De Jadson e Renato Augusto a Paquetá e Coutinho: as inspirações de Tite na busca por um par de meias

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Poucos times no país se dão ao luxo de usar dois meias. Soa arcaico. Do tempo em que havia um volante, um meia direita e um meia esquerda; ou um quadrado com dois volantes e dois meias, o destro e o canhoto. Ex-meia, Tite é desse tempo. Da era dos camisas 5, 8 e 10 formando o setor criativo. Tozin, Tite e Marco Antônio Boiadeiro faziam parte do cérebro do Guarani derrotado nos pênaltis pelo São Paulo na final do Brasileirão de 1986. Os responsáveis por acionar os pontas dribladores Catatau e João Paulo e o centroavante Evair.

Aquele Guarani do ótimo técnico catarinense Carlos Gainete, de 81 anos, é uma forma de o Tite enxergar futebol. Prova disso é a escalação escolhida por ele para enfrentar o Paraguai nesta terça-feira, no Mineirão, pelas Eliminatórias para a Copa do Catar. Guardadas as devidas proporções, Fabinho é o 5, Lucas Paquetá, o 8, e Philippe Coutinho assume o papel de 10. Raphinha na ponta-direita, Vinicius Junior aberto na esquerda e Matheus Cunha no papel de autêntico 9.

Citei o Guarani de 1986, mas posso incluir o Corinthians de 2015 à ilustração. São modelos diferentes, mas há uma intersecção entre eles: os dois meias. O Timão campeão brasileiro há sete anos tinha dois pensadores extremamente criativos — Jadson e Renato Augusto. Ambos captaram o que Tite desejava. Amparados por Ralf e Elias, os dois ritmistas se procuravam na armação das jogadas. Mais do que isso: eles se completavam. Prova disso é que, à época, foram eleitos para todas as seleções daquela edição da Série A. Mais do que funcionar, o modelo deu espetáculo na conquista do hexa alvinegro no Brasileirão.

Ao testar Lucas Paquetá e Philippe Coutinho juntos, Tite está procurando por um par de meias como Jadson e Renato Augusto. Busca leitura de jogo, encaixe, complemento, criatividade, qualidade capaz de fazer funcionar o trio ou dupla de ataque eleito por ele para a Copa.

Raphinha, Matheus Cunha e Vinicius Junior serão titulares pelo terceiro jogo oficial consecutivo. Começaram, também, contra Argentina e Equador. É mais uma chance de observar o que pensa Tite do meio para a frente. A defesa está pronta. É Alisson, Ederson ou Weverton e mais Danilo, Marquinhos, Thiago Silva e Alex Sandro. À frente deles, Casemiro. Daí em diante, as vagas estão abertas. O fora de série Neymar é o único com cadeira cativa. Portanto, temos quatro vagas abertas na formação titular.

O duelo com o Paraguai é uma espécie de concurso por essas posições. Lucas Paquetá, Coutinho, Raphinha, Matheus Cunha e Vinicius Junior não são unanimidade. Em caso de emergência, não tenho dúvida de que Tite apostará em bolas de segurança como Gabriel Jesus, Roberto Firmino e Richarlison, por exemplo. Essa, aos menos, é a minha percepção.

Tite está certíssimo. Faltam 10 meses para a Copa. Ainda há tempo para testes. O Flamengo tem Everton Ribeiro e Arrascaeta. O Palmeiras pode desfrutar de Raphael Veiga e Gustavo Scarpa. O Atlético-MG tem Nacho e Zaracho. O Corinthians ostenta Willian, Giuliano e Renato Augusto. Tite também almeja um par de meias. Testou Everton Ribeiro, Gerson e Lucas Paquetá juntos. A vez, agora, é de Paquetá e Philippe Coutinho. Boa sorte no experimento, Tite!

O blogueiro segue em férias. Passando de vez em quando por aqui para comentários e análises.

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Marcos Paulo Lima

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