desafio, talvez, tenha sido fazer a opção de patrocínio do Fluminense quando o clube estava na Série C. Aquele era o momento do fundo do poço. Era uma estratégia de marketing. Todo tricolor iria assistir. A tevê fechada transmitiria todos os jogos. A torcida queria ver ser o Fluminense sairia daquilo. Os outros torcedores queriam ver a desgraça. Esse agora é um desafio também por causa da atual situação do Fluminense. Pelo menos é o que a gente ouve. Não tenho esses resultados todos sobre a questão financeira, mas o momento é muito difícil.

 

Soluções

O que eu penso é usar a minha experiência no futebol, essa vivência ao lado Fluminense, das comissões técnicas, dos presidentes durante esses 15 anos, para tentar ajudar a resgatar a credibilidade que hoje falta ao clube no mercado. Eu tenho uma rede de relacionamentos muito grande. Tenho Muricy (Ramalho), Renato Gaúcho, enfim, uma série de pessoas. Eles querem ajudar o Fluminense. Não estou dizendo que eles irão para o clube, mas podem colaborar com ideias. Isso tem que ser aproveitado. O Fluminense, hoje, é desconhecido. Contrata jogador, o cara chega ao aeroporto, na rodoviária, e já vai para o Maracanã e entra. É uma coisa meio louca. O time está melhor neste ano, mas temos dificuldades. O Fluminense não tem nesse momento uma posição definida no Brasileirão. A situação ainda não é boa.

 

Temor

Nós não vamos cair, mas o rebaixamento é um desastre. O ideal seria assumir o clube no fim do ano ou antes do Campeonato Brasileiro. Eu acho até que o presidente Pedro Abad poderia ter feito essa eleição em abril (será em 8 de junho). Estamos praticamente na véspera e ele continua trazendo jogador. Isso é coisa de louco. Precisamos avaliar isso com muito cuidado.

 

Mário Bittencourt e Celso Barros recebem apoio de Paulo Victor e Washington. Foto: Márcia Uchôa

 

“Poderoso Celsão”

Quando a gente tinha a Unimed era outro patamar. Hoje, as pessoas falam muito em patrocínio máster, mas com a economia do jeito que está, quem é que vai querer pagar para anunciar na camisa se não vende? Não temos mais aquele tipo de patrocínio. Eu acredito muito na força da torcida do Fluminense. Está entrando uma gestão nova, que conhece, gosta do futebol e tem credibilidade. Temos que fazer com que o torcedor vire sócio em todo o Brasil. Estamos em Brasília. Quantos sócios temos aqui? Esse sócio é que vai resolver os problemas do Fluminense. Não adianta apenas o sócio ficar reclamando. Tem que entender que quem resolve é ele. Não estou falando de valores astronômicos, falo de valores medianos. Estamos falando de cerca de 20% dos torcedores tricolores no país.

 

Quando a gente tinha a Unimed era outro patamar. Hoje, as pessoas falam muito em patrocínio máster, mas com a economia do jeito que está, quem é que vai querer pagar para anunciar na camisa se não vende? Não temos mais aquele tipo de patrocínio. Eu acredito muito na força da torcida do Fluminense

 

“O Celso vai te comprar”

Brincaram aqui em Brasília gritando “O Celso vai te comprar”. Era outro momento. Mas há alguns contatos que estamos fazendo. Até falei, durante a apresentação, no nome do Thiago Neves. Quem sabe ele encerra a carreira no Fluminense. Mas encerrar sendo competitivo. Não adianta trazer jogador que não vai ser mais competitivo. Temos atletas que encerraram a carreira com 33 anos, não queriam mais nada. Outros, não. Romário jogou até os 40 anos e foi artilheiro do Campeonato Brasileiro, um dos mais difíceis do mundo. Hoje, os caras que se cuidam podem ter uma longevidade maior. O Ganso, por exemplo, tem o ritmo dele (risos).

 

Potencial de crescimento

O Fluminense tem um potencial de crescimento grande. Não sou especialista em redes sociais, mas tenho um público que me segue com idade de 18 a 24 anos. Apesar de eu ser o mais velho dessa corrida eleitoral, sou seguido por jovens. São pais, filhos que viram o Fluminense ser campeão brasileiro duas vezes nesse período. O Fluminense não ganhava o título brasileiro desde 1984. Temos esse potencial para voltar a dar credibilidade ao Fluminense.

 

Lição do arquirrival

Eu acho que o Flamengo fez um trabalho interno grande, mas o Flamengo é totalmente diferente. Tem uma torcida enorme. Qualquer jogo bota 60 mil pessoas. É uma capacidade de mobilização diferente, porém, a Flamengo não ganha o Brasileiro há muito tempo. Ganhou uma Copa do Brasil. O conselho liberou recentemente o Eduardo Bandeira de Mello, mas queriam eliminar o presidente responsável por uma revolução no Flamengo. Pelo menos, é o que consta nas questões financeiras. Clube é muito difícil. Queriam simplesmente tirá-lo do quadro de associados. O discurso da gestão bandeira era o da ‘responsabilidade fiscal’. O do adversário deles na eleição foi de “queremos título”. Ganhou o queremos título, não o da responsabilidade fiscal. Já fizeram várias contratações, têm vários ataques. O Flamengo tem uma dívida grande, o problema não foi resolvido.

 

Brincaram aqui em Brasília gritando “O Celso vai te comprar”. Era outro momento. Mas há alguns contatos que estamos fazendo. Até falei, durante a apresentação, no nome do Thiago Neves. Quem sabe ele encerra a carreira no Fluminense. Mas encerrar sendo competitivo. Não adianta trazer jogador que não vai ser mais competitivo. Temos atletas que encerraram a carreira com 33 anos, não queriam mais nada

 

Contas a pagar

A dívida do Fluminense não vai acabar assim… Temos que entrar no ato trabalhista, livrar o clube das penhoras, uma série de coisas a serem feitas. Tem uma porção de gente nos procurando para patrocínios, apoio à revitalização. Temos que modernizar a gestão, sair do casulo. Tivemos um depoimento aqui de seis torcedores que eram sócios e hoje só tem ele. Perdemos essas receitas. Isso é um absurdo. Não é falta de gestão, é ausência de gestão.

 

Maracanã

O contrato foi feito agora. Temos que ver quando assumir. Quando ao lado da torcida em clássicos contra o Vasco, isso não tem essa relevância toda. Temos que conversar. Eu abriria mão do lado para ter título. O que aconteceu naquele dia foi uma perda para o futebol.

 

O Fernando Diniz faz um bom trabalho, é o técnico do Fluminense. Não tenho técnico dos sonhos. O mercado, hoje, é muito reduzido. Não há muitos nomes novos, não, como o Diniz. Ele tem agradado nesse tempo todo, mas, além do futebol vistoso, de toque de bola e de movimentação, ele precisa mostrar um trabalho efetivo, com resultados.

 

Fernando Diniz

Faz um bom trabalho, é o técnico do Fluminense. Não tenho técnico dos sonhos. O mercado, hoje, é muito reduzido. Não há muitos nomes novos, não, como o Diniz. Ele tem agradado nesse tempo todo, mas, além do futebol vistoso, de toque de bola e de movimentação, ele precisa mostrar um trabalho efetivo, com resultados.

 

 

Abel Braga

Abel é meu amigo, Abel é meu amigo, mas futebol é isso. Ele ganhou o Estadual, classificou o time para as oitavas da Libertadores, está na Copa do Brasil, no Brasileiro… Mas falar do Fluminense já me dá trabalho, imagina do Flamengo (risos).

 

 

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