Leiva Cristián Leiva: experiência acumulada com Sampaoli, Pizzi e Rueda. Foto: ANFP Cristián Leiva: experiência acumulada com Sampaoli, Pizzi e Rueda.

De espião do Jorge Sampaoli a técnico do Chile no Mundial Sub-17: conheça o rival do Brasil nas oitavas

Publicado em Esporte

Sabe aquele chute do centroavante Pinilla na trave do Brasil no último lance nas oitavas de final da Copa do Mundo de 2014? Lembra daquela atuação de gala em que o Chile quase eliminou time de Luiz Felipe Scolari na prorrogação e perdeu a vaga às quartas na decisão nos pênaltis? Era 28 de junho de 2014. Aquele sufoco no Mineirão, em Belo Horizonte, teve o dedo de Cristián Leiva, técnico da seleção sub-17 do Chile — adversária do Brasil nesta quarta-feira, às 20h, no Bezerrão, pelas oitavas de final do Mundial da categoria.

Cristián Leiva é discípulo do treinador do Santos, Jorge Sampaoli. Foi observador técnico (espião), analista de vídeo e treinador de sparrings (o time de jovens que acompanha a seleção principal para os treinos) na comissão técnico do chefe argentino. O agente secreto perambulou pelo Brasil em 2014 estudando os adversários do Chile e montando dossiês para o patrão. Investigou Austrália, Espanha e Holanda na fase de grupos; e o Brasil de Luiz Felipe Scolari antes das oitavas de final. O maior feito de Cristián Leiva naquela Copa foi ajudar Sampaoli a desbancar a então campeã mundial Espanha no Maracanã, por 2 x 0, com uma exibição impecável.

Aos 43 anos, o ex-zagueiro chileno tem no currículo o título inédito da Copa América 2015 ao lado de Jorge Sampaoli. Na sequência, colaborou com Juan Antonio Pizzi na conquista da Copa América Centenário 2016 e ajudava Reinaldo Rueda até receber a missão de comandar a seleção sub 17 do Chile no lugar do argentino Hernán Caputto após o vice-campeonato no Sul-Americano.

A dedicação a Sampaoli foi retribuída na chegada do Chile ao Brasil para o Mundial Sub-17. Os colaboradores do argentino no Santos — entre eles os auxiliares Pablo Fernández e Carlos Desio e os preparadores físicos Marcos Fernández e Jorge Desio —, ajudaram Cristián Leiva a montar a logística para o torneio. Alertaram, principalmente, sobre o calor e a seca que os meninos do sub-17 enfrentariam em Goiânia e no Distrito Federal.

Cheio de história para contar, Cristián Leiva costuma divulgar que está escrevendo um livro, já tem muitas fotos e publicará a obra em breve. O conteúdo principal é a análise dos adversários de Sampaoli, Pizzi e Rueda antes de seguir carreira solo. O agente secreto chegou a ser flagrado pela comissão técnica do Peru antes do Clássico do Pacífico de 2015 pelas Eliminatórias para a Copa da Rússia.

 

A revolta peruana com a espionagem de Cristián Leiva em 2015

 

“A experiência de ter trabalhado com treinadores de elite foi maravilhosa. Sou muito grato aos três, um grupo seleto. Esse privilégio é para poucos. Para mim, foi um prêmio”, disse Cristián Leiva ao diário La Tercera antes do embarque do Chile para a disputa do Mundial Sub-17.

O xodó de Jorge Sampaoli analisava de 10 a 12 partidas de cada adversário antes de entregar o relatório detalhado ao técnico do Chile. Respeitado no Chile, Cristián Leiva é um dos responsáveis por formar analistas de desempenho no país dele e tem orgulho de dizer que ama transmitir o conhecimento acumulado em sete anos como funcionário da Associação Chilena de Futebol.

Um detalhe faz a diferença no trabalho de Cristián Leiva no Mundial Sub-17. Ele comandou a garotada que enfrentará o Brasil na categoria sub-15. Apesar da campanha irregular na fase de grupos, conhece muito bem o elenco. Falta fazer o time jogar. Perdeu para França (0 x 2), derrotou o Haiti (4 x 2), não passou pela Coreia do Sul (2 x 3) e só está classificado para as oitavas por ter sido o terceiro melhor terceiro colocado.

A experiência em diversas funções na Associação Chilena de Futebol permite que Cristián Leiva enxergue as categorias de base com um olhar diferenciado. Para ele, mais do que cobrar resultados, títulos, desempenho, o papel do treinador de uma seleção sub-17 é instruir. “As pessoas nessa idade podem errar. É por isso que sempre digo que estamos educando”.

 

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