Da Espanha do tiki-taka à Alemanha do 7 x 1: o ocaso de duas seleções que amávamos ver jogar

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A eliminação da Alemanha nas oitavas de final da Eurocopa na derrota por 2 x 0 para a Inglaterra nesta segunda-feira, em Wembley, é simbólica. Mostra como as grandes seleções da última década se tornaram voláteis. Em tempos de globalização, timaços como aquela Espanha bi da Euro em 2008 e 2012, e campeã da Copa em 2010; e a esquadra germânica do Mundial de 2014, no Brasil, são escaneadas, destrinchados e pulverizadas pelos adversários.

Pouco se ouve falar, hoje, no tiki-taka da Espanha de Luis Aragonés e Vicente del Bosque. O futebol intenso, frenético, da Euro-2020 faz com que aquele time de Xavi e Iniesta seja lembrado como algo distante da nossa realidade. A própria Espanha, de Luis Enrique, classificada para enfrentar a Suíça depois de atropelar a Croácia, não tem praticamente nada daquele estilo que marcou época por quatro anos consecutivos.

Curiosamente, a Espanha começou a ser esmiuçada pelo Brasil. O título da Copa das Confederações, em 2013, no Maracanã, expôs pontos fracos de uma Espanha com dificuldade para se reinventar. Isso ficou ainda mais claro na queda dos então campeões mundiais na primeira fase contra o Chile, no Rio. A esquadra de Jorge Sampaoli venceu a Espanha por 2 x 0 na última rodada e sepultou uma era encantadora do time de Del Bosque.

A troca de guarda levou ao poder naquela Copa a Alemanha. Inspirado na Espanha, o técnico Joachim Löw conciliou posse de bola e a velha letalidade germânica. O Brasil foi a maior vítima nas semifinais da Copa do Mundo: impôs 7 x 1 no Mineirão e consolidou a nova hegemonia na decisão do título contra a Argentina no Maracanã, onde a hegemonia da Espanha havia sido enterrada na primeira fase.

Alvo da vez, a Alemanha de Schweinsteiger, Lahm, Kroos, Khedira, Neuer, Thomas Müller e companhia passou a ser o novo estudo de caso nas diferentes escolas do futebol mundial. A Itália levou o duelo pelas quartas de final aos pênaltis. Em casa, a França se impôs nas semifinais e tirou a locomotiva dos tetracampeões mundiais definitivamente dos trilhos.

Na segunda prova de declínio, a Alemanha conquistou a Copa das Confederações de 2017 por 1 x 0 contra o revolucionário Chile de Jorge Sampaoli. Um ano depois, tombou na fase de grupos da Copa da Rússia com derrota para o México na estreia, vitória sobre a Suécia na segunda rodada e despedida surpreendente diante da Coreia do Sul.

Nesta Eurocopa, a Alemanha escapou por pouco da eliminação na fase de grupos. Perdia, em Munique, para a Hungria. Avançou em segundo lugar e trombou contra uma Inglaterra madura para enfrentá-la. Gareth Southgate mostou a força do trabalho com uma seleção jovem contra um adversário que ainda busca o ponto de equilíbrio entre uma geração próxima do fim, cujos símbolos são Neuer, Kroos e Thomas Müller, e uma nova safra que, aos poucos, ganhará corpo para a Copa do Qatar sob a batuta de Hansi Flick.

Espanha e Alemanha, símbolos de uma era recente, reforçam aquele papo óbvio e antigo de que conquistar título é fácil, difícil é manter-se no topo. Ao que parece, a Espanha soube lamber suas feridas, renovou jogadores, filosofias de jogo e está pronta para encarar o novo normal do mundo da bola. A Alemanha tem um caminho longo a percorrer, mas conhece os atalhos e desembarcará muito forte no Oriente Médio para igualar o penta do Brasil. Dedo no nariz e melecas à parte, obrigado Joachim Löw. Foi muito bom enquanto durou.

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Marcos Paulo Lima

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