51280484085_78f7a1d082_c Thiago Silva diz que ele, Marquinhos e Militão dominam sistema com 3 zagueiros. Foto: Lucas Figueiredo/CBF Thiago Silva diz que ele, Marquinhos e Militão estão prontos para atuar com três zagueiros. Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Moda na Euro e na Champions, sistema com três zagueiros está fora do repertório da Seleção

Publicado em Esporte

Das oito seleções classificadas para as quartas de final da Eurocopa, cinco são configuradas com linha de três defensores — o 3-5-2 e variáveis como o 3-4-1-2 ou 5-4-1, por exemplo, com três zagueiros também e dois alas ou laterais mais presos à marcação. Dinamarca, Bélgica, Suíça, Inglaterra e Ucrânia optam pelo por esse sistema. Itália, Espanha e República Tcheca preferem a convencional linha de quatro homens na proteção à área.

A Eurocopa confirma a tendência publicada em matéria publicada na edição impressa do Correio Braziliense antes do início das quartas de final da Uefa Champions League, confirmada na decisão do título entre Chelsea e Manchester City, no Estádio do Dragão, na cidade do Porto. Há um mês, o Chelsea, de Thomas Tuchel, conquistou o bicampeonato europeu formatado no esquema tático 3-4-2-1, desenho parecido com o adotado por Luiz Felipe Scolari há 19 anos, no triunfo por 2 x 0 contra a Alemanha na decisão da Copa do Mundo de 2002.

Seleções eliminadas nas oitavas de final e até mesmo na fase de grupos da Eurocopa também usavam linha de três defensores. A França foi eliminada pela Suíça com Varane, Kimpembe e Lenglet formando a trinca de zagueiros. A Alemanha escalou Ginter, Rüdiger e Hummels na proteção ao goleiro Neuer na queda diante da Inglaterra. A Holanda atuava com três beques até a demissão de Frank de Boer após o adeus precoce ao torneio contra a República Tcheca.

O sistema retrô que levou Argentina (1986), Alemanha (1990) e Brasil (2002) à glória na Copa do Mundo está moda. É tendência para o Mundial do Qatar-2022. Adenor Leonardo Bachi, o Tite, domina esse sistema, mas resiste em utilizá-lo na Seleção ou adicioná-lo ao pacote do repertório canarinho para os confrontos do ano que vem contra europeus no Oriente Médio. Peru, Bolívia e Chile adotaram o sistema discretamente em algumas partidas na fase de grupos do torneio sul-americano. A Venezuela apostou em uma variação, o 5-4-1.

 

“Pode ter certeza de que a gente vai estar preparado (se o Tite precisar usar três zagueiros). O Marquinhos já jogou de terceiro zagueiro saindo para volante; o Militão já jogou no Real Madrid, inclusive contra nós, do Chelsea, esse ano; eu jogo nesse sistema; o Danilo tem característica que poderia entrar muito bem como terceiro zagueiro ou até como ala mais avançado; temos o Renan Lodi, o Alex Sandro, jogadores super ofensivos”

Thiago Silva, zagueiro da Seleção, em resposta ao blog na coletiva desta quarta-feira

 

Um das grandes obras autorais de Tite é a aquele Grêmio campeão da Copa do Brasil em 2001 contra o Corinthians, de Vanderlei Luxemburgo, no Morumbi. À época, Tite engoliu o professor taticamente. Ele contava com dois zagueiros jovens e velozes — Marinho e Ânderson Polga — e um experiente: Mauro Galvão. A fórmula funcionou e lançou Tite nacionalmente.

Na entrevista coletiva desta quarta da Seleção, questionei Thiago Silva sobre a necessidade de o Brasil ter essa alternativa tática no repertório (assista ao vídeo no fim deste post). Assim como no elenco daquele Grêmio, Tite tem dois zagueiros rápidos — Marquinhos e Eder Militão — e uma espécie de líbero como Thiago Silva. Ele está na Europa, joga em um Chelsea nesse modelo e está testemunhando o resgate da moda de perto. Tite não usa o esquema, mas Thiago Silva banca que os zagueiros do elenco estão prontos para coloca-lo em prática quando o treinador julgar necessário.

“É importante ser sólido defensivamente, independentemente da numeração, com três ou quatro atrás. A base é o equilíbrio. Mesmo com uma linha de quatro, somos fortes defensivamente. A gente sofre poucos gols. É o que a gente acredita como trabalho”, respondeu Thiago Silva direto da Granja Comary, em Teresópolis, região serrana do Rio.

 

Tite chegou a testar três zagueiros no primeiro ano de trabalho. Rafinha formava linha de quatro com Thiago Silva, Rodrigo Caio e Alex Sandro; e David Luiz ocupou a função de primeiro volante no meio de campo em uma goleada por 4 x 0 contra a Austrália, em 2017

 

Experiente, Thiago Silva emendou que ele e os demais companheiros estão prontos para atuar com linha de três defensores quando Tite desejar. “Pode ter certeza de que a gente vai estar preparado. O Marquinhos já jogou de terceiro zagueiro saindo para volante; o Militão já jogou no Real Madrid, inclusive contra nós, do Chelsea, esse ano; eu jogo nesse sistema; o Danilo tem característica que poderia entrar muito bem como terceiro zagueiro ou até como ala mais avançado; temos o Renan Lodi, o Alex Sandro, jogadores super ofensivos”, detalhou.

Thiago Silva insistiu que, independentemente do sistema tático, o sistema defensivo da Seleção tem sido sólido sob a batuta de Tite. “O que deixa a gente feliz é que podemos fazer qualquer tipo de situação porque temos jogadores muito capacitados. Não teríamos problema nenhum. Mas temos um plano de jogo e acreditamos no que o homem nos passa”.

 

 

Siga no Twitter: @mplimaDF

Siga no Instagram: @marcospaulolimadf