Rayssa Alves A atacante Rayssa Leal e o irmão Arthur na escola do Grêmio em Imperatriz. Foto: Raydvaldo Alcântara A atacante Rayssa Leal e o irmão na escola do Grêmio em Imperatriz. Foto: Reydvaldo Alcântara

Da escolinha de futebol do Grêmio à prata no skate em Tóquio: a versão boleira da fadinha Rayssa Leal

Publicado em Esporte

Enquanto Rayssa Leal conquistava medalha de prata no Complexo Ariake, em Tóquio, no Japão, o dono do núcleo de uma escolinha de futebol do Grêmio, em Imperatriz, terra natal da maranhense de 13 anos, sentia um orgulho danado da menina que tem outra paixão no esporte: o futebol. Fadinha escolheu o skate, mas é atacante nas horas vagas. Tem talento com a prancha, mas, também, com a bola nos pés na posição de atacante. É o que conta em entrevista ao blog Raydvaldo Alcântara, responsável pelo Núcleo Captação Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense no Maranhão, Pará e Tocantins.

“Quando vai a Imperatriz, ela sempre está com a gente nos treinos da conveniada. Ela e o irmão dela (Arthur). Uma humildade de pessoa. Gratificante para nós e para todo Brasil (a conquista da medalha de prata). Inacreditável. História sendo escrita”, festejou Raydvaldo, emocionado. “Ela sempre treina por lazer e por gostar de estar conosco. Ela se diverte bastante jogando como atacante”, conta o caça talentos.

Rayssa Leal tem uma foto com a camisa do Grêmio enviada por Raydvaldo ao blog, mas ele esclarece que ela torce por um time paulista. “Não, ela não é gremista. É corintiana. Somos bem democráticos na instituição”, explica O diretor do núcleo. “Os pais (Lilian e Haroldo) procuraram pela nossa referência na região. A partir daí, sempre que está disponível, ela frequenta a conveniada do Grêmio em Imperatriz, na qual sou responsável pela gestão”.

A medalhista olímpica mais jovem do Brasil depois de quebrar o recorde de Rosângela Santos, bronze em Pequim-2008 aos 17 anos no 4x100m do atletismo, treinou futebol por três anos na escolinha do Grêmio. Tempo suficiente para Raydvaldo conhecer a linda história da família.

“São pessoas humildes, que sempre batalharam e não mediram esforços para trabalharem em busca do sonho da Rayssa, sempre buscando apoio na cidade e região. Sempre batiam nas dificuldades para captação de recursos para competições e suporte. As situações de passagens e logística para competir sempre eram uma luta constante”, testemunha Raydvaldo Alcântara.

 

Aos 13 anos, Rayssa Leal exibe a medalha de prata conquistada nos Jogos de Tóquio. Foto: Jeff Pachoud/ AFP

 

No entanto, os pais de Rayssa jamais desistiram. “Mesmo com essas dificuldades, eles corriam atrás dos objetivos e conseguiam ir. Com muito esforço e dedicação, foram aparecendo anjos na vida deles. Repercussão nacional pelo Esporte Espetacular, viralização do vídeo que foi publicado nas redes sociais. Mas tudo ligado ao talento, dedicação e compromisso dela e da família. É o conjunto de tudo”, lembra o responsável pela conveniada do Grêmio.

Emocionado, Reydvaldo teve dificuldade para recordar um momento especial de Rayssa com a bola nos pés na escolinha. “É muita emoção, principalmente para a gente que conhece toda a história dela e da família. Te falar uma história, seria difícil. Ela sempre está com a gente por lazer e por gostar da prática do futebol. Ela sempre faz seus gols e se diverte bastante com os amigos. Ultimamente, por conta das agendas e da preparação (para a Olimpíada) esteve ausente. Mas por um boa causa. Para fazer história. Estamos muitos felizes por ela e a família”.

Reydvaldo não estava em Imperatriz na entrevista ao blog. Desembarcará na cidade nesta segunda-feira, mas imaginou a festa na cidade. “Neste momento, estou a 500Km de Imperatriz, mas no Estado do Maranhão, fazendo captação de atletas para o Grêmio. Mas a cidade deve estar uma loucura, uma felicidade só. Parou para acompanhar. Vai ser uma festa só a chegada dela”, vislumbra um dos fãs da Fadinha.

Em Tóquio, Rayssa Leal falou sobre a relação com o futebol e a foto com a camisa do Grêmio na entrevista aos repórteres que estão no Japão, entre eles o enviado especial dos Grupo Diários Associados, João Vítor Marques. “Ai, misericórdia, não (risos)! Eu fico muito feliz, mas ó: eu sou corintiana, melhor time do Brasil. Podem falar, é o melhor mesmo. Brincadeira (risos). Mas eu fico muito feliz pelo pessoal torcer por mim. Eu gosto muito de futebol. Bem antes de querer ser veterinária e skatista, eu queria ser jogadora de futebol. Mas não deu certo. Que bom! Ser skatista agora é muito feliz para mim”.

 

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