De Mano a Felipão: a assustadora incapacidade dos ex-técnicos da Seleção contra Sampaoli e Jesus

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Tenho uma curiosidade: como seria, hoje, um duelo entre o Flamengo de Jorge Jesus ou o Santos de Jorge Sampaoli contra algum time — esqueçamos a Seleção — comandado por Adenor Leonardo Bacchi? Meu exercício de imaginação tem a seguinte inquietação: os dois antecessores do Tite simplesmente não foram páreo para o futebol diferenciado entregue pelo português e o argentino neste Campeonato Brasileiro. Falo especificamente dos confrontos diretos. Isso é preocupante em tempos de debate entre a qualidade dos treinadores nacionais e os importados empregados na Série A.

Na noite desta quarta, Jorge Sampaoli se impôs contra o Palmeiras de Mano Menezes. O técnico alviverde, lembremos, foi contratado pela CBF, em 2010, para liderar mais do que uma renovação, uma revolução no estilo de jogo verde-amarelo. Havia influência da Espanha, campeã inédita da Copa do Mundo da África do Sul. Lembrei aqui no blog outro dia que Mano chegou a levar os convocados para um período de intercâmbio no centro de treinamentos do Barcelona em uma data Fifa. Os jogadores do clube catalão eram a base do tiki-taka de Vicente del Bosque. A primeira apresentação da Seleção foi encantadora na vitória sobre os Estados Unidos — a primeira das 99 exibições de Neymar com a camisa pentacampeão do mundo. Depois daquilo…

Jorge Sampaoli engoliu Mano Menezes na Vila. O ex-técnico da Seleção não soube reagir, apresentar antídoto contra o que acontecia sob os olhos dele. Tem elenco, time, mas mostrou-se incapaz de tirar a bola dos pés do Santos. Curiosamente, Rogério Ceni se impôs contra Sampaoli por 2 x 0 na rápida passagem pelo Cruzeiro herdado de Mano. A incapacidade do dono da prancheta do Palmeiras assusta, incomoda, mas não é exclusividade do homem que chegou a ser cotado para assumir o lugar de Tite caso o atual comandante canarinho perdesse o emprego na Copa América.

Luiz Felipe Scolari caiu no Palmeiras por causa da eliminação nas quartas de final da Libertadores contra o Grêmio, mas, principalmente, devido ao baile de bola que tomou do Flamengo de Jorge Jesus no Maracanã. O ex-treinador da Seleção perdeu por 3 x 0 sem esboçar reação. Viu os comandados na roda e a torcida rubro-negra gritar “olé”. Inacreditável se ponderarmos que Felipão goleou Sampaoli por 4 x 0 no primeiro turno.

Apontado como eventual sucessor de Tite, Renato Gaúcho testemunhou o baita time do Grêmio ser dominado pelo Flamengo dentro da Arena no confronto de ida das semifinais da Libertadores. O tricolor gaúcho não enxergou a cor da bola no primeiro tempo e equilibrou o jogo na etapa final. No próximo dia 23, Renato terá direito de resposta dentro de um Maracanã lotado, pulsando, embalado pelas recentes exibições de gala. Renato perdeu para Sampaoli em casa no turno do Brasileirão, porém, deu o troco no segundo ao vencer por 3 x 0, na Vila.

O fato é que os ex-treinadores da Seleção sofreram horrores nas mãos de Jorge Jesus e de Jorge Sampaoli. O maior postulante ao cargo no momento também. Ao menos por enquanto, a falta de recursos dos treinadores brasileiros para deter os “Jorges” é o grande tema do futebol brasileiro na temporada que caminha para um desfecho inédito. Jamais um treinador gringo conquistou o Brasileirão (a partir de 1971). A essa altura do campeonato, um português lidera; e um argentino não sai do retrovisor dele.

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Marcos Paulo Lima

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