Copa do Brasil vira “Sul-Minas” pela segunda vez em quatro anos e reforça o perfil copeiro da região

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A Copa do Brasil virou Sul-Minas pela segunda vez em quatro anos. Sim, Sul-Minas, aquele torneio regional disputado de 2000 a 2002 entre clubes de Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. Até o Centro-Oeste chegou a ser intruso Internacional e Athletico-PR subverteram a ordem econômica estabelecida por Palmeiras e Flamengo, os primos ricos da Série A, e estão nas semifinais do mata-mata nacional com o atual bicampeão Cruzeiro e o Grêmio — ambos eliminaram, respectivamente, Atlético-MG e Bahia.

O campeão da Copa do Brasil será mineiro, gaúcho ou paranaense.  O desfecho desta edição lembra o de 2016. Há três anos, a semifinal reuniu Atlético-MG e Internacional de um lado; Grêmio e Cruzeiro do outro. O tricolor gaúcho conquistou o título contra o Galo.

Não é coincidência. Recentemente, os times copeiros são do sul do país: Grêmio (2016) e Cruzeiro (2017 e 2018) arremataram as últimas três edições da Copa do Brasil. O Grêmio é o último clube brasileiro campeão da Copa Libertadores da América. Faturou o título em 2017. Athletico-PR (2018) e Chapecoense (2016) conquistaram a Copa Sul-Americana.

Partida gigante do Athletico-PR a partir da metade do segundo tempo. O atual campeão da Sul-Americana foi frio e calculista depois de sofrer o gol do Flamengo. Calou o Maracanã ao empatar com Roni, calou o Maracanã e avança merecidamente às semifinais. Diego reviveu o fantasma da final da Copa do Brasil 2017. Foi displicente, sim, na cobrança do pênalti. É o camisa 10, o capitão do time. Em tese, deveria ser o primeiro a dar exemplo de seriedade. Mérito do goleiro Santos também. Que frieza. Cada vez mais faz a torcida esquecer Wéverton.

Em meio ao oba-oba da goleada por 6 x 1 sobre o Goiás, alertei no post de domingo para a dificuldade que o técnico Jorge Jesus encontraria no duelo tático com Tiago Nunes. São raros, mas ainda temos bons treinadores, alguns caras capazes de repensar o jogo sob pressão. O treinador do Furacão apresentou seu antídoto à marcação avançada proposta pelo português e soube construir o lance do empate. Desempenho brilhante. Vai para o portfólio do jovem profissional de 39 anos.

Odair Hellmann estava na corda bamba no Internacional. As trapalhadas do VAR tentaram prejudica-lo ainda mais na polêmica revisão do segundo gol colorado no Beira-Rio. O Palmeiras não perdia havia 12 jogos — a maior sequência invicta de Luiz Felipe Scolari em três passagens pelo alviverde. O time gaúcho quebrou a série ao vencer por 1 x 0 e triunfar por 5 x 4 nos pênaltis.  Que evolução do goleiro Marcelo Lomba. A saída do goleiro revelado pelo Flamengo fez um bem danado ao dono das traves coloradas. Ele volta e meio é o herói da partida.

Do jeito Mano Menezes de ser, o Cruzeiro está nas semifinais pela quarta edição consecutiva da Copa do Brasil. Perdeu no limite para o arquirrival Atlético-MG, no Mineirão, e marcha rumo ao tricampeonato. Mais do que administrar o elenco, Mano consegue gerenciar a crise econômica do clube. Ao apostar ano após ano na Copa do Brasil, o torneio mais rentável da temporada, fortalece a combalida vida financeira do time celeste.

A sequência do Cruzeiro é impressionante. Não mais que a do Grêmio. O tricolor gaúcho chegou cinco vezes às semifinais da Copa do Brasil de 1993 a 1997. Renato Gaúcho deu mais uma prova de que tem o elenco nas mãos. Soube ser letal na Arena Fonte Nova. Acusado de herdar o trabalho de Roger Machado em 2016, mostrou na prática em dois duelos com a sombra do início de trabalho que soube aperfeiçoar e até reinventar aquele Grêmio de três anos atrás. Alisson mais uma vez foi decisivo para a classificação.

O cenário daqui em diante é variado. Com Grêmio x Ahletico-PR de um lado; Cruzeiro x Internacional do outro, há chance de um Gre-Nal do “século dos séculos” na final, imitando as decisões entre Flamengo x Vasco (2006) e Cruzeiro x Atlético-MG (2014). Os arquirrivais gaúchos também podem se encontrar na semifinal da Libertadores. Podemos testemunhar o tricampeonato do Cruzeiro. Ou, quem sabe, a conquista inédita do Athlético-PR, vice do torneio em 2013 ao perder o título justamente para Flamengo.

Enquanto as últimas quatro edições do Campeonato Brasileiro são dominadas pelos paulistas Corinthians (2015 e 2017) e Palmeiras (2016 e 2018), a Copa do Brasil continua fora do eixo. É terra fértil para os sonhos dos clubes do Sul. Bom que seja assim em nome daquela palavrinha da moda: diversidade.

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Marcos Paulo Lima

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