Estamos curiosos para saber no que vai dar Domènec Torrent no Flamengo, elogiamos o desempenho de Eduardo Coudet no Internacional e nos rendemos às ideias fora da caixinha de Jorge Sampaoli no Atlético-MG, mas precisamos conversar sobre um técnico brasileiro: Alexi Stival, o popular Cuca. Como tem sido bacana assistir aos jogos do Santos neste início da Série A. Cuca não teme nenhum adversário. Ganha, empata, perde, mas não desiste de propor futebol ofensivo. Se você selecionar as melhores partidas do campeonato até agora, o Santos estará envolvido em dois ou três. O empate por 2 x 2 no clássico desta noite é um deles. Podemos citar, ainda, os duelos coantes Flamengo, Atlético-MG e Vasco. Jogos francos. Atribuo parte do sucesso de Cuca a uma atitude rara entre alguns treinadores do nosso país: o reconhecimento ao trabalho dos colegas estrangeiros de profissão.
Em vez de gastar saliva menosprezando, minimizando ou relativizando os feitos recentes dos gringos, Cuca deu relevância ao sucesso de Jorge Jesus à frente do atual campeão Flamengo. Rendeu-se ao trabalho do atual vice Jorge Sampaoli no Santos, em 2019. Parece ter estudado e assimilado um pouquinho as ideias deles nos 11 meses em que ficou desempregado. Para mim, é o brasileiro que faz o melhor trabalho neste início de Série A, seguido de pertinho por Ramon Menezes. Meu critério não leva em conta apenas os pontos conquistados, a classificação. Bom futebol faz parte do meu combo e sou bem exigente nesse quesito.
Enquanto alguns colegas esforçavam-se para diminuir os estrangeiros, Cuca reconhecia: “Acho o Sampaoli mais tático. Quando vai jogar contra o time dele no domingo, não adianta assistir ao jogo dele da quarta-feira. Não dá para amarrar o time dele, que não vai conseguir. O Jorge Jesus é diferente: ele tem uma filosofia de jogo e conseguiu fazer os jogadores do Flamengo terem harmonia com isso. Ele conseguiu fazer com que os jogadores tenham ambição de buscar a bola o tempo todo no ataque. O futebol cresce com a chegada deles, mas eles também foram ajudado pela montagem de elencos que tiveram, principalmente o Flamengo”, declarou, em maio deste ano, em entrevista ao programa Expediente Futebol do Fox Sports.
O Santos parecia um time sem jeito sob o comando do português Jesualdo Ferreira. Não evoluía. Mudou da água para o vinho com Cuca. O Peixe enfrentou todos os concorrentes da parte de cima da tabela até a décima rodada. Ganhou, perdeu, empatou, mas não abriu mão de jogar futebol no empate por 2 x 2 com o São Paulo na noite deste sábado, na Vila Belmiro, nem nos duelos com Atlético-MG, Vasco, Flamengo, Palmeiras e Internacional.
“Acho o Sampaoli mais tático. Quando vai jogar contra o time dele no domingo, não adianta assistir ao jogo dele da quarta-feira. Não dá para amarrar o time dele, que não vai conseguir. O Jorge Jesus é diferente: ele tem uma filosofia de jogo e conseguiu fazer os jogadores do Flamengo terem harmonia com isso. Ele conseguiu fazer com que os jogadores tenham ambição de buscar a bola o tempo todo no ataque. O futebol cresce com a chegada deles”
Cuca, em entrevista ao Expediente Futebol do Fox Sports, em maio
Cuca conseguiu ter mais posse de bola do que Fernando Diniz no clássico deste sábado: 54% x 46%. Isso não é fácil levando-se em conta o perfil do adversário. O Santos tem alternado o time nos sistemas 4-3-3, 4-2-3-1, 3-5-2 e 4-4-2 — configurações utilizadas neste sábado contra o São Paulo. Nem sempre dá certo e Cuca está sensível aos próprios equívocos. Erros de avaliação cobram correções de rumo imediatas. O Santos estava terrível no primeiro tempo. Melhorou muito na etapa final e empatou o jogo contra o tricolor.
O alvinegro tem bons jogadores, como o zagueiro Lucas Veríssimo, os meias Carlos Sánchez e Diego Pituca e o abusado Soteldo, mas nenhum deles encontra-se, hoje, no nível técnico de Marinho. O artilheiro do time e vice-goleador do campeonato marcou o sétimo gol dele nesta Série A. Saiu do banco para empatar o clássico contra o São Paulo. Foi poupado para o duelo desta terça-feira contra o Olimpia do Paraguai, na Vila Belmiro, pela Llibertadores.
Tuitei após o fim da partida que Marinho fez 8 gols no Brasileirão 2019 sob a batuta de Jorge Sampaoli. Já tem 7 na edição de 2020. Caminha para quebrar o recorde pessoal de 12 registrado na Série A 2016 com a camisa do Vitória. A temporada mais artilheira do alagoano de Penedo aconteceu há quatro anos pelo rubro-negro baiano: 21 gols no ano. Com a bola na rede contra o São Paulo em cobrança de falta com falha de Tiago Volpi, alcançou a marca de 10 gols em 14 jogos na temporada. Cuca e Marinho estão em ótima fase. O técnico quer o Santos jogando sem medo, e o atacante abusado incorporou esse espírito.
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