A Seleção Brasileira iniciou o ciclo para a Copa do Mundo de 2026 com Ramon Menezes, passou por Fernando Diniz, entregou a prancheta a Dorival Júnior e pode terminar com Carlo Ancelotti, Abel Ferreira ou Jorge Jesus. Qual é a diferença entre o que faz a CBF e o que ensaia o Vasco ao demitir Fabio Carille e encaminhar o acerto com Fernando Diniz? Nenhuma! Ambos são a síntese de um futebol brasileiro sem projeto esportivo. Sem norte!
Quando Pep Guardiola deixou o Barcelona, o clube catalão se manteve agarrado ao estilo enquanto foi possível. Escolheu o ex-auxiliar Tito Vilanova como sucessor. Na sequência, apostou em Gerardo “Tata” Martino e em Luis Enrique. Havia um alinhamento. A prova é a conquista da Champions League com Guardiola em 2009 e em 2011 e Luis Enrique em 2015. Ambos forjados como técnicos da base do time catalão.
Poucos, para não dizer nenhum clube brasileiro, sabem o que querem. Nem o celebrado Palmeiras, que mantém Abel Ferreira no cargo há mais de quatro anos. A chegada do português ao Palestra Itália é aleatória. A diretoria da época demitiu Vanderlei Luxemburgo, tinha obsessão pelo espanhol Miguel Ángel Ramírez e terminou com Abel Ferreira. Três estilos totalmente incapazes de dialogar entre si. Há inúmeras provas da insanidade brasileira. O Flamengo foi de Abel Braga a Jorge Jesus. De Jorge Sampaoli a Tite. Estamos falando dos dois clubes mais ricos do país! Ambos reféns do método padrão de tentativa e erro.
A escolha por Fernando Diniz, para mim um dos melhores do país, é excelente, porém demanda paciência de Jó. Audax e Fluminense tiveram. Os demais, incluindo a CBF, não. Em vez de insistir na ideia, o presidente Ednaldo Rodrigues o demitiu depois de seis jogos. Nem o próprio Vasco respeitou o processo, uma das palavrinhas da moda na linguagem politicamente correta dos executivos da bola.
A administração do Vasco era outra em 2021, mas o técnico passou apenas 12 partidas no cargo entre 14 de setembro de 2021 e 11 de novembro de 2021 na Série B do Campeonato Brasileiro. Diniz caiu depois de o Vasco perder por 4 x 0 para o Botafogo e de 3 x 0 do Vitória.
É curiosa a destreza do Vasco para contratar Fernando Diniz, personagem de uma das tretas recentes do futebol brasileiro dentro de campo ao se desentender com o meia Tchê Tchê na passagem pelo São Paulo. À época, houve um flagrante episódio de assédio moral no futebol.
“Não posso falar com você”, disse Tchê Tchê à época no bate-boca no gramado do MorumBis.
“Não pode, mesmo”, respondeu Fernando Diniz. “Tem que jogar, c… seu ingrato do c…, seu perninha do c…, seu mascaradinho do c…, vai se f…”, disparou o treinador.
O trabalho de Fernando Diniz terá de começar necessariamente com uma reconciliação. Depois do “Dia do Perdão”, a sequência demandará paciência. O Vasco está disposto a esperar o tempo que for preciso, como fizeram Audax e Fluminense?
A ver…
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