Cristiano Ronaldo e José Mourinho são programados para vencer. Não aceitam perder. Apelam quando isso acontece. Agem como aqueles meminos que viram para o coleguinha e menosprezam dizendo: “Eu tenho, você não tem”. Foi assim na saída do técnico do Manchester United. Foi assim depois da derrota da Juventus, atual time de CR7, para o Atlético de Madrid na partida de ida válida pelas oitavas de final da Champions League. Impressionante como se parecem.
O jogador foi mal-educado, antipático ao rebater a provocação do clube espanhol. Exibiu uma mão cheia para lembrar a quem tripudiava dele que tem cinco títulos da Liga dos Campeões — dois deles conquistados em finais contra o Atlético de Madri. Provavelmente estava se referindo também aos cinco prêmios de melhor do mundo, recorde que ele divide com Lionel Messi. Repare que ele poderia ter dito que a Juventus tem dois títulos e o Atlético nenhum. Porém, o ego não permite. Cristiano Ronaldo se acha maior que a Juventus. Totalmente desnecessário.
Saber perder também faz parte do jogo. Não é a primeira vez que Cristiano Ronaldo desrespeita o adversário. Basta lembrar o comportamento do português nas festas de gala. Finalista do último Fifa The Best, não deu as caras em Londres por um motivo simples: alguém vazou para ele o resultado da votação, ou seja, que Modric o derrotara. Deixou a cadeira vazia.
“Eu tenho cinco Champions, o Atlético, zero”
Cristiano Ronaldo
Aos 34 anos, Cristiano Ronaldo está diante de uma situação rara na carreira. Maior artilheiro da história da competição e pentacampeão do torneio, não é eliminado nas oitavas de final desde a temporada de 2009/2010 — a primeira dele com a camisa do Real Madrid. O time merengue foi desbancado por 2 x 1 pelo Lyon no placar agregado.
Jamais duvidemos da Juventus, do peso da camisa da Velha Senhora. No entanto, a situação é delicada. Em Turim, o clube italiano precisa fazer o que jamais conseguiu em participações nas competições europeias: virar um 0 x 2. O projeto pessoal de Cristiano Ronaldo está em perigo e ele tenta desviar o foco do problema dizendo: “Eu tenho cinco Champions, o Atlético, zero”.
Perceba que a tática é a mesma usada por José Mourinho durante a crise pessoal do técnico no Manchester United. Em agosto do ano passado, o lusitano se perdeu depois da derrota por 3 x 0 para o Tottenham, no Old Trafford, pelo Campeonato Inglês.
“Ganhei mais Premierleague sozinho do que os outros 19 treinadores juntos. Três para mim e duas para eles. Respeito. Respeito”
José Mourinho
Qualquer semelhança é mera coincidência. Assim como Cristiano Ronaldo, Mourinho recorreu ao currículo para minimizar o fracasso. “Sabem qual foi o resultado? 3 x 0. 3 x 0. Sabem o que significa (o número 3)? Três Premierleague. Ganhei mais Premierleague sozinho do que os outros 19 treinadores juntos. Três para mim e duas para eles. Respeito. Respeito”, exigiu, ao mesmo tempo em que abandonava a sala de imprensa. Na época, Pep Guardiola (Manchester City) e Manuel Pellegini (West Ham) eram os outros dois técnicos campeões ingleses.
Unidos pela marra, José Mourinho e Cristiano Ronaldo são personagens que farão falta às quartas de final da Liga dos Campeões. Demitido pelo Manchester United na fase de grupos, o técnico está desempregado. O jogador, a caminho da primeira eliminação nas oitavas de final em nove anos. Nem sempre acontece, mas, de vez em quando, a vaidade é castigada.
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